capítulo 48

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          CORRADO MARTINELLI

Porra, eu costumava ser um homem diferente, feliz e de sorriso fácil, mas acabei me perdendo após ter sofrido três traições. O que restou foi o implacável CEO das empresas Martinelli, o sócio secreto do Club Dell'Ângelo e o dono do hotel fazenda. Depois disso, nunca mais quis me envolver com nenhuma mulher. Felizmente, sempre tive a ajuda do meu amigo Ângelo e do meu irmão Paolo, que conhecem meus traumas e sempre me ajudam a me encontrar novamente quando me perco. Eu tinha conseguido parar de me perder, mas estando aqui, tudo volta. Este lugar traz o pior de mim e ver a Ana é um gatilho. Fiquei tão perdido em meus pensamentos que até esqueci que a Eloá estava ali comigo.
— Corrado?
— Sim.
— Você... ainda...
— Não, Eloá. Eu não amo a Manu, na verdade, eu costumava sentir ódio e desejar sua morte, mas hoje em dia eu sou indiferente a ela. Não faz diferença alguma se ela está viva ou não. — Acredito que nunca a amei de verdade, pois dizem que quando amamos alguém, não conseguimos esquecer essa pessoa, e eu prefiro nem lembrar que ela existe.
— E quanto à sua mãe, você a odeia? — Eloá pergunta, colocando-se de frente para mim e olhando em meus olhos.
— Minha mãe é diferente. Acho que por ser minha mãe, eu me odeio por não conseguir ser indiferente a ela. Por mais que eu diga coisas para feri-la, eu me preocupo com ela e quero o seu bem. Eu não sei ser falso e traidor como ela é. — Já em relação ao Walter, eu o odeio, mas nunca tentei destruí-lo. Mas eu poderia se eu quisesse, digamos que eu sou um pouco mais influente do que ele.
— Você já tentou falar com ela depois do que aconteceu?
— Não. — Naquela noite, eu disse a ela que ela tinha deixado de ser minha mãe, que ela deveria esquecer que um dia eu fui seu filho, que eu a odiava. E nunca mais trocamos nenhuma palavra que não fosse o necessário, ou minhas ofensas para atingi-la e mostrar como ainda me sinto.
— Não acha que... — Eloá começa, e eu coloco meus dedos em seus lábios com cuidado para silenciá-la.
— Por favor, se quiser viver em paz comigo, não toque nesse assunto, porque não sei se um dia serei capaz. — Ela entende e me abraça, e eu retribuo.
Eloá é minha paz, ela é o que eu não estava procurando, mas necessitava ter em minha vida.
Eu procuro pelos seus lábios e beijo primeiro como uma carícia e depois com fervor e desejo. Passo minhas mãos pelo seu corpo.
Eloá é meu equilíbrio, ela me passa calmaria em meio à bagunça que às vezes sou. Ela para nosso beijo e olha nos meus olhos.
— Você está indo embora? — Vejo seus olhos enchendo de lágrimas. Pego ela em meus braços e me sento no sofá que tem no cantinho da sala e a coloco em meu colo. Ela não sai e fica olhando para mim com aqueles olhos verdes que tanto adoro.
— Sim, já passou da hora de voltar para BH e colocar ordem na empresa. Paolo é bom no que faz, mas ele não é o CEO da empresa. — Digo a verdade. Tenho que descobrir quem vazou as informações e já tenho quase a certeza de quem seja.
— E nós? A gente, o que vai acontecer? — Ela pergunta, e vejo que está tentando ser forte. Ela tentou sair do meu colo, mas não deixei.
— Você quer continuar comigo? — pergunto.
— Como assim? — Eloá questiona.
— Ainda quer ser minha namorada?
— Claro, Corrado. Você sabe dos meus sentimentos por você.
— Então está resolvido — digo, mas ela nega com a cabeça e tenta se levantar. Permito porque ela parece querer espaço.
— Não está nada resolvido, Corrado.
— Por que não, Eloá?
— Porque não deu certo antes com sua ex-noiva. E não quero que você desconfie de mim. Não quero que o que temos acabe por desconfiança ou distanciamento. Eu te amo demais para ter migalhas do seu tempo, Corrado. Eu quero tudo com você. E não me importo e nem quero seu dinheiro. Eu só quero seu tempo e você. E com você em BH, vai ser quase impossível isso acontecer. — Ela fala, e vejo lágrimas em seus olhos. Ela está terminando comigo?
— Você está terminando comigo, Eloá?  — quando ela vai falar, batem na porta. Depois de um momento, a porta se abre, era a mãe de Eloá.
— Vocês sumiram, ficamos preocupados. Está tudo bem, filha? — Helen olha para Eloá com preocupação, pois ela estava chorando. Quando a mãe dela pergunta, vejo Eloá correndo para os braços da mãe, e fico ali parado, e meu maxilar trava.
— Você pode me deixar a sós com Eloá por um momento, Corrado? — Pergunta Helen, e não tenho nada a fazer, a não ser dar espaço para as duas.
— Claro, Helen. — Olho mais uma vez para Eloá, porque talvez seja a última vez que a vejo, e saio da sala, ouvindo o choro de Eloá ficando mais alto, mas não volto para trás. Vou respeitar o tempo dela com a mãe, depois a procuro para conversarmos. Não vamos terminar assim.
Vou até o escritório do meu pai. Ele estava sentado à mesa com Paolo sentado em uma poltrona. Me sento na poltrona ao lado depois de servir-me com outra dose de uísque.
— O que aconteceu? Achei que estaria agarrado à sua menina. — Fala meu pai, parecendo confuso.
— Estávamos bem, até Eloá terminar comigo.
— Por quê? — Pergunta Paolo preocupado.
— Acho que porque sou um fodido.
— Você contou sobre seu passado para ela? — Paolo pergunta.
— A maioria das partes sim, só não disse o nome do bastardo do Walter. Seria demais para mim falar daquela peste.
— E o que houve? — Paolo insisti.
— Ela disse que não quer que aconteça o mesmo que aconteceu com minha ex. Ela não quer migalhas de tempo. — Todos ficaram calados porque não tinha o que dizer sobre isso. Fala o quê? Ela tem razão, eu não posso abandonar meu cargo de CEO. Vou estar mesmo muito longe, mas dava para tentar, dá para ser diferente. Eu quero que seja diferente.
— Por que não a convenceu?
— Eu estava prestes a fazer isso, Paolo, quando a mãe dela apareceu e ela começou a chorar. Sua mãe pediu que eu desse licença, e não me impus e saí de lá. — Falo me acomodando na poltrona. Eu ainda vou falar com ela. Não vou ir embora sem resolvermos isso.

— Vai desistir assim? — Paolo pergunta.

— Eu acho que seria o certo a se fazer, meninos. Já vimos que relacionamento assim não dá certo, e Corrado tem trabalho demais para ficar fazendo capricho dessa menina. — Nosso pai fala. Eu não gosto de contrariar meu pai, tenho um respeito muito grande por ele, mas ele já está passando do limite. Quando vou retrucar, minha mãe aparece na sala.
— Filho, Eloá está indo embora com a família dela. Aconteceu algo? — Olho para Paolo, que balança a cabeça, e eu entendo. Levanto da cadeira e saio pela porta. Não vou deixar que ela vá embora, nem que para isso tenha que fazê-la me ouvir na frente de todos. Não vou perdê-la sem tentar lutar por nós dois.
Sai do casarão e procuro por ela. Vejo quando elas estão conversando com Natália e Laura e juntas seguem para o estacionamento. Corro até elas.
— Eloá! — Grito seu nome, sem me importar com mais nada. Ela se vira e olha nos meus olhos.
— Você não pode ir embora sem antes nos entendermos. Não podemos desistir assim de nós dois, não sem lutar. Eu acredito que podemos dar um jeito juntos. Por favor, linda, vamos tentar. — Digo, parando no meio do caminho e olhando para ela. Eloá olha para mim com os olhos cheios de lágrimas e, em seguida, olha para sua mãe e as meninas que estavam atrás dela. Eu espero que ela decida por nós dois, porque tudo o que eu quero é um futuro com Eloá. Quero me arriscar novamente e, dessa vez, não estou com medo.

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