capítulo 21

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ELOÁ GOMES

Eu permiti que Corrado me trouxesse para cidade porque percebi que ele estava sendo sincero. Mais me magoei muito com seu jeito de me tratar em sua casa. E jurei pra mim mesma não o procurar nunca mais. Não sou masoquista para gostar de ser humilhada. Eu sou boa até certo ponto, amo ajudar as pessoas. E por sempre vê o bem que observei que Corrado usa do modo sarcástico, ácido e grosseiro para se proteger, para manter as pessoas afastadas. Eu percebo em seu olhar quando ele permite lampejos de tristeza e dor. Alguém o machucou, o tornando o que é hoje Insensível e pra se proteger fere as pessoas. Por esses motivos aceitei a carona que me ofereceu.


- Tudo bem Corrado. - falo sem lhe dirigir o olhar.


- Tem certeza?


- Sim, tenho. - Ele está dirigindo concentrado, mais reparo no aperto que dá no volante.


- Então vai parar de responder com poucas palavras?


- Por que? Pensei que irritasse você, meu falatório.


- Me acostumei com você falando igual uma maritaca. - eu acabo sorrindo.


- Eu não falo tanto assim. - tento soar indignada


- se você está dizendo. - ele da de ombros.


- Não faça isso Corrado


- Não fazer o que Eloá? - ele se fingi de bobo


- você me chamando de Maritaca. Rum.


- Ah! Não é tão ruim assim, Eloá. Elas são falantes e muito inteligentes.


- Sei, você quer que eu acredite que você falou isso para me elogiar.


- em partes, sim. - e parece que posso ver um começo de sorrir em seus lábios. E acabo sorrindo. Afinal, acredito que ele pode ter salvação.


- Você vai fazer alguma coisa na cidade?


- eu só vou ao correio pegar algumas encomendas. Depois estarei a seu dispor.


- muito bom, vou te fazer de meu chofer por um dia. - falo sorrindo e ele só balança a cabeça.


Chegamos a cidade Vale do café e vamos direto para o centro. São pouco mais de 16 mil habitantes, é uma cidadezinha de interior mesmo. Até que desenvolvida. Como o próprio nome da cidade já diz, aqui se tem vários cafeicultores. Mas a maior fazenda de café é a da família de Corrado. Eles seguem comprando as terras dos que querem vender, faltando pouco para serem praticamente donos da cidadezinha, apesar de nunca falarem sobre o assunto a boatos de que a maioria dos negócios da cidade são deles.


- Qual é o primeiro lugar que vamos, Eloá?


- Pagar algumas contas aqui no centro. - eu passei nos lugares que precisava pagar enquanto Corrado me esperava na caminhonete.


Eu notei que ele falava ao telefone quase o tempo todo. Deve ser sobre trabalho. Ele pode até estar aqui, mas está ligado a BH o tempo inteiro. Minha raiva dele até passou um pouco. O coitado está tomando um chá de cadeira.


Às vezes pego ele fazendo umas expressões de entediado e irritado. Eu me afasto para ele não me ver rindo das suas caras e bocas.


Corrado chama a atenção por onde passa. É difícil ele passar sem ser notado e suponho que ele sabe do efeito que causa nas mulheres, mas ignora ou não percebe. Policio-me para não ficar babando por ele.


Eu estou encostada na caminhonete esperando ele ir até o correio. Observando ele de longe, percebo que ele anda como se fosse o dono do mundo todo, exalando poder em cada passada que dá.

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