capítulo 27

847 69 0
                                    

              ELOÁ GOMES

Eu acabei adormecendo quando Corrado me fez... Hum!?... sentir prazer e me senti tão bem que adormeci em seguida. No momento em que acordei com o amanhecer, notei que o outro lado da cama estava intacto, fiquei bem chateada, eu pensei que dormiríamos juntos, mas não foi dessa vez. Eu me levantei e fiz minha higiene e fui para cozinha onde vi que ele dormia no sofá. Eu peguei uma manta e joguei por cima do seu corpo, o cobrindo, beijando seu rosto. Ele é tão lindo dormindo. Eu vou pra cozinha e resolvo fazer biscoito de polvilho e quando estou tirando eles do forno. Observo Corrado acordar. Logo em seguida ele entra na cozinha e faz o café e pergunta do porquê estava daquela forma. Portanto sei que chegou a hora de falar a verdade e no momento que ele pergunta o que me fez desisti. Eu me debulho em lágrimas porque pode não ser um motivo plausível para outras pessoas, mas é para mim.
— Eu estava treinando para garantir meu lugar nas olimpíadas que teria fora do Brasil. Eu passei no primeiro dia. São 3 dias de competições onde somos julgados por alguns jurados. Existem várias modalidades, como, por exemplo: Salto, Adestramento, concurso completo de equitação, volteio, enduro, atrelagem, três tambores, seis balizas, rédeas, laços, polos e várias outras modalidades. Mas apenas 3 são olímpicas: Salto, Adestramento e Concurso Completo de Equitação.
— E você já participou de várias competições com todas essas modalidades?
— Só com algumas das modalidades. Eu ganhei algumas medalhas e troféus por Adestramento, que resumindo é ter uma harmonia e controle perfeito entre a Amazonas sobre o cavalo. Tem que executar o percurso alternando entre movimentos livres e mandatários, caminhada/passos, trote, galope e parada.
— as atletas que praticam hipismo se chamam amazonas?
— Sim, e os homens cavaleiros.
— nossa isso é fantástico Eloá.— Ele diz animado mais logo vê que estou chorando e fica confuso.
— O que foi linda?
— Nos encontrávamos treinando para garantir meu lugar nas olimpíadas, para isso teríamos que passar a segunda fase. Após fazer os exercícios segui para os saltos e em um desses saltos um barulho assustou Estrela, no momento em que pulamos perdemos a sincronia, ela não chegou a cair, mas eu fui para o chão. E quebrei 3 costelas, torci o tornozelo e tive lesões nas articulações e muscular. — Corrado me surpreende ao me pegar em seus braços e nos encaminhando para o sofá da sala me acomodando em seu colo. Eu fiquei envergonhada, mais me senti Protegida e com isso chorei agarrada a seu peito e ele me abraçou.
— eu sinto muito, Eloá. É por isso que você não quer mais competir?— constato preocupação em seus olhos.
— Não só por isso, mas acredito ser um conjunto de acontecimentos. Estrela também teve alguns probleminhas com a queda e uma pequena lesão do tendão. E se tivesse sido mais grave, ela precisaria ser sacrificada, porque os cavalos não suportam seu próprio peso. Com a pata machucada, sentindo dores, seria impossível ver seu sofrimento.
— nossa Eloá  eu sinto tanto por você. Eu vejo o quanto você ama Estrela.
— Eu experienciei tanto medo de perdê-la. Estrela é especial para mim e com isso eu me senti culpada, carecia ter prestado mais atenção. Eu fiquei acompanhando o tratamento dela dia após dia. Ela demorou muito para se recuperar. E assim que começamos uma competição com um cavalo, temos que ir até o fim com ele. Com isso nós fomos desclassificados e foi bem triste porque éramos a melhor aposta. Eu meio que desisti ali, sabe. Uma porque não iria colocar mais Estrela pra competir e outra é que descobri que esse não é meu sonho. Não profissionalmente, não me vejo fazendo campeonato a vida toda. Eu tenho outros planos que não envolve viajar ou ter plateia de várias pessoas julgando meus movimentos e desenvolvimentos.
— compreendo e concordo com você. Acredito que você deva buscar o que almeja. Quando você desistiu?
— eu tinha 19 anos quando isso aconteceu.
— e você falou para seus pais sobre essa decisão só ontem?
— Sim.
— E porque não falou antes, Eloá? Porque deixou tanto tempo passar para depois falar de sua decisão?
— Eu estava confusa. E com medo deles não aceitarem bem.
— Mas foi o que aconteceu. Não adiantou esconder. Se tem uma coisa que eu percebi é que inevitavelmente somos obrigados a encarar os nossos problemas de frente. Ou eles voltam para nos assombrar, e costuma serem ainda maiores. — ele tem razão
— Como seus pais reagiram?
— muito mal. Eles queriam me inscrever em um campeonato e tinham até escolhido uma égua para mim. Eu fiquei furiosa perguntando porque eles não me consultaram antes. Eu só desistir de seguir carreira, entende? Mas eu amo o universo hípico e quero continuar com a Doma e treinamento de cavalos e sei lá, quem sabe me encontrar fazendo o que eu gosto.
— Você falou sobre isso para seus pais? — ele indagou, passando as mãos pelos meus cabelos.
— não consegui falar nada. Eles jogaram na minha cara o quanto gastaram comigo para me manter no mundo do hipismo. Que eu estava fazendo birra. Que não iria aceitar minha desistência! E que eu iria competir sim.
— E você fugiu de lá?
— Sim, sem nem saber para aonde ir, só queria sair daquela pressão.
— Você está certa de se impor, Eloá. Você é uma mulher. Qual a sua idade?
— tenho 22 anos e você?— ele estaca as mãos que estava passando por meus cabelos e me olha preocupado e com vontade de correr para o outro lado da sala.
— tenho 35 anos, bem mais velho que você.
— E o que tem a minha idade com a sua? Não sou de menor Corrado.
— verdade. Prosseguindo com o que estava dizendo, você é uma mulher adulta e pode tomar suas decisões e não pode ser obrigada a fazer o que não quer.
— contudo, é difícil, já que meus pais não me ouvem
— faça ser ouvida Eloá. Seu problema deve ter sido sempre esse. O de aceitar tudo que eles falam calada. Não devemos faltar com respeito com nossos pais, mas devemos impor nossas opiniões e tomar nossas decisões por conta própria.
— obrigado por ficar do meu lado Corrado. — sou ousada e dou um selinho em seus lábios e depois mais um. Ele aperta meu bumbum e eu sorrio.
— por nada Eloá. — e ele olha em meus olhos e me beija com um beijo intenso. E ficamos nos beijando por vários minutos até sentir algo duro em meu bumbum e gemo baixinho e para provocá-lo remexi em seu colo.
— pare, por favor, sua atrevida! Ontem eu quase tive uma síncope por bolas azuis.
— desculpe-me é que está tão gostoso ficar assim nos beijando Corrado. Senti-me tão bem ontem. — digo manhosa.
— Que bom que você dormiu bem, Eloá, e que eu colaborei para isso.— Diz piscando um olho, sorrindo.
— Eu quero que você sorria assim mais vezes Corrado. Fica tão perfeito. — expresso dando mais um selinho nele. O telefone dele começa a tocar, estourando nossa bolha.
— Agora preciso começar a trabalhar. Mas quero que fique a vontade.
— posso fazer o almoço para nós dois? — Pergunto envergonhada.
— Claro, como disse, pode ficar a vontade. — logo ele seguiu para as escadas. Acredito ser lá que fica o escritório.
Eu não quero ir para casa ainda estou muito chateada com meus pais. Porém a culpada sou eu, que deveria ter falado antes e ter evitado todo esse problema. Mas vou aprendendo com meus erros. Subo para o quarto e pego minhas roupas e a visto. Não tinha calcinha limpa, consequentemente fico com a cueca que estava usando. Vou para a cozinha pra me ocupar. Faço o almoço com as coisas que tem na geladeira, imagino que Dona Conceição fez as compras. Após tudo está pronto, efetuo uma limpeza na cozinha, pego as louças para almoçarmos e coloco ali mesmo na bancada da ilha. E averiguando que já passou da hora do almoço, subo as escadas e vou até à porta que imagino ser do escritório dele e bato.
— Entre. — ele ordena, parecendo de mau humor.
— Oi! Corrado, estou aqui para comunicar que o almoço está pronto.
— Vou daqui a pouco, Eloá. Estou atolado em trabalho até o pescoço.
— não está com fome?
— ainda não. Que horas são? —Ele mesmo confere no relógio e vê que já passou do meio-dia! — nossa, bem tarde. Vou almoçar rapidinho que em 30 minutos tenho uma reunião por vídeo.
E assim seguimos para a cozinha, sem trocar nenhuma palavra. Sentamos a mesa. Eu o servi calada. Eu Fiz arroz, feijão, couve, pururuca e bife. E suco de acerola.
— espero que goste. — ele experimenta e parece está bom porque não faz cara feia.
— Está perfeito Eloá. Só agora me atentei que estou com fome. Está ótimo! Obrigado pelo cuidado.
— É o mínimo que posso fazer em agradecimento por ter me acolhido.
— falando nisso, o que pretende fazer sobre seus pais?
— Não sei Corrado. Dialogando com você hoje constatei que pequei, não revelando que não havia, mas o desejo de participar oficialmente dos campeonatos.
— Sim, em parte o erro foi seu, até porque tudo bem esclarecido fica melhor resolvido.
— Você tem razão.
— julgo que você deva voltar para casa. Imagino que seus pais estejam muito preocupados com você. Você tem costume de ficar fora de casa?
— não. O único lugar que eu frequentava era a casa de Natália. Mas... nós brigamos.
— Mais um motivo para a preocupação deles e há a possibilidade de estarem chamando a polícia uma hora dessas.
— Não pensei por esse lado.
— pois deveria, na ocasião em que tive problemas e fui embora da fazenda, mesmo com vários lugares pra ficar, meus pais e irmãos se preocuparam. E bem, você é ainda uma menina, no meu ver, devem estar desesperados.
— Não sei como vou enfrentá-los.
— Da mesma forma de sempre Eloá, seus pais são seus pais. E pelo pouco que pude ver, notei que eles te amam demais e acredito que quando chegar em casa eles só vão querer saber se você está bem.
— Verdade.
— vamos terminar nossa refeição e você vai para casa, ok?
— tudo bem. — Corrado tem razão, nunca fiquei fora de casa por tanto tempo e não tenho amigos ou lugares para ir. Espero que meus pais me desculpem. Mas se tivesse ficado em casa ontem não teríamos resolvido nada.
— quer que eu te leve para casa?
— não precisa você tem uma reunião agora.
— sem problemas, se você não se incomodar, pedirei a Rildo para levá-la até seu rancho.
— Mas meus pais vão ver eu chegando com ele e bem, vão saber que estive aqui.
— Eles terão que saber que você esteve em algum lugar, Eloá, você não se escondeu num buraco esse tempo todo. Eu poderia te levar se não fosse tão importante a reunião. Mas se esperar por mim, eu a levo e explico aos seus pais. Não tenho problemas quanto a isso. — Assim que vou respondê-lo alguém bate na porta do chalé. Corrado vai até à porta e a abre.
— Boa tarde Corrado, você viu Eloá por esses lados? Ela saiu de casa ontem a noite e não voltou. Os pais dela estão desesperados. Não sabem para onde ela foi.—Dario fala parecendo muito aflito. Eu nunca fui de ser rebelde, então imagino a cabeça deles.
— Sim, Eloá está aqui. — Corrado expõem dando passagem para Dario. E o mesmo entra com tudo e vem ao meu encontro me abraçando e fica por alguns minutos agarrado a mim e eu sem jeito e Corrado olhando estranho para nós dois.
— eu fiquei tão preocupado com você, Eloá. Quando seu pai ligou lá para casa, corri para te procurar. Não faça mais isso, Helo.
— está tudo bem, Dario. Eu só bem, discuti com meus pais.
— eles me disseram e estão arrependidos, Helo.
— E o que você está fazendo aqui, linda? Como veio para na casa do meu irmão? — ele pergunta, passando a mão em meu rosto. E o seu toque não me causa nada a não ser constrangimento por ter toda essa atenção perto de Corrado. Presumindo ser errado, me afasto dele.
— Eu! Hum... Estava... É... na estrada e bem, não quis voltar para casa.
— Eu a trouxe para o meu chalé. Não deixaria que ela corresse perigo na estrada, sem saber para aonde ir.
— compreendo.— Dario possui um semblante desconfiado e chateado.
— por que não me procurou, Eloá?
— eu não pensei em nada no momento em que saí de casa, Dario.
— tudo bem. Vamos, Eloá? — Dario pergunta.
— Eloá, você pode ficar. Eu levo você daqui a pouco. — Corrado explica.
— ela não precisa que você a leve.— Dario responde a Corrado
— Você Vai levá-la para casa? — Corrado questionou Dario com voz cortante.
— Claro que sim. Vamos Helo? —Corrado está com a expressão sombria e isso me deixou em alerta. O pior é que nem posso correr para os braços dele e beijá-lo e tenho medo de sair daqui sem saber como estamos.
— Corrado. — ele direciona seu olhar frio para mim. — Obrigado Hum!... por cuidar de mim.
— Ok. — ele profere olhando as mãos de Dario indo em minhas costas e para piorar ele coloca uma mexa de cabelo que estava em meu rosto atrás da minha orelha. Corrado incomodado com tal intimidade começa a subir as escadas.— Batam à porta quando saírem.
— Você tem algo para pegar, Helô?
— Não, Dario. — Dou uma última olhada para a escada. Será que eu deveria correr até Corrado e conversar e ver o porquê de sua raiva?
— O que foi Helo? Vamos linda. —Só gosto quando Corrado me chama de linda.
Por que tudo tem que ser tão complicado. Eu queria sair daqui com beijos de Corrado como despedida e marcando de nos encontrarmos qualquer outro dia. Estou chateada e com medo. Um pressentimento de que a raiva  dele é por Dario está aqui com intimidade demais comigo.
— Vamos. — e seguimos para o carro de Dario. Ele abriu a porta para mim e me ajudou a entrar, a colocar o sinto e fechou a porta. Ele então entra no carro e dá partida.
— O que estava fazendo no chalé de Corrado, Eloá?
— eu estava andando pelas estradas sem destino e Corrado estava saindo. Ele percebeu que eu não estava bem e me ajudou.
— E, porque ele não te levou para sua casa? — interroga apertando o volante com força.
— por que eu pedi para ficar. — Digo sincera.
— E, porque você faria isso? Ficar na casa de um homem que você nem conhece. Você não era assim, Eloá. — diz com ar de reprovação. E isso me deixa possessa. Quem ele pensa que é.
— eu não era assim como Dario?
— você sempre foi tímida, esperta, está dando brecha pro azar.
— Não estou te entendendo, Dario. Está me chamando de burra ou o quê?
— meu irmão não é homem para você. Não sei o que está acontecendo entre vocês, mas ele não é homem para mulher nenhuma.
— e quem é homem para mim, Dario? hum? Não pensa que está se metendo em minha vida demais?
— desculpe-me Eloá, só não quero que você seja enganada, meu irmão, ele...
Estava furiosa com Dario, ele passou de todos os limites. Assim que ele para o carro eu saio de lá batendo a porta com força e até esquecendo que passei a noite fora de casa. E meus pais corre ao meu encontro, minha mãe aos prantos e papai com olhar de preocupação. Também vejo Sebastião, Ramon, branca, Laura e alguns funcionários do haras e até mesmo Natália está ali chorando ao me ver. Com tudo que aconteceu desde da noite passada até a discussão, agora com Dario, começo a chorar também.
— Oh! minha filha, meu bebê, que medo que tive de perder você.— diz minha mãe já me abraçando bem apertado. — nunca mais faça isso filha, quase morri de preocupação. Você está bem filha? — Pergunta minha mãe passando a mão em meu rosto, beijando por todo lado e me abraçando de novo. Meu pai vem até mim com o rosto carregado de preocupação.
— minha filha não me dá mais um susto desse não. Já estou velho e cansado e não aguento tantas emoções.
— desculpa, pai e mãe. — meu pai me abraça também apertado.
— depois você vai se explicar por onde andou. Tudo bem?
— Sim, mamãe, depois eu me explico. Não queria preocupar vocês. Eu só quis sair pra pensar. Estava me sentindo pressionada e precisava de ar.
— minha irmã, que susto você me deu. Desculpa por não ter te defendido, me culpei tanto. Desculpa. — diz Laura. Me abraçando também chorosa.
— estou bem, minha irmã não é culpa sua.— me viro bem na hora de ver Natália correndo até onde estou e me abraça forte, chorando.
— Ai, minha amiga, não faz isso comigo não. Eu acredito que morreria se algo acontecesse com você. Sabe o quanto te amo.
— também te amo Natália, e senti muito sua falta amiga.
— Vamos jurar nunca mais brigar, amiga. Por que quando você fugir novamente, ou você me chama, ou não tem negócio.— Natalia sendo Natália e como eu senti falta da minha amiga.
— feito amiga. — digo e ela sorri para mim. Todos vieram falar comigo e então papai agradeceu Dario por me trazer para casa e ele olhou pra mim e pediu para falar comigo um momento.
— hoje estou cansada, Dario. Poderia ser amanhã?
— Claro Eloá, só queria me desculpar, eu julgo que me excedi. Me desculpe, não tive a intenção de dizer o que você deve ou não fazer. Só me preocupo com você. Se cuida, tá bom. Venho te ver em breve. — e ele sai sem deixar eu falar nada.
Viro-me e vejo Natália. Ela não quis me acompanhar para falar com Dario.
Na hora em que volto para perto dela, aperto sua mão e juntas vamos para meu quarto. Meus pais sabiam que eu precisava de um banho, já que estava com as mesmas roupas de ontem. Mas sabia que depois do banho teria um interrogatório.

Meu Caminho Até Você Onde histórias criam vida. Descubra agora