capítulo 47

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          CORRADO MARTINELLI

Paolo me convidou para ir com ele à cidade vizinha de Albuquerque para buscar o presente de nossos pais, mas acabamos chegando atrasados na festa. Assim que cheguei à fazenda, fui ao encontro da família de Eloá.

— Boa noite, Osvaldo e Helen. — cumprimentei.

— Boa noite, Corrado. A festa dos seus pais está perfeita. — respondeu Helen.

— Verdade, Helen, está tudo muito lindo. —  disse Osvaldo.

— Fico feliz que estejam gostando. A Eloá veio com vocês? — perguntei, com saudades da minha pequena atrevida. Hoje vamos para o meu chalé nem que a arraste. Preciso estar com ela pelas próximas 24 horas, pois vou morrer de saudades quando tiver que voltar para BH. Mas pretendo sempre deixar o helicóptero disponível para ela me visitar quando eu não puder visitá-la.

— Pensei que ela estivesse com você, filho. — disse Osvaldo.

— Não, acabei de chegar. Tive um imprevisto. — expliquei, sem entrar em detalhes.

— Ela estava com Laura e Natália. — disse Helen, olhando para um ponto atrás de mim.

— Lá está ela. Ela está com Dario. — Helen falou, apontando para o casarão. Me viro e vejo os dois seguindo para dentro do casarão.

— Com licença, vou procurá-la. —  falei, saindo a passos largos, cego de ódio. Que porra está acontecendo! Vou acabar com Dario. Estava prestes a entrar no casarão quando Paolo me interceptou.

— Não vai agir como um idiota, Corrado. Não é o passado, cara. — disse ele.

— Você viu que os dois estão seguindo para dentro juntos? — perguntei, irritado.

— Deve haver alguma razão, meu irmão. Não aja por impulso. — aconselhou Paolo, segurando meu braço e olhando em meus olhos até que eu recuperasse o controle. Seguimos juntos para dentro e procurei nas salas do andar de baixo. Percebi que uma das portas estava meio encostada e vi os dois lá dentro. Paolo me impediu de entrar.
— Se você os interromper, nunca vai saber o que aconteceria. E se vocês continuarem juntos, você não terá confiança em Eloá e assim não vai funcionar. O melhor que você faz é observar o que estão falando e tirar suas próprias conclusões. — disse Paolo, com razão. Permanecemos ali parados, ouvindo a declaração de amor de Dario para ela. Cada maldita palavra que Dario disse a ela, cada lembrança que os dois criaram juntos, o tempo que passaram juntos. De repente, me deu até vontade de ir embora, de não ferir meu irmão, estando com a mulher que ele é apaixonado. Eu me sinto como se estivesse há oito anos atrás, quando tive que ouvir sobre as traições das pessoas que eu mais amava e confiava no mundo. Então, observei ele tocando no rosto dela e em seus cabelos. A aproximação deles estava me deixando louco de ódio. Quando foi que Eloá se tornou tão importante para mim? A vontade de quebrar a cara de Dario era grande, mas Paolo me segurou.
— Ele é nosso irmão, Corrado, e não podemos estragar a festa de nossos pais. Se contenha. — disse Paolo.
— Fala assim porque não é a porra da sua mulher que está lá. — respondi.
— Por enquanto não está havendo nada demais. — respondeu Paolo.
— Ah! E ouvir o Dario falando que ama a minha mulher não é nada demais, né? Conta outra porra! — respondi exaltado.
— Ouça o que Eloá tem a dizer primeiro. — disse Paolo tentando me acalmar.
E então, Eloá começou a falar sobre nós dois, seus sentimentos por mim. Mas, não satisfeito, Dario começou a contar sobre meu passado. Eu apertei minhas mãos em punho.
— Desgraçado, eu vou encher a cara de Dario de porrada. —  disse, furioso.
— O que está acontecendo aqui, meus filhos? — chegou nosso pai, ainda bem que não era Ana, senão explodiria com ela.
Paolo puxou nosso pai para explicar o que estava acontecendo, e vi nosso pai tomando ciência do porquê estávamos ali. Dario ainda teve a coragem de usar as armas dele falando que Eloá era apenas uma diversão para mim e sobre minha ida para BH. Saí de lá, senão iria acabar com toda aquela porra.
— Aonde você vai, filho? — perguntou meu pai.
— Se eu ficar aqui, vou machucar Dario, pai. — respondi.
— Dario confundiu a amizade deles com amor, Corrado, mas a menina está falando que te ama e está defendendo o relacionamento de vocês. Ouça. — disse meu pai.
Era verdade, ela estava mesmo defendendo nosso relacionamento. Disse que me amava, a palavra "amor" que eu tanto desprezava. Mas ela não estava fazendo como a vagabunda da minha ex-noiva, caçadora de riquezas, que só me usou e ficava transando igual uma vadia por aí, enquanto usufruía dos milhares de reais que caíam em sua conta. Ela é uma puta.
— Se acalme, Corrado, e converse com sua menina. Ela não parece ser como Manuela. Pare de querer comparar as pessoas. Chegou a hora de se dar uma chance, filho. Dario que me perdoe, mas é a você que a menina ama e é você que ela está defendendo. — falou meu pai saindo e me deixando com Paolo.

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