54. Alice

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- A princípio Sr. Benjamim eu não estou aqui como uma das herdeiras para falar sobre assuntos do restaurante. Então eu não queria que meu irmão ou um dos outros soubesse sobre o que estamos conversando.

- Não se preocupe querida. Respeito muito os meu clientes e sou muito rigoroso sobre o sigilo dos meus clientes - ele coloca os braços sobre sua mesa e cruza seus dedos e vejo uma expressão seria e profissional em seu rosto - Você está aqui como uma cliente particular, sem nenhum vínculo com seu irmão ou empresarial certo ?

- Isso mesmo - respiro mais aliviada que ele tenha entendido e não se ofendido com minhas palavras. Mas o Sr. Benjamin é um advogado muito antigo e extremamente profissional, além dele, apenas o seu filho eu confiaria para ser meus advogados se eu precisasse.

A secretária entra e deixa uma bandeja com duas xícara de café, um pequeno bule de leite e um pote com açúcar na mesa.

- Algo mais senhor ?

- Não, não Nilce. Muito obrigado.

A senhora se retira da sala e fecha a porta.

- Então Alice, em que posso te ajudar? - ele repetiu a pergunta que já havia me feito.

Eu digo a ele como já descobri tudo o que a minha mãe fez ao meu pai, como ela fez para dormir com meu pai e como ele não demonstra nenhuma surpresa suspeito que ele já soubesse.

- Você já suspeitava não é?

- O seu pai além de um grande amigo, também era meu cliente. Quando ele teve idade para assumir os negócios de seu pai e me pediu para ser o seu advogado, nós conversamos sobre muitas coisas.

- Então por que  vocês não fizeram nada contra ela? Não revelou tudo o que minha mãe fez?

Ele não me responde apenas me olha com uma sobrancelha arqueada e um leve sorriso no rosto.

- Está bem, eu me esqueci. Mesmo ele sendo falecido você não pode me falar nada do seu cliente.

- Isso mesmo. Apenas algumas coisas que tenha a ver com vocês.

Bom se ele não pode me revelar nada que foi lhe passado como cliente então não irei insistir.

- Sr. Benjamin, eu sei que depois que Tomas nasceu foi feito um teste de DNA para saber se era mesmo do meu pai.

- Isso mesmo querida - ele não me perguntou como eu sabia, já que todos os amigos do meu pai sabem. Então era só uma questão de tempo até algum deles revelar.

- O senhor ainda tem os laudos ? Ou a clínica ainda tem as amostras ?  

- Por que ? Gostaria de conferir ? A senhorita acha que o exame é falso ? - ele franze a sobrancelha para mim, não sei se ele acha que não confio nele e se sente ofendido  ou se ele apenas não está entendendo onde quero chegar.

- Não não, de jeito nenhum. Eu confio que o seu pai naquela época sendo o advogado do meu avô e ter cuidado disso foi bem minucioso para ter certeza nos exames - eu aperto minhas mãos juntas, elas estão suadas e as esfrego na minha calça - Eu queria apenas as amostras do meu pai. Isso eu posso solicitar a você não posso ?

- Bom isso sim. Você pode, você não está pedindo para que eu revele nenhum segredo dele - ele se encosta na cadeira e apoia suas mãos no braço do seu acento - Eu posso saber o que você gostaria de fazer com ele.

- Eu quero fazer um teste de DNA - a expressão de Benjamin não revela nada, não vejo se ele está surpreso, incomodado, ou se concorda comigo. Ele apenas respira fundo e se dirige ao seu computador.

- Eu vou fazer uma solicitação a clínica que o seu pai já havia feito - ele digita em seu teclado e depois anota algo em um papel e me passa - Este é o endereço. Você pode ir lá hoje mesmo.

Eu guardo o endereço no meu bolso da calça e o olho. Ele está calmo, sua respiração em nenhum momento teve alteração, seu rosto sem revelar nada.

- Sr. Benjamin você sabe de alguma coisa - não fiz uma pergunta, apenas um comentário.

- Desculpe querida, são informações do seu pai que eu não posso passar.

Eu respiro fundo aceitando e respeitando sua resposta. Eu me levanto e lhe dou um abraço me despedindo e me assusto um pouco quando ele sussurra em meu ouvido.

- Não se preocupe querida. Você foi muito aguardada e amada pelo seu pai.

Isso me deixa mais aliviada e tranquila com o resultado do exame. Ele me acompanha até a porta e assim que a abre nós podemos escutar pelo corredor a vós de Tay e Brandon conversando na recepção.

Eu olho para Benjamin com olhos arregalados e um pouco alarmados. Mas ele me dá apenas um sorriso cúmplice.

- Fique atrás de mim - ele segue na minha frente e não é difícil de me esconder. Sou baixinha, mas o Sr. Benjamin assim como seu filho é Grando e tem ombros bem largos.

- Você está esperando por mim mas no escritório do meu pai ? - Tay pergunta a Brandon.

- Alice já tinha me falado que você não estaria aqui, mas eu achei que poderia te esperar e como seu escritório estaria vazio eu poderia ficar aqui - Brandon está de pé perto da mesa da secretaria e mantém Tay de costas para o corredor onde estamos indo em sua direção.

- Ora Tay o seu amigo pode me fazer companhia até que você chegasse - tio Benjamin fica ao lado do filho coloca seu braço ao redor do ombro de Tay e o mantém de costas para mim.

Eu dou uma leve abaixada para ficar ainda menor.

- Brandon se importa de voltar outro dia. Eu preciso conversar sobre algumas coisas com meu filho - ele diz e balança a mão atrás de suas costas levemente me incentivando a seguir.

- É claro senhor. Depois nos falamos Taylor.

Ao mesmo tempo que o Sr. Benjamin vai se virando com o braço ao redor de Tay eu vou seguindo em direção a porta e Brandon vem ficar atrás de mim para me ocultar ainda mais.

Assim que cruzo o batente da porta eu corro os pequenos passos até o elevador e o aciono. Enquanto espero ele chegar Brandon fica ainda na porta checando se Tay não vai retornar e assim que o elevador chaga eu o seguro até Brandon entrar.

- Eu ainda não entendo por que você está se escondendo tanto - ele comenta ainda sorrindo por fazer parte das minhas travessuras.

- Por que eles não precisam saber tudo o que eu faço - ele parece aceitar bem o que eu digo e não insiste em mais respostas. Eu tiro o endereço da clínica e passo para ele - Você pode me levar a este lugar?

Ele olha o endereço e o nome da clínica e franze a sobrancelha.

- Alice este lugar é onde faz exames clínicos, você está bem ?

Vejo preocupação aparecer em seus olhos, sua sobrancelha franzida e seus lábios apertados.

- Eu estou sim.

Vejo quando seus olhos desviam rapidamente para minha barriga.

- Eu não estou grávida Brandon, ou com alguma suspeita - digo tentando segurar o meu riso, claro que essa seria a primeira coisa a passar por sua cabeça.

As portas do elevador se abrem na garagem e saímos em direção ao carro.

- É apenas algo que tenho que confirmar - antes que ele entre em seu carro eu coloco minha mão em seu braço e lhe olho suavemente - Eu estou bem, não se preocupe. Não é nenhuma doença e nem gravidez indesejada. Mas obrigada por se preocupar.

- Sempre diabinha - seus olhos suaviza, seu corpo relaxa e nós entramos no carro e seguimos em direção a clínica.

Lembro das palavras sussurrada pelo senhor Benjamin.

" Ele é meu pai. Só será confirmado que estou ficando paranóica e que Tomas tem razão e eu não devo acreditar nas palavras de uma louca "

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