Epílogo 2

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              CORRADO MARTINELLI


                  MESES DEPOIS


Passamos 15 dias em Campos do Jordão e tive o prazer de ver Eloá aproveitando cada passeio que eu pude proporcionar a ela, encantada com o charme e a elegância do lugar, belas paisagens e o clima perfeito e romântico, onde tivemos várias noites de amor, aproveitando cada minuto juntos nos amando. Eu amo Eloá de um jeito que tenho medo de sufocá-la, então tento me controlar ao máximo. Fomos ao Parque Capivari e ao Morro do Elefante pelos teleféricos, que dizem ser um dos mais famosos do país, e Eloá aproveitou tudo como a menina que ela ainda é. Tentei acompanhá-la, mas muitas vezes ela foi em algumas atrações sozinha, mas eu sempre estava ali para ela, a acompanhando e apoiando. Fiquei perdido em meus pensamentos até que várias mensagens de texto de Laura chegam.


Laura: Eloá me pediu que te informasse que precisava falar com você com certa urgência.

Eu: Aconteceu alguma coisa grave com ela, Laura? Fiquei preocupado.

Laura: Acho melhor ela mesma te contar, Corrado. Ela está te esperando no lounge da Hípica.


Acabei falando todos os palavrões que vieram à minha mente. Acho que vou infartar porque meu coração deu um pulo e começou a bater rápido demais. Pego minhas coisas e a chave do carro o mais rápido que posso e saio da minha sala.
— Joana. Quero que você desmarque todas as minhas reuniões de hoje, e quando fizer isso pode ir para casa. — digo e vou correndo pegar o elevador privativo, não tendo tempo para explicar nada. Não, quando estou pirando.
— O que aconteceu para você estar tão apressado, Corrado? — pergunta Paolo.
— Laura mandou uma mensagem falando que Eloá precisa de mim. — falo enquanto estou ligando para Eloá, que não atende e só dá caixa postal.
— Porra, por que ninguém atende? Essa mulher quer me matar.
— Calma, irmão, deve ser alguma coisa relacionada à Hípica ou à Laura. Você sabe que a menina está para ganhar o bebê a qualquer momento. — Depois que voltamos da lua de mel, Eloá me contou que a irmã tinha engravidado do tal Ramon, — sabia que aquele sujeito não prestava — e que com medo, Laura não queria mais viver no Haras dos pais. Eloá pediu se poderia deixar a irmã vivendo na Hípica. Concordei, até porque a Hípica era de Eloá, e nunca iria interferir nos problemas familiares dela. Os pais delas quase tiveram um infarto com a mudança da filha mais nova do Haras, e com muita conversa, e Laura dizendo que era para estudar e que voltaria logo, os pais permitiram. Depois de alguns meses, eles estiveram na Hípica, e bem, Laura não pôde mais esconder a gravidez. Foi um momento muito comovente, e os pais dela a apoiaram, mas claro que falaram com Sebastião para que o filho assumisse a responsabilidade com a bebê de Laura. Sebastião informou que assim que descobrisse onde estava Ramon, faria o mesmo voltar, mas isso já faz alguns meses e até agora nada. Laura está grávida de uma menina e deve dar à luz a qualquer momento.

— Não acho que seja sobre isso, até porque a menina criou uma amizade com Rogério, que não a deixaria desamparada. — comentou com Paolo enquanto pegávamos o elevador.

— Vou com você. Sabe que me preocupo com minha cunhada e também acho que Antonella esteja na Hípica. — Nossa mãe está nos fazendo uma visita e ficou de passar o dia na Hípica. Não somos próximos, mas convivemos bem no mesmo ambiente. Ainda existe uma mágoa em mim, mas aos poucos estou superando isso e baixando a guarda, mas não sei se poderei ser mais do que sou com ela.

Eu e Eloá nos mudamos definitivamente para a Hípica. Ela vivia lá e, sempre que eu saía do trabalho, seguia direto para lá, acabávamos ficando por lá mesmo e resolvemos que seria nosso lar. Tem funcionado bem. Às vezes, quando Eloá precisa vir à cidade, ela passa na empresa e almoçamos juntos, mas também vamos ao clube e dormimos na cobertura, então temos um arranjo perfeito.

Seguimos de carro para a Hípica em silêncio. Como não estava em condições, deixei para que meu irmão dirigisse. Tentei ligar novamente para Eloá e até para Laura, mas nada. Estava começando a ficar realmente preocupado com todo esse silêncio. Eloá se tornou minha prioridade. Sempre ela vem em primeiro e imaginar que algo possa ter acontecido a ela me deixa sem chão. Nunca poderia superar...

Chegamos na Hípica e nem esperei Paolo estacionar. Já fui saindo do carro e correndo até o lounge. Estava ofegante e cansado quando cheguei lá, mas estava tudo muito calmo e Eloá estava sentada em uma poltrona, olhando para onde alguns funcionários estavam trabalhando.

— O que houve, Eloá? Estava preocupado, você não atendeu minhas ligações. Está tudo bem, meu amor? — suponho que minha voz tenha mostrado o quanto estava preocupado, porque ela olhou para mim e na hora senti que algo estava errado. Me ajoelhei perto dela na poltrona e peguei suas mãos.
— Me diz, amor, o que houve? — perguntei enquanto analisava cada parte do seu corpo. Ultimamente ela estava misteriosa, meio distante, e eu até tentei perguntar várias vezes o que estava acontecendo, se eu havia feito algo que a desagradou, mas ela negou. Mesmo assim, ela continuava um pouco distante.
— Amor... eu preciso que você se sente para que possamos conversar. — ela falou, e isso me deixou ainda mais nervoso.
— Eloá, você sabe que não tenho mais idade para essas enrolações. Fala logo, amor. — eu estava cansado e com medo do que ela poderia revelar. Me sentei na poltrona com os cotovelos escorados em meus joelhos e passei as mãos em meus cabelos, deixando uma bagunça, e esperei que ela falasse. Eu a ouvi se levantando e indo até a mesa para pegar algo, mas não olhei porque estava exausto.
— Ultimamente, você está meio distante de mim, Eloá, e agora isso. O que está acontecendo, meu amor? Vamos resolver, só preciso que me diga o que é. — falei, já desesperado.
— Amor, eu estava preocupada esses dias. Eu estava sentindo um mal-estar e, bem, não queria que você se preocupasse à toa, então preferi ficar um pouco afastada. — Ela fala e olho para ela, que estava com uma caixa nas mãos.
— Aqui está o motivo do meu mal-estar. Sei que não planejamos, amor, que tínhamos alguns planos, mas não acho que vai mudar coisa alguma, poderá só agregar. — Ela fala estendendo a caixa para mim pegar. Sem entender nada, pego a caixa nas mãos e a coloco sobre minhas pernas. Já sem paciência alguma e achando que seria algo grave, abro ela rapidamente, sem delicadeza. E o que vejo ali faz meu ar ficar suspenso, e acho que passei alguns segundos sem respirar.
— É... isso... eu... você... nós... — não sei o que dizer. Acho que perdi a fala por um momento.

Dentro da caixa estão um par de botinhas infantis, e em cima deles está um cartãozinho escrito:


Sei que não planejamos, mas agora somos três. Você será papai de um cavaleiro ou Amazonas. Espero que você fique feliz, meu amor. Porque agora seremos uma família de três.


Eu acho que tem lágrimas escorrendo dos meus olhos, porque vi algumas gotas caírem sobre o cartão, que tem alguns cavalos como ilustração. Na caixa também há um exame de sangue e um teste de gravidez. Estou tão surpreso que não paro de olhar para a caixa e para tudo o que está ali dentro.
— Amor... Corrado... querido... eu sei que não planejamos nem falamos sobre ter um bebê, mas, bem, aconteceu e eu já o amo tanto. Espero que você também ame o bebê, que será uma parte de nós dois. — ela fala com a voz embargada se aproximando de onde estou. Eu a puxo para meus braços, a beijo e a abraço, ainda sem conseguir colocar em palavras a emoção que estou sentindo.
— Eu vou ser pai. — eu falo mais para mim mesmo do que para ela.
— Sim, minha vida. Você será papai, vamos ter um bebê. — ela responde. Eu olho para sua barriguinha ainda tão reta e beijo ali, passando a mão com carinho.
— Oi filho ou filha aqui e o papai. Eu te amo muito. — falo olhando nos olhos da minha esposa e vejo que ela também está chorando.
— Eu te amo tanto, Eloá. Não sabe como você me fez feliz hoje. E tudo que eu mais queria, amor, era uma família com você. Nossa família vai aumentar e não posso nem acreditar que serei pai. Te amo amor. Te amo muito. — falo beijando seus lábios e vejo quando todos entram no lounge e vêm até nós nos parabenizar.
— Parabéns, meu filho. Eloá estava com medo de te infartar, mas disse que você é bruto como o pai. — meu pai diz, me dando um abraço.
— O senhor fala isso, pai, porque não viu como ele ficou quando Laura mandou mensagem pra ele. — fala Paolo me abraçando também.
— Bem-vindo ao clube, irmão. — ele falou.
Minha mãe veio até mim e abriu os braços. Eu fiquei sem jeito, não a abraçava há anos, mas Eloá olha pra mim e vejo que ela espera que eu faça a coisa certa. Então, abraço minha mãe.
— Felicidades, meu filho. Que meu neto venha com muita saúde. A vovó já ama demais esse bebê. — ela fala com a voz chorosa me apertando em seus braços.
Fico constrangido e depois ela vai até Eloá, bajulando ela e sua barriga. Eu não poderia estar mais feliz. Eu me afasto um pouco e vou pegar algo para beber. Meu pai, Paolo e Osvaldo me acompanham, deixando as mulheres conversando sobre bebês. Ficamos ali jogando conversa fora, mas quando vejo que minha Eloá me procura, vou até ela e a pego em meus braços, rodopiando no ar e beijando sua boca. Rimos juntos, aproveitando o dia com todos que amamos.

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