66. Alice

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Tomas tinha razão. Os rapazes não se afastaram, não tiveram nojo de mim e principalmente não se importaram com quem fosse o meu pai biológico.

Eu sempre fui e serei Alice Dowen.

No mesmo dia que acordei os meus amigos vieram me visitar, o quarto ficando completamente cheio, os enfermeiros loucos tentando expulsar todo mundo.

Mas é claro que não conseguiram.

Os pais dos rapazes e melhores amigos do meu pai também vieram me ver e foram bem menos barulhentos que meus amigos.

Quando a noite chegou os médicos tentaram manda-los em bora novamente e que apenas uma pessoa poderia ficar acompanhando.

E novamente não conseguiu.

Então no terceiro dia o meu médico acho que a melhor forma de conseguir tira-los do hospital seria me dando alta.

Estamos fazendo os últimos exames para ter certeza que não tive nenhuma sequela pela falta de oxigênio.

- Bom, muito bom. A sua radiografia do pulmão está ótima. O seu exercício de respiração também. O seu exame neurológico está perfeito - diz o médico do lado da minha cama sorrindo para mim enquanto olha a prancheta médica.

Há uma enfermeira do lado dele, uma mulher loira e alta, deve ser alguns anos mais velha do que eu, mas não muito. Meu irmão me informou que ela tem me acompanhado dês do momento que fui trazida, mas eu vejo em seus olhos a admiração e desejo que sente pelos rapazes, até mesmo pelo meu irmão. Mas ela não foi atirada e nem desrespeitosa, se manteve sempre profissional. O que me fez gostar dela.

- E dês de quando a Alice funcionou bem da cabeça? - pergunta Dominic.

- Idiota - pego o copo de plástico que fica no criado mudo do lado da cama e jogo em sua direção.

Todos no quarto riem de sua piada e vejo a cabeça de Taylor e Tomas até balançarem assentindo.

- Sabe doutor, se você tivesse nos perguntado você não teria precisado fazer esse teste de respiração - diz Nicolas, vejo que o médico também não compreende o que ele diz, mas só até ele abrir a boca de novo - Ontem a noite ela até tava meio ofegante por um tempo, mas sua respiração, reflexo e flexibilidade estão perfeitos.

- Puta merda - digo em voz auta e sinto todo o meu rosto queimar de vergonha.

Quando olho na direção do médico vejo um leve sorriso em seu rosto mas não demonstra nenhum pingo de constrangimento, totalmente diferente da enfermeira que está completamente vermelha, até as pontas de sua orelha.

" Eu vou matar esses dois "

Ontem de noite, depois que todos foram em bora, Tomas foi levar Aria e dormir na casa dela. Então digamos que durante a noite os rapazes não se importaram nem um pouco por estarmos em um hospital, só disseram que eu teria que fazer silêncio.

As lembranças da nossa travessuras vem em minha cabeça me fazendo esquentar e sentir meu núcleo contraindo e ficando cada vez mais molhado.

Escuto o médico pigarrear para chamar a nossa atenção e aliviar o clima quente e pesado de desejo e luxúria que atingiu o quarto.

- Já que está tudo bem eu vou te liberar Alice. Pode arrumar tudo que a enfermeira já vem para retirar o seu acesso e trazer a cadeira de rodas.

- Desnecessário - digo olhando para a enfermeira - Não precisa da cadeira. Posso muito bem sair andando.

Bem digamos que não tive muita escolha. Fui voto vencido. Todos ficaram contra mim e me fizeram sair de cadeira de rodas.

" Droga de homens super protetores "

Estamos no carro e saindo do hospital. Natan está dirigindo, Tomas no banco do passageiro e Saimon e eu estamos atrás.

Nicolas, Tay e Dom estão no carro atrás do nosso.

- Para onde vamos ? - pergunto para eles.

Sei que não podemos voltar para casa, ela está toda queimada. Não a perdemos totalmente, mas não podemos retornar do jeito que está.

- Vamos ficar em um apartamento - diz Natan - Na verdade tivemos que pegar três apartamentos.

- Por mais que eles sejam grandes não daria para todos nós ficarmos no mesmo, não tem quarto o suficiente - Saimon diz me puxando mais para perto do seu corpo.

- Eu fiquei com a cobertura para mim e Aria. E os outros dois vocês que se resolvam como vão dividir.

Respiro aliviada por saber que estaremos morando no mesmo prédio.

- Eu quero ver - Tomas vira a cabeça para traz, sinto Saimon olhando para mim e aperta minha cintura, Natan me olha brevemente pelo espelho retrovisor e depois volta para a rua - Eu quero ver a nossa casa.

Tomas olha para Natan e acena com a cabeça. Não precisamos avisar os rapazes atrás, sabemos que eles vão nos seguir. Então fazemos o caminha para a nossa casa. A casa que era do meu pai e que Mark tentou destruir comigo dentro.

Assim que chegamos nós passamos pela guarita, os seguranças me cumprimentam, dizem como estão felizes por eu estar bem e me pedem desculpa por não terem me protegido, por não terem reparado que havia algo errado com as câmeras e que Mark estava lá dentro.

Eu os acalmei, afirmando a eles que não eram responsáveis pelo o que houve, que eles não deviam se sentir culpados. Dominic confirmou o que eu disse, falou que seria muito difícil deles perceberem que haviam tido o sistema invadido, o hacker que Mark havia contratado era muito bom.

Assim que chegamos em frente de casa eu pude realmente ver a real dimensão do perigo que passei. E não podendo acreditar que sai viva.

Há maior parte do fogo ficou concentrado na parte de baixo da casa. Já que o foco inicial foi na sala de estar. Pelos relatórios o fogo se espalhou pelos escritórios, a sala de TV  a lavanderia e um pouco da cozinha. Os seguranças e bombeiros fizeram tudo para impedir que o fogo se espalhasse mais pela cozinha e chegasse na garagem, já que lá estava todos os carros e havia a tubulação de gás. Poderia haver uma enorme explosão. No andar de cima o fogo não chegou a invadir totalmente os quartos, o fogo subiu a escada e chegou ao corredor. Os quarto mais próximos da escada até teve as portas e um pouco do lado de dentro queimado, mas os outros estão intacto, tendo sido apenas invadidos pela fumaça.

Sinto meus olhos marejarem com a visão da casa da minha infância toda queimada. A casa onde todas as lembranças do meu pai estão.

Sinto uma mão apertando a minha e quando olho para o meu lado vejo Tomas parado e olhando para a frente, para a nossa casa.

- Não se preocupe Alice. Nós vamos trazê-la de volta como era antes. Podemos até melhora-la - ele vira e olha direto para mim - Não é a estrutura que torna a nossa casa e sim onde todos nós estamos juntos. As lembranças estão aqui - diz ele apontando para o meu coração - Aquilo é apenas tijolos.

Eu me viro para trás, para os rapazes parados e nos observando, nos dando esse espaço que pertence a mim e meu irmão.

- Obrigada - digo para eles, olhando para cada um deles - Obrigada por salvar a minha vida. Por cuidarem de mim dês do momento que nasci. Por me aceitarem depois que voltei - eu sorrio para eles - Obrigada por me amarem.

- Para o resto de nossas vidas pequena - Taylor diz.

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