- Eu era uma amiga de infância da sua mãe. Nossa casa era uma de frente para a outra, então brincávamos muito juntas. E assim que tivemos idade para poder andar sozinhas começamos a frequentar a lanchonete da Margo.
- Como a minha mãe era ?
- Antes de tudo mudar? Ela era uma garota educada, sorridente, adorava brincar. Era uma pessoa incrível.
Fico tentando imaginar essa criança que tanto Elizabeth, quanto Margo descreve. Mas com a experiência que tive, minha cabeça não deixa.
- Quando tivemos idade para gostar de meninos foi quando começamos a reparar no seu pai - ela olha para mim com um leve rubor nas bochechas - O seu pai era o garoto mais desejado da cidade. Mas não só por causa do seu dinheiro. É claro que muitas garotas mais simples assim como sua mãe e eu sabíamos que nunca iríamos chamar sua atenção. Seu pai era um garoto muito inteligente, educado, simpático, não era esnobe como muitos garotos ricos da nossa idade. Ele e seus amigos se divertiam comendo e fazendo as coisas mais simples.
Eu aperto minhas duas mãos juntas e olho para elas, sentindo a minha boca repuxando levemente para o lado com as memorias de meu pai, mesmo que seja poucas e eu sendo tão nova, eram as melhores.
- Sua mãe e eu sabíamos que gostávamos do mesmo garoto, então fizemos um juramento - vejo os seus olhos brilharem se enchendo de lágrimas - Não importa quem ele escolha, se for outra garota ou uma de nós. Não vamos deixar de ser amigas.
- Margo me disse que quando você começou a namorar o papai, a sua amizade com Sara foi mudando.
- Sim, ela não aceitava que ele gostava de mim e não dela, e foi aí que ela começou a mudar - Elizabeth diz olhando direto para mim o seu semblante mais sério e suas lágrimas já esquecidas - Ela começou a andar com pessoas que eu não gostava, que muitos sabiam que eram errados, mas a sua mãe não ligava. Eu tentei incluí-la nos amigos do seu pai, mas ela não aceitou. Ela começou a passar muito tempo com um amigo dela que vivia chapado.
- Você sabe o nome desse amigo ?
- É claro, não tem como esquecer, ela se casou com ele agora. É o Mark.
- Então eles já se conheciam a muito tempo - digo, não como uma pergunta, mais para mim mesma, Elizabeth apenas balança a cabeça confirmando.
- Foi por causa dele que sua mãe mudou completamente, chegando ao pondo dela tambem usar algumas drogas - eu franzo o cenho mas ela continua sem se interromper - Ela estava chapada no dia que ela me bateu na lanchonete.
- A Margo me contou que ela chegou te disse coisas bem ofensivas e te deu um tapa no rosto.
- Sim, eu fiquei totalmente atordoada. Eu ainda tinha esperança de que sua mãe ia cair em si e voltar a ser aquela garota de antes. Mas apartir daquele momento eu perdi todas a fé que eu tinha que ela poderia voltar. Seu pai queria que eu a denunciasse por agressão, mas eu não queria fazer isso com ela, poxa ela já foi a minha amiga também.
- Sua mãe não passa de uma vadia - Jack diz com raiva. Ele tinha se inclinado para a frente apoiando os dois cotovelos na perna e havia ficado tão quieto escutando tudo que eu até tinha esquecido da sua presença.
- Isso concordo totalmente - digo olhando para ele e quando retorno para Elizabeth ela está com uma sobrancelha levantada - Sara nunca deu a mínima para mim e nem para o meu irmão, passei onze anos da minha vida, depois que meu pai morreu em um colégio interno na França, meu irmão me mandou para lá para que eu ficasse em segurança e longe dela. E agora que voltou, ela não quer sair da nossa casa e pior ainda, acho que ela está interessada nos amigos do próprio filho.
- Por Deus isso é repugnante - Elizabeth diz, contorcendo a boca em uma careta - Achei que depois que conseguiu o que queria ela iria mudar, que ser mãe do homem que ela tanto amava iria trazê-la de volta.
- Meu pai nunca amou a minha mãe, eu nunca havia entendido o relacionamento deles. Como poderiam estar juntos se eles se odiavam tanto.
- Não deveria se odiar tanto assim, já que eles fizeram um filho enquanto eu estava fora tentando me recuperar.
- Eu sinto muito por isso Elizabeth.
- Naquela época não havia internet como hoje, então nós nos falamos bastante por telefone. O pai dele que estava pagando todo o meu tratamento, moradia e alimentação. Então eu realmente achei que seu pai me amava - Elizabeth olha para fora novamente. Acredito que seja um abto que ela adquiriu, sempre esperando o amor da sua vida bater em sua porta - Mas quando eu retorno para casa dois anos depois, e estávamos comemorando na lanchonete, sua mãe aparece completamente histérica e dizendo que estava grávida, eu não sabia o que fazer. Seu pai me disse que não podia ser dele por que ele nunca me trairia com ela, mas assim que seu irmão nasceu fizeram o exame de paternidade e deu positivo. Então o seu avô o fez assumir a responsabilidade.
- Como ele não se lembra de ter fodido com a outra mulher ? Isso tá parecendo conversa de homem que quer fugir de seus compromissos - Jeck diz com raiva. Eu não o culpo por pensar assim, vendo o quanto a sua mãe sofreu, mas ele não conheceu o meu pai e ele nunca fugiria de suas obrigações.
- Bom uma semana depois de saber que ela estava grávida eu fui embora e apartir dai eu não tive mais contato com ninguém. Se você quiser saber sobre o relacionamento deles apartir deste ponto tem que ser com os amigos do seu pai.
Eu termino de beber o resto do suco, tentando processar toda a informação e me levanto para sair.
- Posso te fazer só mais uma pergunta ? Mas se você não se sentir a vontade para responder eu entendo e respeito.
- Pode fazer - ela me olha um pouco receosa.
- Como aconteceu o seu acidente?
Eu realmente não espero que ela responda, é um trauma que ela viverá para a vida toda, então quando ela demora um pouco para responder eu me arrumo para sair. Assim que chego na sua frente para agradecer e dizer tchau ela diz.
- Não foi um acidente. Eu fui empurrada.
Eu perco uma batida do meu coração, minhas mãos ficam frias e minha respiração acelerada.
- Mas eles disseram...
- Eu sei o que eles dizem. Foi a polícia que divulgou está informação errada. Eles achavam que eu havia imaginando essa pessoa por causa da pancada. Mas eu sei o que vi.
- Você viu quem era o homem ?
- Não era um homem - Elizabeth foca os seus olhos diretos em mim, esquecendo seu filho, esquecendo a janela, eu sou o foco de sua atenção - Não havia arrombamento na porta e todos os pertences de valor estavam lá, por isso não tinha como ser um roubo. Meus pais haviam ido no mercado, eu estava no meu quarto lendo e quando escutei um barulho achei que eles poderiam ter chego. Então eu estava indo para a cozinha ajudar minha mãe a guardar tudo. Mas assim que cheguei no começo da escada, eu senti aquele arrepio, aquele frio na espinha que você sente quando sabe que tem alguém atrás de você. E assim que me virei havia uma pessoa com uma blusa de moletom preta e o capuz puxado para cima cobrindo todo o seu rosto. Essa pessoa tinha a minha altura, era magra como eu, e como foi tudo tão rápido, no momento que a pessoa levantou as mãos para me empurrar - mãos que aliás eram bem pequenas apesar das luvas - mexeu um pouco a roupa e tudo o que eu pude ver foi um pouco do seu queixo delicado e fino, mas havia uma pequena pinta no lado direito um pouco depois da curvatura do queixo.
" Foi um mulher, e pela descrição da pessoa sendo tudo tão pequeno e delicado era uma garota jovem. E aquela pinta no rosto "
- Os médicos afirmava a minha teoria para os policiais - Elizabeth continua - As minhas lesões não tinha como ser feito por um simples escorregão na escada. Eu tinha que ser empurrada com força. Mas como não havia provas, nem digitais, os policiais resolveram encerrar o caso como um acidente.
" Desgraçados, simplesmente não foram mais atrás. Tenho certeza que se fosse alguma família mais rica eles gastariam inúmeros recursos para descobrir "
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Apenas Vocês
Romance" Que merda ela está fazendo aqui " Alice uma garota linda e inteligente, que não tem medo de dizer o que quer mas que passou a maior parte de sua vida sozinha no colégio interno. Mas quando retornou para casa descobriu que tudo e todos estavam dif...