49. Nicolas

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Estou em meu escritório, que fica no último andar de um prédio comercial no centro da cidade. Estou dando uma analisada em alguns contratos de compra e aluguel de algumas casas, apartamentos, mansões, prédios comerciais, barracões e etc.

Trabalhar no ramo imobiliário e é algo que vem crescendo muito. A nossa é conhecida internacionalmente. Temos filiais em vários outros países, e mesmo tendo pessoas responsáveis em cada país, em algumas vendas grandes eu mesmo prefiro verificar.

É enquanto estou verificando uma papelada da venda de uma mansão em Dubai que Alice entra em meu escritório correndo e chorando. Ela corre em minha direção e só tenho tempo de afastar minha cadeira para trás para que Alice sente em meu colo, abrace meu pescoço, enterra seu rosto nele e continua chorando, seu corpo todo estremecendo.

- Me desculpe senhor. Ela não quis esperar. Saiu do elevador e veio correndo em direção a sua porta - diz Rosalinda minha secretária.

- Está tudo bem Rosa, pode sair. E não deixe ninguém entrar. Não quero ser interrompido.

- Sim, senhor - ela sai, sem desviar seus olhos de Alice em meu colo. Rosalinda é uma mulher atraente, mas eu nunca senti atração física por ela. Nunca gostei de foder com minhas funcionárias, por mais que elas queiram.

Aguardo um pouco até ela se acalmar, passando minhas mãos pela suas costas e acariciando seu cabelo. Ver ela chorando assim, aperta meu peito. Alice sempre se mostrou uma garota forte, mas vela frágil e magoada deste jeito, isso me faz ferver de raiva pela pessoa que se atreveu a fazê-la sofrer assim.

Depois de alguns minutos esperando eu sinto seu corpo se acalmar, seus ombros relaxando, seus membros parar de tremer e ela fungando levemente.

- Alice, eu juro por Deus passarinho que se você não me contar o que está acontecendo eu pedirei para Dom descumprir tudo o que aviamos lhe prometido e rastrear o seu carro, celular, câmeras pela cidade, o que for preciso. Para saber com quem você falou que te deixou assim - ela se afasta um pouco o seu corpo e posso finalmente olhar para ela. Alice está com os olhos inchados pelo choro, o nariz levemente vermelho e seus lábios tremem.

Sinto minha raiva florescendo ainda mais, tenho que controlar minhas mãos que está em seu corpo para não aperta-la e machuca-la.

Eu me estico um pouco e pego uma caixa de lenço que fica na gaveta da minha mesa e dou a Alice. Ela seca os olhos, limpa seu nariz. Eu lhe ofereço o copo de água que está em minha mesa e ela toma tudo rapidamente.

- Agora passarinho me diga o que aconteceu para que você entre tão abruptamente assim no meu escritório e nestas condições?

- Desculpe ter invadido seu escritório, eu deveria ter esperado lá fora.

- Foda-se que você invadiu Alice. Você não espera lá fora, e não precisa ser anunciada. Mesmo se eu estiver em uma reunião importante, eu paro ela no meio e vou até você, onde você estiver - digo beijando suas duas bochechas, e segurando o seu rosto com as duas mãos eu seco seus olhos com os polegares - Você nunca espera passarinho. Você está a frente de qualquer um em minhas prioridades - beijo seus lábios intensamente para que ela não tenha dúvidas de minhas palavras

- Obrigada Nicolas - ela se ajeita em meu colo, esfregando sua bunda em meu pau, o que me causa uma reação inadequada para o momento. Alice está sentada de lado no meu colo e suas mãos estão em meus ombros. As minhas eu continuo passando pelas suas costas para mantê-la relaxada e que ela se sinta mais segura para me contar o que está havendo.

Alice respira fundo três vezes e olha direto em meus olhos.

- Eu descobri Nicolas. Descobri o que aconteceu entre meus pais.

Eu a encaro sem entender sobre o que ela está dizendo e espero Alice continuar.

- Sei que vocês estão procurando algo para usar contra Sara para afasta-la de nós. Mas vocês estão procurando algo que eles tenham feito depois que meu pai faleceu. Algo como sonegação, extorsão, desvio de dinheiro, algo ilegal, criminoso. Mas eu pensei - ela para e respira fundo novamente - E se tiver algo antes disso, algo antes de Tomas e eu nascer. Nós não sabíamos nada sobre o relacionamento do nossos pais. Então eu fiz a minha própria investigação.

- E o que você descobriu passarinho ? - eu estou impressionado com Alice. Sabíamos que havia algo, que ela não estava nos dizendo alguma coisa, mas nós não interferimos, sabíamos que ela iria vir até nós, mas eu só não esperava que fosse nessas condições.

Alice me conta tudo, tudo o que descobriu, todos com quem falou. Primeiro com Margo, depois confessou que a sua viagem foi uma desculpa para encontrar Elizabeth a namorada e verdadeiro amor de seu pai. Contou sobre o acidente de Elizabeth e que foi Sara quem a empurrou mas não tem como provar. Contou sobre como o pai ainda continuou a ignorando e como ela fez para ter uma noite com ele.

Essa parte me fez estremecer de nojo pelo que ela fez ao homem que por anos eu considerei um dos meus tios mais querido. E raiva por saber que Tomas vai se sentir mal por ser fruto de algo tão errado e sujo.

Até que o aniversário de Dom foi um dos dois motivos que a levou a falar com a mãe dele. Quando ela chega ao fim dizendo sobre o seu confronto com Sara a pouco tempo atrás, Alice está novamente chorando, mas não como antes, apenas algumas lágrimas escorrem de seus olhos.

Eu a abraço novamente, Alice enterra seu rosto em meu peito e eu esfrego meu nariz em seu cabelo, seu perfume sendo o meu calmante. É só por ela estar aqui em meu colo precisando de mim que me impede de sair por está porta e ir atrás de Sara e Mark.

- Alice precisamos dizer para os outros.

- Sim, eu sei - ela diz sussurrando, sua vós ainda abafada pelo rosto em meu peito.

Pego meu celular em cima da mesa e mando uma mensagem dirigida a todos.

"Venham para o meu escritório imediatamente. Alice já está aqui comigo"

Então apenas os aguardamos. Não preciso avisar Rosalinda pois ela já conhece todos eles.

- Nicolas, eu seria uma covarde de merda se não quiser estar presente na hora que você contar a eles?

- Nunca, jamais passarinho. Você é a garota mais corajosa e inteligente, decidida e forte que conheço. Mas foi você quem descobriu tudo, não quer você mesma contar a eles?

- Não. Não quero olhar nos olhos do meu irmão quando ele descobrir o que minha mãe fez com nosso pai, como ele foi gerado. Isso vai parti-lo. Saber que o pai que ele tanto amou e é seu exemplo de vida foi vítima de algo tão errado e... - Alice para de falar sua voz falhando.

Eu posso entende. Os rapazes e eu nos consideramos irmãos dês de quando nos lembramos, sinto assa mesma tristeza e raiva que Alice sente.

Não demora muito para todos chegarem, suas expressões preocupadas e focadas em Alice assim que cruzam a porta, a vendo sentada em meu colo com o rosto encostado em mim e de olhos fechados.

- O que esta acontecendo ? Alice ? - Tomas pergunta. Posso ver em sua expressão que não a nojo ou raiva de Alice está em meu colo, parece que ele ja está superando e se acostumando com nosso relacionamento. Eu vejo nele apenas preocupação e raiva, por qualquer um que tenha se atrevido a fase-la chorar.

Com a voz de Tomas, Alice se encolhe mais em meus braços, ela não está com medo dele, apenas triste por ele.

- Passarinho você ainda quer sair ? - pergunto para ter certeza se ela não mudou de ideia.

- Sim - sua voz é baixa, e apenas eu escuto. Os olhos de todos estão em nós dois. Posso ver que se não começar a falar eles vão me matar.

- Então é melhor você sair. Espere ali na recepção. Pode pedir o que quiser para Rosalinda que ela lhe providenciará.

Alice se levanta do meu colo, não antes de puxa-la para um último beijo e lhe dizer que ficará tudo bem.

Quando ela se encaminha para a porta de cabeça baixa, passando pelos rapazes sem nem olhar para eles, isso os quebra. Ela sai e fecha a porta.

- Vamos lá Nicolas. O que está acontecendo - é Dom que pergunta primeiro.

Eu respiro profundamente algumas vezes assim como Alice fez e começo a contar tudo o que Alice descobriu.

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