capítulo 56

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                 ELOÁ GOMES

                10 DIAS DEPOIS

Já se passaram 10 dias sem ver ou falar com Corrado e, agora que vejo como é viver sem ele depois de ter morado com ele por quase 30 dias, percebo que fiz besteira e estou sofrendo por isso. É péssimo, horrível. Tem sido tão difícil que tenho ido ao chalé todos os últimos cinco dias e dormido lá a tarde toda. Ainda sinto o cheiro do perfume dele e ouço a voz dele na minha imaginação, mas ele não atende minhas ligações ou responde minhas mensagens. Eu sei que me comportei como uma adolescente birrenta, mas é tão difícil imaginar alguém que você ama com outras mulheres, tocando-o e fazendo coisas íntimas. Só de pensar nisso, fico maluca.
Agora, aqui em meu quarto, olho para fora e fico imaginando o que ele está fazendo. Pego meu celular e envio outra mensagem como faço todos os dias, ao amanhecer e antes de dormir. Ele nunca responde, mas sempre as visualiza. Às vezes, vejo os pontinhos de digitação, mas logo desaparecem, e o status online dele some. Mas eu nunca desisto.

Eu: Olá, Corrado. Bom dia! Espero que tenha tido uma boa noite de sono. Sinto muito a sua falta. Eu sei que você não quer falar comigo, mas não há um dia sequer em que eu não pense em você e em nós dois. É muito difícil não ouvir sua voz e não ter você aqui comigo. Estou pensando em ir novamente ao seu chalé, é o único lugar onde posso sentir um pouco da sua presença e do seu perfume, onde passamos momentos felizes juntos. Tenha um bom dia! Vou enviar uma mensagem para você esta noite para contar sobre o meu dia. Eu te amo.

Eu envio uma foto minha sentada perto da janela, com o cabelo penteado do jeito que ele aprendeu a gostar. Eu tento sorrir, mas falho. Fico esperando até ele visualizar, mas hoje isso não acontece. Meu coração se aperta e sinto medo de que ele pare de visualizar as mensagens, ou que bloqueie o meu número. Às vezes, sinto minhas esperanças desvanecerem. Limpo as lágrimas que insistem em cair dos meus olhos e tento ser positiva: ele vai ler a mensagem. Ele sempre lê. Às vezes é rápido, outras vezes demora um pouco mais.
Saio do meu quarto e vou para a cozinha, onde meus pais me perguntam por que não estamos mais juntos. Eu digo que ele está trabalhando muito, que está tudo bem, mas que estou triste de saudades. Não quero que eles se preocupem e ainda tenho fé de que não é o fim para nós.
Estou indo de novo para o chalé dele quando Ramon me para.
— Precisamos de você, menina Eloá. Tem um potro novo que acho que você vai gostar de treinar.
— Por que eu gostaria? — perguntei, estranhando ele vir me falar isso.
— Porque é o potro que Corrado disse que quer comprar. — Acho que fiz uma cara engraçada porque ele sorriu para mim.
— Ele disse que virá em algum momento vê-lo. E bem, acho que ele não virá aqui só pelo potro. — Ele me diz sorrindo, e eu tenho lágrimas nos olhos. Será que ele vai vir falar comigo?
— Vou deduzir que essas lágrimas são de alegria.
— Sim, são sim. Por que ele não me procurou?
— Não sei, talvez ele queira falar com você pessoalmente. Ele me pediu que fosse você quem treinasse ele. Ele está bem domado, então o treinamento será fácil. Ele é dócil... — Nem quis mais ouvir Ramon, estava tão feliz. Minhas esperanças de que iríamos nos acertar se renovaram. Eu amava tanto Corrado, e esses dias sem ele foram um pesadelo. Não me entendam mal, não sou dependente de Corrado, mas eu cometi um erro. Eu o deixei por um passado em que ele nem me conhecia.
— Vamos lá, Ramon. Me mostre o potro que vou treinar.
— Vejo que você se animou.
— Muito. Isso é sinal de que Corrado não desistiu de nós, que ele não desistiu de mim. Eu sinto tanto pelo que fiz, Ramon. Eu o deixei sem nem conversarmos. — Digo desabafando.
— Nós homens mais velhos entendemos melhor as coisas, Eloá. Ele deve ter percebido que você precisava de um tempo para pensar antes de conversarem. — Ramon tem razão. Ele deve ter me deixado ter um tempo, o tempo que eu pedi na força do momento. Passamos o dia com o cavalo na pista e no redondel, e assim me distraí.

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