48. Alice

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Sara coloca a mão na parte de trás de sua cabeça e resmunga entre dentes.

- Sabe a parte que não consigo acreditar - digo voltando a posição que estava de braços cruzados, ela me olha com um olhar mortal, sobrancelhas franzidas, mas não tenho medo dela - Todos com quem conversei disse como você costumava se uma boa garota, simpática, educada.

- As pessoas mudam, ou o mundo muda ela sendo para o bem ou o mal.

- Pois é, e no seu caso foi a segunda opção não foi.

- Você não sabe nada sobre mim criança - ela se endireita baixando suas mãos.

- Não, eu não sei. Mas tenho algumas suspeitas você quer ouvir ?

Ela não responde, apenas me encara, então eu prossigo.

- Você não aguentou perder o garoto que era apaixonada para a sua melhor amiga, então começou a se afastar dela e se aproximar cada vez mais de Mark, onde ele te apresentou as drogas e outras coisas.

Sara tenta seguir para as escadas fugindo de mim, mas eu entro na sua frente.

- Então não aguentando ver a felicidade do casal e querendo abrir caminho você tenta matar a sua própria amiga.

Sara paralisa no lugar, olhos semi cerrado me encarando.

- Não sei do que está falando.

- Ora, é claro que sabe. Você foi amiga de Elizabeth por toda a sua infância. Não avia sinais de arrombamento, então a pessoa sabia por onde entrar ou tinha a chave. Sem contar que Elizabeth viu o rosto da pessoa e era uma garota da mesma estatura dela.

- Os policiais disseram que não havia ninguém, encerraram a investigação e foi um assalto.

Eu franzo a sobrancelha já irritada.

- Não me trate como uma idiota Sara. Você não me conhece. Eu sei que foi você. Elizabeth no momento que foi empurrada conseguiu ver uma pinta bem no queixo da garota. Pinta está que você tem no mesmo lugar - aponto para o seu queixo, mas Sara não diz nada, mas começo a ver um sorriso cruel aparecer em seus lábios.

- Você e assim como ela não tem como provar, e já faz muitos anos, mesmo que vão a polícia não adiantaria nada.

A vadia tem razão, não tem como ir a policia, ela pode simplesmente alegar que sua ex amiga a está perseguindo e que está a acusando injustamente por ela ter se casado com seu ex namorado.

- Sua vadia - digo me afastando um passo dela - Mas sabe a parte mais irônica disso tudo, é que mesmo depois de Elizabeth ter se afastado para o tratamento o papai não deu nenhuma atenção para você. Ele fugia de você. Provavelmente por que ele sabia a verdade e acreditava na namorada.

- Mas ele casou comigo não foi? Foi a mim que ele engravidou - ela está sorrindo abertamente agora, algo cruel e dissimulado.

- Mas não dá forma que você queria não é Sara - seu sorriso morre com o meu comentário - Você começou a segui-lo e como ele sempre fugia e te rejeitava, você arrumou outra forma de te-lo - eu chego bem perto dela, nossos narizes quase se tocando - Você de alguma forma conseguiu entrar naquele baile beneficente junto com Mark. E sabendo que Mark mexia com drogas e outras coisas ilícitas, de alguma forma você drogou o meu pai - deixo toda a minha raiva transparecer em minha voz, o nojo que sinto dela - E com a ajuda de Mark vocês o tiraram da festa e o levou para algum lugar. Onde você se aproveitou do meu pai e teve relação com ele.

- Eu não droguei o seu pai, ele estava consciente.

- Claro que estava consciente, não tinha como você ter relação sexual com um cara totalmente apagado - eu a empurro para a parece - O que você deu a ele ? Foi Ecstasy ? Assim ele perdeu toda a sua capacidade de pensar coerentemente - eu aperto minhas mãos em punho me detendo de dar um soco na parede ou nela mesma, meu sangue está quente, fervendo pela minha raiva - Por Deus Sara, você estuprou o meu pai.

- Você está maluca, eu nunca faria isso. Mark e eu tiramos ele da festa sim, mas seu pai estava excitado e se esfregando então eu o beijei e depois tudo ficou intenso.

- E você em nenhum momento estranhou que depois de fugir tanto de você ele tenha do nada te beijado. Além do fato dele estar eufórico e agitado, sem contar a parte da excitação - estou praticamente gritando em sua cara. Os olhos de Sara estão arregalados. Ela é mais velha, mas neste momento ela parece ser bem mais nova do que eu.

- Eu... não foi assim...

- Eu tenho nojo de você Sara. O que você prometeu a Mark pela ajuda dele? Por que com certeza você iria lhe dar algo em troca - me afasto novamente dela e passo minhas mãos pelo cabelo - Por Deus o que eu faço, Tomas iria odiar saber que ele é o fruto de um estupro. Foi por isso que você ficou com tanta raiva não é, no dia que Elizabeth retornou e papai foi correndo até ela. Você estava com raiva por ele ter passado aquela noite com você, por tela engravidado e depois corre para a outra, não é. Só que o problema é que o papai não se lembrava de nada. Aquela noite foi apagada de sua memória e isso te deixou com mais ódio ainda.

Sara não diz nada, não faz nenhum movimento apenas fica lá pensando em tudo o que eu disse.

- Eu tenho nojo de você. Nojo de saber que você é minha mãe.

Começo a ir em direção as escadas, preciso me afastar dela. Preciso pensar no que fazer agora. Eu desço as escadas, e assim que pego na maçaneta da porta eu me viro. Sara está parada encostada na parede ainda, do mesmo jeito que eu havia deixado.

- Sabe - digo olhando para ela lá em cima - Eu teria amado se filha de Elizabeth, ela teria sido a melhor mãe do mundo.

Inesperadamente e me assustando um sorriso começa a crescer nos lábios dela. Um sorriso cruel e assustador.

- Você deveria me agradecer minha doce filha - ela se endireita, se afastando da parede - Pois você tem algo que nunca deveria ter.

Sara volta para o seu quarto e escuto a porta bater.

" O que ela quer dizer "

Decido ir em direção a cozinha e a garagem. Pego o meu carro e saio indo em direção a cidade.

Eu não consigo mais, eu preciso falar com alguém. Contar o que descobri e se tem alguma forma de conseguir justiça para Elizabeth.

Sinto algo escorrendo pelo meu rosto e quando passo a mão percebo que são lágrimas.

- Droga. Droga. Droga - eu grito e bato no volante com toda a minha força e descontando a minha raiva - Como ela pode. Ela destruiu várias vidas. Como ela pode fazer isso com o meu pai. Por Deus como vou dizer a Tomas.

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