capítulo 20

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CORRADO MARTINELLI

DOIS DIAS DEPOIS

Estou me sentindo um monstro pelo jeito que tratei Eloá, ela só queria me entregar alguns pedaços de bolo, mais sabe qual é a pior coisa de quem já foi ferido demais? É confiar novamente e acreditar na bondade de alguém. E eu fui tão traído de uma forma que nem sei se tem como ser possível. É difícil para um, cara como eu aceitar que uma mulher está sendo gentil sem interesse, porque sim aparece muitas mulheres para mim, mais só pensando em meu dinheiro, em status, em se da bem.


Julgo que foi o que aconteceu com a... Como só de pensar nessa inescrupulosa já me deixa mal e me leva pro caminho do qual eu não quero nunca mais visitar uma escuridão que uma vez me tomou, e que quase me fez sucumbir.


Levanto-me da cadeira do escritório e olho para a janela ponderando o que fiz e do modo que agi como um cretino com Eloá. Ela não merecia a forma que a tratei. E ela é tão bondosa, simpática, alegre, linda. Não quero que ela fique com ódio de mim e pense que sou o imbecil que a tratou mal.


Portanto resolvo ir até o Haras para falar com ela. Só por desencargo de consciência. Era o que eu queria acreditar.


Pego minha caminhonete, e sigo para o Haras.


Alguns minutos depois faço uma manobra para estacionar e a vejo. Ela me vê e na mesma hora vira o rosto, ignorando minha presença. Vejo que quer me evitar quando começa a sair do estábulo.


- Eloá - A chamo sem sucesso, já que ela acelera os passos e não para pra me ouvir falar.


- Eloá, eu estou aqui para falar com você e só sairei quando me ouvir. - Ela então para, e se vira para mim, com uma expressão furiosa no rosto, não lembrando nada a menina doce de sorrisos fáceis.


- Para que Corrado? Para você me ofender ainda mais com suas grosserias? Não foi suficiente?. - Ela assevera, me fuzilando com o olhar.


- Não é isso... Eu vim aqui para... -e complicado me desculpar, não sei usar as palavras certas. Então tento fazer de outro jeito.


- Eu queria falar que o bolo estava uma delícia e entregar a você o recipiente.


- se for só por isso, pode me entregar e ir embora. - ela está fria comigo e não gostei disso. Fico sem jeito porque não sei lidar com o que estou sentindo.


- Não é só isso... - Quando estava pra me desculpar o Sr. Osvaldo me aparece, só faltava essa... Puta merda.


- Bom dia Corrado. O que te traz aqui? - Olho para Eloá que esperta pegou o recipiente e saiu de perto de mim, indo em direção a casa dela sem nem olhar para trás. Me deixando frustrado.


- Bom dia Sr. Osvaldo, eu estou pensando em comprar um cavalo. Não sei se o senhor sabe, mas estou passando uns dias em meu chalé.


- Oh! Que maravilha você veio no lugar certo. -pelo menos minha mentira colou. Como eu posso explicar que vim atrás de sua filha sem parecer um descarado?


- Há que bom senhor Osvaldo.


- Venha, vamos lá, vou te mostrar os melhores cavalos que temos no Haras. - E foi o que ele fez, andamos pelos estábulos e Baias onde me apresentou todos os cavalos que estavam a vender e até tocou num assunto que estava interessado.


- Meu filho João Pedro está vindo para o Haras no final do mês que vem. Estamos para dar uma festa.


- Nossa, que bom Sr. Osvaldo e ele vem pra ficar? - sondei, fingindo curiosidade


- não, ele disse que está com saudades do Haras e de nós. Já tem 3 anos que ele não vem em nossas terras. Estou muito feliz com sua chegada.


- posso imaginar, Sr. Osvaldo, após tanto tempo, deve está ansioso para matar a saudade.


- Demais, Corrado, você está mais que convidado para a festa. Espero te ver aqui.


- Claro, vou aparecer sim.- Não vou perder por nada nesse mundo a oportunidade de desmascarar João Pedro e quem sabe de prêmio poder escorraçar Walter daqui. Aquele verme não vai pisar nessas terras nunca mais.


- que ótimo! Qual Mangalarga te agradou mais? Vamos fechar negócio?


- Eu fiquei realmente interessado em dois deles, o preto e o Alazão ¹.


- compre os dois então.


- Se eu fosse ficar por aqui mesmo, ficaria sem nenhum problema. Mas não pretendo ficar aqui por muito tempo. E só um será perfeito.


- Entendo quando se decidir me avise.


- Claro, Sr. Osvaldo. - digo e já estava me despedindo quando vejo que Eloá estava arrumada para sair.


- Eu vou indo senhor Osvaldo. Assim que me decidir venho aqui para fecharmos negócio.


- Esperarei Boa tarde Corrado.- me afastei do Osvaldo e fui em direção a Eloá.


- Está indo a algum lugar Eloá?


- Não te interessa. - ela fala sem olhar em meu rosto. Sei que mereci, então só fico ali parado olhando pra ela. Penso que isso a comove porque ela responde em seguida.


- Sim, eu preciso ir à cidade comprar algumas coisas para minha mãe.


- Quer uma carona?- ofereço enquanto olho para ela. Tão linda a luz do sol.


- Porque esta sendo legal?.


- Eu não fui justo com você. E me sinto mal por isso.


- não foi mesmo. - ela expõe de forma triste.


- É que não sei ser de outra maneira Eloá. Esse é simplesmente meu jeito de ser. Eu afasto as pessoas. - digo a última frase em um sussurro mais pra mim mesmo.


- Você sempre foi assim? -odeio lembrar do passado e ter que falar dele então...


- não. - Não pergunte, não pergunte.


- Entendo. - ela diz olhando pra longe, Alívio foi o que eu senti.


- Você vai aceitar a carona?


- isso vai te fazer se sentir bem?- sim. Tudo que mais quero é me desculpar.


- Sim, claro. - respondo


- Então tudo bem. Vou avisar a Ramon que vou com você. - Quem será esse Ramon?


Depois de alguns minutos ela volta com uma bolsa e Dona Helen com ela.


- Boa tarde, Corrado. Está indo à cidade também?


- Sim, Dona Helen. E ofereci uma carona a Eloá - Digo meio sem jeito.


- Tudo bem, cuide da minha menina em.


- Sempre, Dona Helen. - Eloá revira os olhos e fala algo com sua mãe e vem até mim para irmos.


- está pronta?.


- Sim. - ela ainda está chateada comigo e me encolho, não sabendo aceitar sua frieza.


Deixamos o Haras a 30 minutos e ela não falou comigo nem me dirigiu um único olhar. Pelo pouco que conheço de Eloá ela não é assim.


- Você vai em quais lugares na cidade?. - tento puxar assunto.


- no mercado e pagar algumas contas. Por quê?


- Por nada. Só para saber aonde vou levá-la.


- Pode me deixar lá, depois me viro para voltar. - declara olhando para a janela do carro.


- Não. Eu vou ficar e te levar de volta para sua casa. Eu Prometi a sua mãe.


- Tá! - ela fala friamente sem nem direcionar o olhar a mim.


- o que ouve Eloá?


- Ainda me pergunta Corrado? - fala chateada e vejo o quanto a magoei e isso está me deixando maluco. Não quero que ela fique assim comigo, não sou de me importar com nada nem ninguém, mas me importo com ela e isso me deixa assustado.


- eu sinto muito Eloá não queria te magoar. Me desculpe - falo sincero. Há muito não me sentia tão mal como estou me sentindo por magoar alguém especial como Eloá.



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