capítulo 31

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              ELOÁ GOMES

            DIA SEGUINTE

— amigaaa!! — Ouço uma voz lá no fundo. Hoje é sábado, não é dia de sair da cama cedo. — amiga, abre a porta. Não vou sair daqui.
— Natália, isso não é hora de me acordar.
— anda, abre essa porta preguiçosa. — ela não vai parar de gritar.
— já vai, Natália. — me levanto obrigada e abro a porta.
— Satisfeita?
— muito, eu não estava me aguentando de ansiedade. Desde ontem tenho uma novidade para te contar.
— diga amiga, não faça suspense.
— ontem trabalhei no lugar da minha mãe recebendo seus clientes VIPs. — a família de Natália tem uma rede de lojas de roupas de montaria. Eles vendem roupas Country, masculina, feminina e infantil. Foi assim que conheci Natália, indo em uma das lojas deles ainda criança.
— E então?
— minha mãe tem um cliente vip, amiga, me abana! O cara é lindo, Eloá, tipo lindo de arrancar suspiros por onde passa. Deve ter quase 2 metros de altura, muito forte, olhos azuis, moreno, tudo de bom! E ele me paquerou.
— E você, como reagiu? —perguntei curiosa porque Natália é tímida quando não está bêbada, suponho que por isso ela bebe para ter coragem para suas maluquices.
— travei amiga. Só falei o necessário. E o homem lá sorrindo, todo sedutor e gostoso. Você sabe que fazemos roupas por encomenda. E ele havia encomendado roupas de couro. Roupas de Couro, amiga!! Da pra você? — Fiquei curiosa.
— Você perguntou para que era?
— Perguntei com jeitinho, a curiosidade me venceu.
— e o que ele disse, amiga. Conta logo!
— ele me deu dois passes e disse que era para eu ver com os meus próprios olhos.
— Passes para o quê, Natália?
— Para um Club Privativo amiga. Parece ser um Club exclusivo para pessoas com muito dinheiro.
— Isso é perigoso, Natália. — digo porque não quero que Natália se meta em problemas indo em um lugar que ela nem conhece e poderia ser uma cilada.
— Não amiga, olha esses passes. — Ela me entrega os passes. No momento em que o seguro vejo ser um cartão duro semelhante a esses de crédito. O cartão é todo preto e em letras douradas está escrito Club Dell’Ângello passe vip e a validade é por uma noite. Tem um número de telefone. Atrás está escrito o endereço do local e a cidade. E teríamos acesso ao primeiro andar, pista de dança e o bar.
— Nossa, só por esse passe vejo que grita dinheiro. Surpreendeu-me.
— Porque você não viu o homem. Você cairia dura se o visse. O cara grita sexo e julgo que é um senhor sexo.
— você sabe o nome dele, amiga?
— ele se chama William, Eloá. E disse que quando eu chegasse lá era para falar seu nome e que me deixaria entrar. Estou muito curiosa amiga. E sem falar que a tempos não me sinto tão Atraída por um homem assim. Por favor, vamos comigo.
— Não sei se é uma boa ideia, Natália. Tenho medo.
— por favor, Eloá, eu não posso ir sozinha porque não confio em mim mesma quando bebo e também porque é um lugar que nunca fui. Mas William me despertou desejo e bem, posso ser meio inexperiente, mas não sou santa. Poxa, quero descobrir o que tem nesse Club. Vamos amiga por mim.
— tá bom, Natália. Mas não sairá de perto de mim. E se eu julgar que o lugar é perigoso? Voltamos para casa na mesma hora, ok?
— Teremos que dormir na cidade amiga. Porque viajar de madrugada não é uma boa ideia, Eloá.
— É na cidade Albuquerque, nossa cidade vizinha. — falo mais para mim mesmo.
— isso. E é uma viagem de mais de duas horas e meia daqui a até lá. — mas o motivo para não deixar Natália ir para lá sozinha e que se algo acontecesse a ela eu não me perdoaria nunca. Não me encaixo em boates ou Club, mas vou por ela.
— tudo bem, eu vou com você.
— então vamos começar a nos arrumar. Vamos nos depilar, elaborar um penteado nos cabelos, as unhas e maquiagem. Teremos um longo dia de beleza. Estou tão animada amiga!
— estou vendo Natália e fico feliz por você. — Natália merece ser feliz, merece conhecer alguém especial, apesar de pensar que em um Club exclusivo só vai encontrar sexo. Mas amigas, é para isso, para está com a outra, para o que der e vier. E assim passamos o dia nos aprontando para o tal Club. Na hora em que acabamos de nos arrumar, minha mãe entra no quarto. Fiquei preocupada com o que iria falar com ela.
— a mãe da Natália ligou falando que você vai pernoitar na casa dela para irem a uma festa.
— Sim, dona Helen, eu conversei com a minha mãe para ligar para você e pedi sua permissão.
— Osvaldo não agradou muito da ideia, mas eu o convenci. Acredito que Eloá merece viver mais, sair e se divertir ainda mais porque estava tristonha esses dias. Só tomem cuidado. Juízo em meninas. Te amo, filha. — mamãe diz beijando meu rosto fazendo carinho. — Vocês estão lindas, meninas.
— obrigado e também te amo, mamãe.
— pode deixar que teremos juízo, dona Helen.
— Não vá para cama tardiamente, filha e me dê notícias. Está bem?
— Sim, mamãe, pode deixar. — Quando ela fecha a porta, olho para a Natália buscando respostas. Eu estava pensando em mil desculpas para dar a minha mãe.
— como convenceu sua mãe a ligar para a minha?
— minha mãe é liberal Eloá, não importa com essas formalidades, acredito que posso dormi fora de casa por um mês que ela nem se dará conta. Mas conheço seus pais. E pedi esse favor a minha mãe e bem, você sabe como ela é desenrolada.
— Sim, Dona Sônia é meio peculiar.
— nem me fale, minha mãe tem uns gostos muito duvidosos, mas o importante é que deu certo.
— Verdade. — Estávamos terminando de nos arrumar.
Estou com um vestido preto um pouco para cima do joelho, achei justo demais, mas me sinto confiante. Calcei um salto preto, estou usando um colar, brincos e uma pulseira. Resolvi deixar meus cabelos soltos, passei um pouco de maquiagem e um batom nude. Estava me sentindo linda. Natália vestiu um vestido vermelho bem mais curto que o meu. O salto bem alto, boca vermelha, cabelo solto, colar e brincos estava matadora.
— está mesmo querendo impressionar o tal William em.
— Estou amiga, quero ver se ganho pelo menos alguns beijos na boca essa noite. Quem sabe você também não encontre um boy.
— nem comece, Natália. Vou apenas para te acompanhar. Não é porque não falo mais em Corrado que não lembro dele a todo momento.
— desculpe amiga, só queria te animar.
— mas estou animada amiga. Só não acredito que me jogar nos braços de outro homem vá me fazer esquecer Corrado, só vai me fazer querer comparar. Está pronta para roubar o ar do seu moreno?
— Mas que pronta, amiga. Vamos lá.
Assim que descemos as escadas, meus pais nos esperava.
— vocês não supõem que estão arrumadas demais? Não estou gostando nada disso, Eloá. — pergunta meu pai.
— deixa a menina se diverti, Osvaldo, ela já é uma mulher. Tem todo o direito de sair e conhecer pessoas. — minha mãe responde.
— não vai conhecer ninguém antes que eu investigue a vida toda dele. Não deixarei minha filha namorar ninguém desconhecido.
— e quem disse que falei de namoro, Osvaldo. — Mamãe ainda vai matar meu pai com essas ideias. Papai morre de ciúmes da Laura e de mim, com medo de fazermos escolhas erradas.
— Você não está ajudando, Helen.
— pode ficar tranquilo papai, só vou acompanhar Natália. Voltarei para casa sã e salva. Tá bom? — falo abraçando e beijando meus pais.
— tudo bem filha, eu confio em você. Bom passeio a vocês e juízo. — E assim saímos da minha casa. Já nos encontrávamos no carro quando Natália disse.
— devo confessar que por um momento pensei que seu pai não deixaria você vir.
— papai sabe que sou firme nos meus julgamentos. Ele só não quer aceitar que cresci.
— ele sempre te vê como a garotinha dele, né?
— Sim. Ele é assim com Laura também. Tanto é que até hoje não permitiu que ela fosse morar em BH. A última vez que tocaram no assunto, ele disse que vai até lá com ela.
— Senhor Osvaldo tem um coração muito bondoso.
— Eu que o diga amiga. Essa bondade dele para algumas pessoas não fazem bem.
— tenho que concordar amiga.
O caminho até a cidade vizinha foi até tranquilo. Chegamos sem grandes imprevistos. Natália que foi dirigindo.
— Amiga, vê se não beba, não quero dirigir nesse lugar desconhecido.
— Vou tentar Eloá. — demoramos alguns minutos até encontrar o tal Club e a estrutura era imponente. Enorme, tipo uns 10 andares. Parece um prédio comercial ou um hotel desses chiques com uma entrada para o estacionamento subterrâneo. Entregamos o carro para um manobrista. E seguimos para a entrada, onde um homem alto de terno preto estava parado.
— Boa noite senhoritas! Vocês possuem o passe?
— Sim. — Natália mostrou-lhe.
— Quem a presenteou? — Achei essa pergunta sem cabimento. Por que não nos deixam entrar já que possuímos o passe?
— Senhor William. — Natália diz meio temerosa. Então o homem fala algo para um fone auricular, acredito eu. Depois de alguns segundos ele permite nossa entrada.
Logo que entramos no edifício somos paradas por uma recepcionista que pega nossos passes. Ela nos conduz para dentro do lugar. Nossa, é tudo muito luxuoso, elegante e confortável. Tinha poucas pessoas, todas muito bem vestidas. Olhei os detalhes do local e fiquei encantada. Tudo gritava dinheiro e luxo. Tem sofás e mesas espalhadas. As luzes do ambiente era vermelho e roxo tipo neons e a do teto mudava de Azul-escuro para rosa. Era uma atmosfera aconchegante e meio sensual.
Os sofás pareciam confortáveis, os bares ficavam dos dois lados com uma pista de dança enorme e a frente o lugar que deve ficar o DJ e onde saem vários fechos de luzes. Nos cantos, perto da entrada de cada lado fica uma escada com corrimão que imagino ser uma área mais privativa. Acredito eu que é algum tipo de quarto, sala ou cabine. Não dá pra ver muito lá dentro por ter cortinas as cobrindo. Imagino que seja uma área para pessoas se pegarem sem plateia. Penso que atrás do palco do DJ deve ficar algo porque tem uma enorme parede de vidro. O lugar é verdadeiramente para privilegiados. Estou tão entretida que não ouço a mulher falando.
— Vocês têm direito a 2 bebidas grátis do cardápio vip e até meia-noite do cardápio comum. E podem usar a vontade o primeiro andar. Só não podem subir para os andares seguintes. E uma das regras é não usar os celulares aqui dentro. Portanto, terão que deixá-los comigo. No final da noite, quando vocês forem embora, eu os entrego. Alguma dúvida?
— Não, nenhuma. Aqui estão nossos celulares. — entregamos os celulares. E continuei observando o local que cada vez mais me encantava com a beleza e a curiosidade de saber o que teria nos andares seguintes.
— temos um cardápio diversificado que vocês podem consumir também, já que o passe de vocês é o de vip. Sintam-se a vontade e qualquer dúvidas é só me procurar. Eu me chamo Kátia. — ela se afasta, nos deixando sozinha no ambiente, aconchegante e intimidante.
— Natália, qual será o valor para ser sócio dessa categoria de Club? Só pode ser alguma espécie de anuidade ou mensalidade. Porque, pelo que observei, o passe VIP nos deu direito a beber e comer algumas coisas do cardápio. Mas acredito que tudo que consumirmos deverá sair do bolso do tal William. Já que o cara perguntou de quem era o passe.
— verdade amiga, não havia pensado por esse lado. Fomos sortudas entrando em uma boate tão luxuosa e encantadora assim.
— Você foi a sortuda. Eu só vim de penetra.
— penetra não, foram 2 passes e nunca viria sem você. Vamos até o bar pegar uma bebida e depois sentar em um desses sofás. — Disse Natália e eu a segui. E chegando ao bar um barman muito bonito nos atendeu.
— o que às duas gatinhas vão pedi para beber?
— Eu quero uma margarita. — disse Natalia.
— Saindo! E você gatinha? —perguntou pra mim, jogando charme.
— uma pina colada, por favor.
— vejo que você gosta de bebida segura, linda. Saindo no capricho para as duas gatinhas.
Quando pegamos nossos drinks, fomos procurar por um sofá para nos sentarmos. Já estava tocando uma música eletrônica. Havia algumas pessoas dançando na pista de dança, alguns conversando nos sofás espalhados pelo local. E assim que estávamos acomodadas tomando nossos drinks, vejo vindo em nossa direção um homem que parecia ser dono do lugar. E quando Natália prendeu a respiração, soube ser o William. Tem razão dela ter vindo aqui por ele. Provavelmente até eu ficaria mexida. O homem consegue dominar o lugar apenas com sua postura elegante.
— Boa noite moças. Estão gostando do Club? — Perguntou olhando exclusivamente para Natália.
— Sim, estamos gostando muito. Obrigado William.
— por nada linda. Quero te levar para um tour. Você aceita? — Natália olhou para o meu lado e eu balancei a cabeça para ela aceitar.
— aceito. — Ela disse com um sorriso tímido e Natália nunca é tímida. Penso que ela realmente gostou de William e espero que ele não a faça sofrer.
— você ficará bem aqui sozinha, amiga? — pergunta Natália insegura.
— se você quiser, pode nos acompanhar, senhorita? — William pergunta.
— Eloá. E muito obrigada pelo convite, mas prefiro esperar Natália aqui. Se divirta, Natália.
— tá bom amiga, já volto. — e logo os dois se foram. Devo dizer que fazem um lindo casal. Quem perdeu foi Dario por não ver a mulher linda e dona de si que é Natália.
Estou tomando meu Drink e vendo o movimento do Club. Muitas pessoas vão para o elevador para os andares superiores. E alguns sobem as escadas que dois seguranças ficam de guarda. É tudo muito organizado e interessante. Resolvo ir ao banheiro após terminar meu drink. Sigo para o lugar que acredito ser o banheiro feminino e encontro duas mulheres conversando.
— ouvi dizer que os dois donos estarão aqui hoje. — Diz uma das meninas enquanto entro no sanitário, fingindo usá-lo.
— Não acredito!! Eu só ouço falarem do Ângelo, tanto que o Club leva o nome dele. — diz a outra.
— Ângelo fez uma sociedade com um segundo dono, o que se mantém anônimo, mas que está sempre presente no Club de BH. Todos dois são podres de ricos. Eu sentava em qualquer um.
— O Ângelo parece muito gostoso, mas é frio e sério. E dizem que as mulheres que transam com ele não pode tocá-lo.
— Sério?
— Sim, a maioria é amarrada e ele as comem por trás sem nem olhar para seus rostos.
— nossa, isso é bem peculiar.
— peculiar é pouco. Mais quem transou com ele disse que não deixou a desejar e que transaria de novo. Mesmo não tendo carinhos ou contato com o corpo dele a não ser o pênis.
— cada uma em amiga. Mas deixa a pessoa curiosa. Eu teria coragem para saber com é ser Dominada por um cara daqueles.
— também me candidataria. Quem sabe eu não pego um e você o outro. — e saíram do banheiro falando e rindo.

Não sei nem quem é Ângelo ou o segundo dono. Mas posso imaginar o assédio que esses homens devem sofrer. E sobre não tocar no corpo do tal Ângelo é bem peculiar, assim como as amarras. Tenho que parar de pensar nos gostos sexuais dos outros.
O banheiro é muito lindo, as torneiras têm sensor de movimento e onde guarda o sabonete líquido também. Melhor lugar do Club sem pessoas. Sei que sou antissocial.
Vou procurar um cantinho. Saindo do banheiro distraída, vejo um homem subindo as escadas e perco meu ar. Posso jurar ser Corrado. Acredito que estou vendo o fantasma de Corrado por todos os lados. Mas o homem era lindo, todo de preto com um relógio de ouro. Ele passou tão rápido que não consegui ver seu rosto. O Cara não olhou para lado algum, como se fosse o dono do lugar, tão atraente que não tem quem não sinta sua presença andando com uma postura intimidante. Deve ser alguém bem rico. Não sei porque fiquei mexida, só pode ser carência. Me recupero e vou logo procurar um lugar distante para esperar por Natália. O que não fazemos por uma amiga!

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