capítulo 45

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ELOÁ GOMES

Nos últimos dias, tenho passado o tempo todo pensando se não exagerei com Corrado. Como ele pode tratar a mãe dele daquela forma tão grosseiro e ignorante? Quando eu fiquei chateada com meus pais, foi só por algumas horas, mas jamais falaria assim com eles. No entanto, não conheço seus motivos, já que nunca conversamos sobre nós dois mais profundamente quer dizer, sobre ele, já que sou um livro aberto. Corrado está envolto em mistérios do passado de oito anos atrás que o moldou a ser o que é hoje. Preciso saber mais sobre sua vida. Saí de sua casa porque imaginei que ele viria ao meu encontro para conversarmos, mas ele não apareceu. E, por orgulho, também não fui atrás dele, já que sempre sou eu quem dá o primeiro passo.
Ele também precisa se dedicar a nós dois. Mas agora, aqui na sua frente tudo o que mais quero é me aconchegar em seus braços. E essa frase "precisamos conversar" me dá calafrios.
- Tudo bem. Vamos até a árvore que fica depois do estábulo. É o meu lugar preferido em todo o Haras. - Seguimos para a árvore onde costumo ir quando quero pensar. Há um banquinho perto dela. A árvore é enorme. Assim que chegamos, sentamos lado a lado.
- Desculpe por aquele dia, Eloá. Essa coisa entre minha mãe e eu é uma ferida mal cicatrizada.
- Eu também peço desculpas. Acabei te acusando em vez de apenas conversarmos. - Falo, olhando para ele. Ele não se contém e me puxa para o seu colo, cheirando meus cabelos e meu pescoço.
- Senti tanto a sua falta, pequena. - Ele diz enquanto beija meu ombro. Eu me viro para ele.
- Também senti muita saudade, Corrado. - Eu respondo, abraçando-o e nos beijamos com saudade. É muito bom estar nos braços de Corrado. Nós encostamos nossas testas e ficamos assim por alguns minutos.
- Por que você foi embora da nossa casa?
- Do seu chalé, né. Eu estava muito brava com você.
- Nosso chalé, Eloá. Depois que ficamos juntos, ele passou a pertencer a você também, linda. Foi ali com você que tive meus dias mais felizes em muitos anos. Você foi quebrando minhas barreiras e ganhando espaço em minha vida, de uma forma que você está marcada em mim para sempre. - Ele se declara, pegando-me de surpresa. Ele nunca fala muito sobre sentimentos, mas demonstra com cuidado e preocupação.
- Você sabe que eu te amo, Corrado, e não é uma discussão que vai mudar meus sentimentos por você. - Eu falo, segurando o colar que ele me deu e o beijando. Ele pega meu colar e o beija também, e depois beija meus lábios.
- Eu sei, e nem os meus sentimentos vão mudar por você. Não sou muito de colocar em palavras meus sentimentos, Eloá, mas você é muito importante para mim. E peço que tenha paciência comigo e com meu jeito difícil de ser. Aos poucos, vou me abrindo.
- Tudo bem, mas não se afaste de mim, Corrado. Você sempre faz isso quando algo acontece.
- Prometo tentar não me afastar, tudo bem? Eu fui sozinho por muito tempo, é difícil mudar velhos hábitos.
- Tudo bem.
- Se acontecer de me afastar ou te afastar, me puxe de volta, Eloá. Você tem esse poder. - Ele diz, beijando meus lábios. - Eu pertenço a você, Eloá. Cada parte de mim é sua.
- Eu te amo muito, muito mesmo. - declaro para ele.
- Quer ir para o meu chalé? Eu quero me deitar com você na nossa cama e matar a saudade de ficarmos juntos, nos curtindo.
- Natália vai vir aqui me ver para termos a noite das garotas. - faço beicinho. - Mas amanhã à tarde ou no sábado antes da festa, eu vou até o Chalé.
- Preciso conversar com você, Eloá. Tem coisas que preciso te contar e...
- Amigaaa, que pouca vergonha é essa? Vocês não estavam brigados? Eu estava preparada para levá-la para a balada. William até arrumou alguns ingressos da boate do Club para entrarmos hoje. - Natália e sua boca sem filtro. Sinto o momento que Corrado enrijece, Natália quer ferrar com minha vida, não é possível.
- Falei que só era um desentendimento, Natália, não disse que terminamos. Exagerada. E sabe que odeio esse tipo de festa.
- Sei, amiga. Estava brincando. Sabe que, hum, tem algum tempo que não vejo William. - Vejo a fachada de alegria da minha amiga cair por terra assim que ela fala de William. Ele é muito fechado e isso está matando Natália.
- Sei sim. - Digo olhando para ela com carinho.
- Fique tranquila, Natália. Se William deu a entender que estão juntos, é porque estão. Ele nunca faz o que não quer. - diz Corrado.
- Ele sumiu há dias. - ela fala e vou até ela abraçá-la.
- Ângelo também sumiu. É comum de acontecer em algum momento. Não se preocupe. - Corrado disse se levantando. Eu vou até ele e me agarro em seus braços.
- Estamos bem?
- Sim, linda, estamos bem. Te espero em nosso chalé amanhã. - ele diz beijando meu nariz e dando um selinho em meus lábios.
- Tchau, Natália. - e então ele sai indo para onde seu carro está parado. Queria ir com ele matar a saudade, mas tenho que cuidar da minha amiga.
- Nosso chalé, né?
- Está vendo, amiga? Tenho um chalé e um homem gostoso. Agora vem, vamos colocar o papo em dia. - Estava mais leve depois de me resolver com Corrado, mas sei que ainda teríamos que conversar sobre nós.

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