capítulo 46

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ELOÁ GOMES

Ele passa por entre as pessoas, me conduzindo para dentro do casarão, em uma espécie de sala de estar. Muito bonita e bem decorada, com duas poltronas bege e uma mesinha de vidro com um vaso de flores em cima e um livro. Há também um grande sofá próximo a um armário com vários livros e um aquário.
- Que lugar lindo! - Exclamei.
- Essa é a sala de leitura da minha mãe - Dario disse enquanto pegava minhas mãos.
- Eloá, é provável que você tenha percebido como eu olho para você, não é? - ele perguntou olhando em meus olhos, fazendo carinho em minha bochecha. Não senti nada, não era nem mesmo comparável ao que sinto quando sou tocada por Corrado.
- não estou entendendo onde você quer chegar Dario. - falei me afastando dele e mantendo distância. Ele pareceu frustrado.
- É tão óbvio, Helô, meus sentimentos por você. Sempre deixei claro com minhas ações que estava interessado em você. - ele falou, passando as mãos em seus cabelos e parecendo triste.
- Você que sempre quis me ver como amigo. Mas cada vez que a levei ao cinema, ou até ao laguinho. Cada vez que apostei corrida com você só para ver sua felicidade em comer um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, foi porque estava apaixonado por você. Tentei não me apaixonar, juro que tentei. Mas sempre que você sorria para mim, ou me abraçava quando ficava feliz, ou contava seus sonhos e segredos, me encantava ainda mais. Sua beleza, inocência e bondade, tudo foi um combo para me apaixonar. E mantive esse sentimento guardado por anos, esperando o momento certo, a hora em que você me veria mais do que como um amigo. - ele se declarou, vindo em minha direção para passar suas mãos em meus cabelos em forma de carinho.
- Dario, eu não...
- Por favor, Helô. Dê uma chance para nós dois. Deixa eu provar como eu sou louco por você. Permita-me fazê-la feliz. - ele pede em uma suplica olhando em meus olhos. Fico triste por ele.
-- Dario, você sabe que gosto muito de você, não é? - ele me olha com esperança. - Mas é um sentimento de amigos. - Não posso alimentar algo que não sinto por ele.
- Eu sempre amei nossa amizade e companheirismo, mas é só isso. Sinto muito, Dario, de verdade mesmo, mas não posso corresponder aos seus sentimentos.
- Por que não, Helô?
- Eu amo o seu irmão, Dario. E sinto muito ter que te magoar falando isso, mas não posso mentir, nem esconder meus sentimentos. - Vejo que minhas palavras o machucaram. Não queria que isso acontecesse, juro que não é minha intenção magoá-lo.
- Corrado não merece você, Helô. Ele não pode amar ninguém, ele está quebrado e não tem conserto.
- Por que fala assim dele, Dario?
- Ele não te contou, não é mesmo? - Ele pergunta soltando uma risada amarga e colocando as mãos no bolso, virando de costas para mim. Ele está tenso.
- Corrado tinha uma noiva chamada Manuela, a quem ele amava muito. Ele fazia de tudo por ela. E bem, digamos que ela... Se cansou dele e o traiu. Ele foi traído duas vezes, já que ela ficou com a pessoa em quem ele confiava cegamente. E Corrado jurou que nunca permitiria que alguém entrasse em sua vida novamente, e desde então ele coleciona corações partidos. Ele apenas usa as mulheres, não se iluda, você não é nada para ele, não passa de um brinquedo que logo será descartado. - Me sento na poltrona. Isso explica o porquê de ele carregar tanta dor nos olhos. Por isso ele tentou se distanciar de mim.
- Ele não é assim comigo, Dario. Ele não está me usando, nós nos gostamos e estamos juntos. - Dario solta uma gargalhada, mas vejo mágoa em seu olhar, assim como lágrimas não derramadas. Sei que estou machucando-o.
- Não seja boba Helô, você vai se ferir à toa. Ele só estava passando um tempo com você, princesa. Ele está indo embora domingo à noite. E seu conto de fadas acabará. Ele está voltando para a vida de perdição que ele tanto ama. - As palavras de Dario são como veneno correndo por minhas veias, cada palavra que ele fala me corta ao meio. Será que fui apenas um passatempo para Corrado? Será que me entregar para ele não significou nada? Mas então seguro meu colar e lembro do dia em que fizemos amor, dos dias em que ele me levou à cachoeira, ou das noites que dormi em seus braços, de cada ação que ele teve para me fazer feliz, do pedido de namoro que ele fez aos meus pais. Corrado nunca mentiu para mim.
- Ele não te falou, não é?
- Não tivemos tempo de conversar, estive ocupada. Mas isso não vem ao caso. Só sei que deposito minha confiança em Corrado e nos sentimentos dele por mim e nos meus sentimentos por ele. Acredito que estamos juntos e superaremos todos os obstáculos juntos, mesmo que tenhamos que lidar com a distância, não desistirei facilmente. Não sou a ex-noiva dele e vou mostrar isso a ele.
- Você está cometendo um grande erro, Helô. - ele vem até onde estou, se abaixa, pega minha mão e a beija, e depois desliza seus dedos pela minha bochecha, me analisando. - Eu posso te dar o mundo, Eloá, eu não sou um caipira qualquer, tenho dinheiro e o mais importante... - ele se aproxima ainda mais. - Eu não tenho bagagens. Serei apenas e totalmente seu. Me dê uma chance para provar como podemos ser felizes juntos. - Estou para responder quando uma voz friamente calculada vem de trás de nós.
- Acredito que você está com as mãos no que não te pertence, Dario. - diz Corrado.

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