capítulo 41

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            CORRADO MARTINELLI

             3 SEMANAS DEPOIS

Virou rotina a presença de Eloá em minha casa. Ela vem sempre um dia sim e outro não e dorme aqui nos finais de semanas, indo embora só na segunda à tarde. Me acostumei com a presença dela no chalé e até mesmo Cida sente falta dela quando ela não vem. Hoje ela não apareceu, mas acredito ser porque amanhã é sábado, então decido não incomodá-la.
Vou direto para o escritório. Está aproximando o dia de João Pedro aparecer e não estou tão ansioso como antes para ir embora. Uma parte minha esta gostando de ficar por aqui, de ter sorrisos e beijos, de ser recebido por Eloá em casa com Conceição.
Chegando no meu escritório, como sempre, abro as cortinas e janelas, sento em minha cadeira e começo a trabalhar. Dario ainda não voltou, sua viagem prolongou por mais algum tempo. Parece estar se especializando em outras coisas, mas acredito que esteja mentindo. Ele nunca ficou tanto tempo fora de casa, não depois da faculdade.
Deixo minha caneta na mesa, não conseguindo me concentrar. Levanto-me e vou até o barzinho. Pego a garrafa de Uísque e sirvo uma dose da bebida, tomando toda de uma vez. Sirvo-me de outra dose e caminho até as janelas, onde fico olhando para minhas terras, que são um todo da família. Penso em como cheguei até aqui,  tudo que passei e sobre o que farei de agora em diante. Eloá que de mansinho está penetrando por entre minhas barreiras e está conseguindo baixar minha guarda. O quão perigoso isso é? Não tenho ideia. Às vezes sinto o desejo de desacelerar um pouco.
Meu telefone está tocando. Depois da terceira vez que chama sem parar, resolvo atender.
— Corrado, demorou a atender. Aconteceu alguma coisa?
— Nada que você deva se preocupar, Ângelo. Em que posso ajudar?
— Em nada, amigo. Só liguei para verificar você. Sabe que não estou em Minas, tive um imprevisto que me fez voltar para São Paulo.
— Obrigado, Ângelo. E estou bem. Não sou um bebê, porra!
— Eu conheço quando você está bem ou não, pelo seu tom de voz.
— Eu sempre falo do mesmo jeito.
— Você que pensa. O que está te incomodando?
— Acho que estou me apegando muito rápido a Eloá.
— E qual é o problema?
— Medo, Ângelo. Medo de me perder. Medo de me afundar.
— Tem que esquecer o medo, cara. Passado é passado.
— Não é bem assim, você sabe.
— Sei, mas nada justifica esses pensamentos.
— pode se repetir, Ângelo.
— Eloá não é assim, Corrado.
— Quem garante que não?
— Não temos garantias de nada na vida, Corrado. A gente só segue em frente. A vida é uma grande aposta, onde às vezes ganhamos e outras... — ele para, porque é duro falar em perda, porque ele perdeu tudo...
— Desculpe, Ângelo, por estar te enchendo com minhas inseguranças.
— para isso que servem os amigos, Corrado. Você também me ouve quando preciso, e sempre preciso. — nós dois somos uma espécie de irmãos que se ajudam e ele já me ajudou muito, e eu já o salvei dele mesmo muitas vezes.
Conversamos mais alguns assuntos relacionados aos nossos negócios, passando algumas horas conversando. Chegou a noite, jantei e fui para a cama. É meio vazio não ter Eloá aqui. Não ter conversas e risos. Me acostumei com sua presença e isso é uma merda.

             DIA SEGUINTE

Acordei tarde, como hoje é sábado e não precisava ir à fazenda, resolvi fazer alguns exercícios. Instalei alguns aparelhos de academia aqui mesmo no chalé e fui para eles. Mais tarde Conceição apareceu e fez o almoço.
— Cida ficou triste por não poder vir, aí falei que viria .
— Você não precisa fazer todo esse sacrifício, Conceição. Sabe que me viro.
— Jamais vou deixar meu menino com fome.
— Vendo você falar assim, até parece que ainda sou uma criança, Conceição. — Acabei rindo da fala dela. Ela fica me olhando com os olhinhos cheios de lágrimas e fico confuso sem entender o porquê.
— você não tem ideia em como sonhei com o dia que você voltaria a sorrir, Corrado. A meu menino, como estou feliz. A menina Eloá tem dedo nisso, não é mesmo?
— Acredito que não é só os dedos, Conceição. Ela tem a mão inteira. Eloá, com sua leveza, carinho e bondade, está me conquistando, Conceição. — Ela levanta e me abraça, e eu a abraço também. Conceição é como uma mãe para mim.
— Oh, meu filho, eu orei tanto a Deus para você ser feliz de novo. Você merece muito ser amado, meu filho, merece demais, e a menina Eloá está cuidando de você e do seu coraçãozinho. Não podia me deixar mais feliz, eu te amo tanto. — Não me dou bem com declarações de ninguém. Não sei, às vezes parece que um interruptor de desligar me deixou assim. Ainda bem que Conceição não liga, ela conhece minhas dificuldades.
— Oh de casa, estou entrando, em. Uai! Eu também quero um abraço, Conceição.
— Aí está a alegria dessa casa. Esse chalé perde o brilho sem você, menina Eloá. — Disse Conceição, indo abraçar Eloá. Que está com uma mochila nas costas, e com um cropped verde e um short jeans, está tão linda. Depois de abraçar Conceição, ela corre para os meus braços.
— Sentiu saudades, Corrado?
— Sim, muitas. — falo dando um selinho nela, em respeito a Conceição. — Passou dois dias sem vir me ver. — Levanto uma sobrancelha.
— Meus pais estão fazendo patrulha cedo, está quase impossível sair de casa. — Faz beicinho.
— Por que não mandou mensagens, hum?
— Você trabalha demais, Corrado. Mandei três mensagens para você responder uma.
— Desculpe, linda, ontem realmente me afundei no trabalho.
— E não sei?
— Só você, menina Eloá, para colocar ordem nesse homem.
— pode deixar comigo, Conceição. Vou ensinar Corrado a viver.
— Isso aí, Eloá.
— Eu estou aqui, viu? — Elas riram de mim. Brincadeira!
— vem, menina Eloá, vamos almoçar.
— Só vou ao quarto guardar minhas coisas e já volto. — Ela sobe as escadas.
— Não deixe que o passado influencie o seu futuro filho. Eloá não é como ela.
— Como pode ter certeza, Conceição? — É complicado não comparar quando a história parece se repetir.
Quando ela vai falar, Eloá aparece. Olha pra mim e Franze o rosto. Acho que deixei transparecer a bagunça que sou por dentro. Rapidamente, me levanto e digo que vou ao banheiro. Subo as escadas com o máximo de controle que tenho, sigo para o banheiro e me tranco lá. Tenho que manter o foco, não vai se repetir. Olho para o espelho e vejo meu rosto cansado. Não tenho dormido muito bem. Deve ser isso falta de sono.
— Corrado, o que houve? Por que parece triste? Tem algo de errado? — ela pergunta perto da porta do banheiro.
— Nada, linda. Não houve nada. Já estou saindo. — Jogo água no meu rosto, seco e abro a porta, e Eloá vem me abraçando.
— Você está indo embora?
— Não, linda, ainda não. — Ela olha para mim e posso ver tristeza em seu olhar. Tão transparente.
— Então o que fez você ficar triste?
— Saudades de você.
— também estava morrendo de saudades. — Eu a pego no colo e vamos para a cama. Eu a coloco no meio da cama e junto-me a ela. E ficamos ali trocando carícias. Eloá faz tudo parecer fácil para mim. Nos beijamos com tanto sentimentos.
Descemos depois de matar a saudade e fomos almoçar, e claro, chamamos Conceição para vir conosco.
— Sua comida está divina,  conceição. Dario sempre me trazia bolo de cenoura com cobertura de chocolate quando a senhora fazia, e vou te falar, comia até dizer chega, que Branca não me ouça. — troco um olhar significativo com Conceição, é sobre isso. As duas começam a falar sobre o tal bolo e perco o apetite. Assim que terminamos de almoçar, vamos para a sala como sempre, maratonas de série e filmes, e para nos mimar, Conceição fez pipoca antes de ir embora.
— tá afim de ir à cachoeira? — Pergunto, e ela se anima, pulando igual criança.
— Vamos sim. Já vou subir para me trocar. — E vai ela toda feliz. O sol não estava muito quente. Estava  agradável.
Eu visto um short e uma camiseta, ela usa biquíni de cima e um short jeans, passamos protetor solar e saímos, fomos andando mesmo. Ela me surpreende ao pegar minha mão para andarmos de mãos dadas.
— Sempre quis andar de mãos dadas assim com alguém.
— Sério? — Pergunto, não acreditando.
— Sim, muito sério. Acredito que você esteja realizando todos os meus desejos. — Ela diz sorrindo, eu paro, coloco a mochila no chão e pego ela em meus braços. E ela levanta os braços para cima. Eu fico girando a gente, e ela grita, feliz, e acabo sorrindo também.
— Eu sabia que por trás de toda aquela carranca existia um homem que sorria e que era divertido.
— está colocando muita fé em mim, Eloá. — digo, pousando ela no chão. Mas não antes de trocarmos alguns beijos.
— Não estou não. Sei que é maravilhoso, Corrado, por fora e por dentro também. — Disse unindo nossas mãos. E continuamos andando até chegar à cachoeira. Estendo uma manta no chão e deixo nossas coisas ali. Eloá quis tirar várias fotos, e algumas de nós dois, disse que era pra recordação. Entramos na água juntos.
— Você se lembra do dia que fomos ao Riacho? — Ela pergunta.
— Como vou esquecer a menina ousada que você foi.
— Eu tive ódio de você naquele dia.
— Por quê?
— Eu queria que você me notasse, que pudéssemos nos aproximar e,  acabando, você me chamou de pirralha.
— Oh, desculpe linda. É que você me fazia perder o controle. E isso me deixava maluco, e sempre que ocorria, eu precisava te afastar.
— Por que você queria me afastar?
— Está com alguém, como estamos, nunca esteve nos meus planos. — confesso passeando minhas mãos por seu corpo.
— Você é a única coisa boa que aconteceu com a minha vinda aqui. — Eu seguro seu corpo junto ao meu e beijo os seus lábios doces.
— Você também é uma coisa muito boa na minha vida, Corrado. Espero que dure. — ela diz a última frase em um sussurro. E  me beija, ficamos ali curtindo o nosso dia na cachoeira. Eu saí da água, mas ela continua, parecendo um peixinho.
— Vem, sai da água um pouco, vai ficar toda enrugada.
— Tá é com inveja. — Ela disse, jogando água em mim. Eu pego a toalha para enrolá-la e ajudo-a a enxugar. Sentamos na manta e comemos algumas guloseimas.
— Tome água ou suco, linda. Se hidrate. — pego uma garrafa de água e entrego a ela.
— Corrado?
— Sim.
— posso te fazer uma pergunta?
— Claro.
— Você não falou mais do Club Dell’Ângelo.
— Está curiosa, querendo ir de novo? — Pergunto olhando para seu rosto, que fica com um tom avermelhado, acredito que esteja envergonhada.
— talvez. — ela da de ombros.
— Certo. Quando eu souber o dia que vai abrir, a gente vai.
— Não é todo dia? — Pergunta curiosa.
— Não. Requer muito tempo para programar as festas. O Club em si não fecha. Mas as atrações não acontecem sempre. Às vezes é uma vez por mês, ou às vezes a cada 2 meses.
— então não é sempre que se usam os andares de cima?
— na cidade de Albuquerque, por exemplo, sempre abrimos do nível um até o dois. O nível quatro são os quartos. Às vezes fazemos algumas exceções. O nível dois é onde fica o karaokê, salas privadas para serem usadas individualmente ou em grupo. Tem desde salas de jogos até algumas com fetiches leves, mas não é do nosso Interesse o que acontece nas salas, desde que seja dentro das regras.
— Como assim, leves?
— Por exemplo, para a performance de strip-tease e pole dance. Coisas que geralmente não se tem em casa, como as fantasias, palco, luzes, músicas sensuais, dando liberdade às pessoas para brincarem com seus parceiros.
— vocês trabalham com prostitutas?
— Não. De jeito nenhum. Mas tem algumas mulheres e homens que fazem algumas atrações quando têm festas. Mas se eles transam ou não, é com eles, não nos metemos nesses assuntos. Por isso, nem sempre acontece, pois exige demais de todos, principalmente de quem as produzem, tem os seguranças às câmeras é muito trabalho para não virar bagunça.
— entendo. — Ela disse, mas ficou pensativa. Eu a puxo para meus braços e beijo seus cabelos.
— Você já foi em todos os níveis? — Ela pergunta enciumada.
— Sim. Não mentirei pra você, Eloá. Então, sim, já fui em todos os níveis e salas. Mas, às vezes, só por curiosidade pra ver até onde a mente pervertida de Ângelo vai. E tenho que dizer que o cara não tem limite para perversões.
— Não quero nem imaginar, já que até você fica perplexo. O que tem no nível 3?
— por que da pergunta?
— Natália... ela hum.. esteve lá.
— O nível 3 é dos Voyeurismo e exibicionistas, de leves a moderados.
— Explique. — ela pede, e posso ver que ela está ficando excitada. Começo a passar a mão pelo seu corpo e vou sussurrando em seu ouvido o que acontece por lá.
— Eles podem desde apenas receber uma dança no colo ou no Pole. Ou ir para um quarto e observar as pessoas transando. Se você ficar com muito tesão, existem algumas cabines, onde tem uma enorme parede de vidro e você pode transar com a pessoa que está acompanhando você. Porque tem quem sinta tesão de observar ou de ser observado. — sussurro rouco, indo com minha mão dos seus seios até sua barriga, entrando dentro do seu biquíni, e estimulando seu clitóris inserindo um dedo em sua buceta.
— Corrado... — ela geme meu nome.
— você gostaria de observar ou ser observada Eloá? Queria alguém assistindo você sendo fodida por mim, Hum? — Pergunto acelerando os movimentos dos meus dedos, retirando a parte de cima do seu biquíni.
— Não sei... Corrado... eu... acho... que... hum...
— O que, linda? — Pergunto beijando seus lábios, e deitando-a na manta, entrando entre suas pernas, chupando seus seios, ela arfa. — Você prefere observar, né, linda? Quer ser uma Voyeur? Hum...
— Sim...
— Sabia. Você é muito safada e adora observar as pessoas. Vou te levar quando tiver atrações. Mas terei que te colocar de quatro e comer você enquanto você assiste a outras pessoas fodendo. — A safada goza em meus dedos, não resistindo coloco a camisinha, afasto seu biquíni e entro dentro de sua buceta apertada de uma só vez, fazendo ela dar um gritinho. — como você é apertadinha. Sempre é como se fosse a primeira vez que estou mergulhando meu pau em você... — E nos entregamos ali a um sexo gostoso, buscando o orgasmo no meu lugar favorito da propriedade. Quando terminamos, puxei-a para deitar sua cabeça em meu peito.
— Esse lugar é maravilhoso, Corrado.
— Não posso negar, Eloá. É mesmo perfeito. — digo sentindo seu carinho em meu abdômen.
— eu amo ouvir seu coração quando estou deitada com a cabeça em seu peito. — fico em silêncio depois de ouvir sua confissão. Mas continuo passando a mão em seus cabelos e beijando sua testa. — Será que não é melhor nos vestirmos? pode aparecer alguém aqui.
— Não vem ninguém aqui, Eloá. Pode ficar tranquila. Jamais deixarei outras pessoas verem essa bucetinha gostosa. — Digo beijando seus lábios. Estamos meio cobertos pela manta. E ela adormece em meus braços. E eu fiquei ali assistindo ela dormi. E fazendo carinho em seus cabelos. Quando estava bem tardezinha e a noite já caía, eu a acordei.
— Vamos para casa, dorminhoca.
— Mas já?
— Sim, outro dia voltamos. — afirmo tocando a ponta de seu nariz e beijando ali.
— certo, vamos. Vou cobrar viu.
— Sei disso. — recolhemos nossas coisas, nos vestimos e voltamos para casa. E passamos o resto do dia grudadinhos.
Passamos o restante do domingo  apenas curtindo e namorando. Nunca passei tanto tempo assim sem trabalhar, era diferente e bom. Eloá limpou algumas coisas na cozinha e começa a preparar algo para a gente comer.
— Não precisa cozinhar todos os dias, Eloá. Tem algumas porções prontas.
— Nada disso. E também gosto de cozinhar para você.
— Estou percebendo. Mas termine rápido para poder vir se deitar comigo. Amanhã tenho que acordar cedo para o trabalho.
— deixe de ser manhoso, Corrado. E você nem precisa ir todos os dias à fazenda. Seu pai dá conta.
— Meu pai gosta do trabalho administrativo. O de distribuição de quadras para os Capatazes ele deixa pra mim. Não vejo a hora de parar.
— hum, está se entregando. Também gosta do trabalho de escritório, não é mesmo seu engomadinho?
— Você me chamou do quê, Eloá? Não vai ficar assim não. Vem aqui sua pequena atrevida. — pego ela nos braços e a levo para o sofá onde faço cócegas até ela gargalhar.
— Não disse nada, Corrado... Pare. — e ela fala gargalhando, e então paro, e a deixo descansar. Ela vem para o meu colo e beija minha boca. E ficamos assim até a panela queimar e ela ter que sair correndo para a cozinha. Julgo que a distraí.
Na segunda-feira trabalhei na fazenda e quando cheguei em casa antes do almoço encontrei Eloá fazendo faxina.
— A Cida vem amanhã, Eloá. Não precisa fazer faxina.
— precisa sim. Darei um descanso a Cida. E também só vou poder vir aqui na Quarta-feira. Vou ficar com saudades.
— De quê?
— De você, seu bobo.
— E para isso está limpando a casa?
— Estou tentando me ocupar. — Diz fazendo bico.
— vamos lá em cima que vou te dar algo para mantê-la bem ocupada.
— Deixa de ser safado, Corrado.
— você adora o safado aqui, eu sei. — ela não diz nada, só pula em meus braços e partimos para cima juntos.

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