Leyla
Desço às escadas de acesso ao pátio frontal da casa e logo avisto Fernando encostado em sua Hilux prata.
Ele me observa com a expressão séria, mas não consigo enxergar a raiva que eu receiava.
Aproximo-me esboçando um sorriso e estendo a mão para um cumprimento cordial. Ele retribui o gesto e me puxa para um beijo no rosto.
- Pelo jeito não teremos mais encontros, é isso? - Pergunta guardando as mãos nos bolsos da calça.
- Estou aqui para conversarmos. - Aviso atenta à sua reação.
- Eu só preciso entender algumas coisas, Leyla. Confesso que estou confuso.
- Confuso em relação a quê? - Indago sabendo o motivo.
- Qual foi sua intenção em sair comigo ontem à noite? Você se aproximou de mim, aceitou minhas investidas para saber informações sobre Dona Sara e o marido? - Questiona intrigado.
- Por que você está me perguntando isso? - Questiono esperando que essa seja uma conversa embaraçosa.
- Ontem te convidei para andar à cavalo comigo hoje a tarde, - Solta um suspiro - e hoje pela manhã quando eu estava no estábulo dando vacinas nos cavalos, chegou uma ordem do Sr. Carlos Eduardo para que um dos peões preparasse dois dos animais. No início não imaginei que fosse para um passeio com você, mas não demorou para se espalhar um burburinho entre os peões sobre outra ordem dada para que um piquenique fosse preparado sob uma árvore. - Arqueia a sobrancelha deixando transparecer um pouco de decepção. - Geralmente por aqui não acontece muita coisa, então tudo pode se espalhar muito rápido. Quando vi Dona Cássia cuidando do neto nos arredores da casa, entendi tudo. Diante disso, pensei qual seria o motivo de você ter me deixado pensar que algo a mais poderia acontecer entre nós dois.
- Não é nada disso que você está pensando, Fernando. - Arfo - Saí com você porque realmente gosto da sua companhia, mas confesso que o modo como você se referiu à esposa do meu patrão, me deixou intrigada. - Praticamente sussurro olhando para os lados, conferindo se não há ninguém por perto.
- Seu patrão? - Semi cerra os olhos e abre um sorriso irônico. - Você tem certeza, Leyla, que ele é somente seu patrão?
- Claro que é. - Abro os braços na tentativa de ser convincente.
- Não foi o que pareceu quando vi vocês agora há pouco. - Solta o ar pesadamente. - Notei um clima diferente entre vocês. Na verdade qualquer um notaria.
- Você está interpretando errado. Apenas fiquei realmente surpresa em saber tudo o que você me confessou ontem.
- Confessei ou você me persuadiu até ganhar minha confiança ao ponto de eu te falar tudo aquilo. - Fala exasperado, olhando para o céu.
- Se o que está te incomodando é o receio de que eu conte algo para alguém, pode ficar tranquilo. Te garanto que permanecerei em silêncio. Se depender de mim, esse assunto está encerrado. - Afirmo com segurança. - A última coisa que eu quero que aconteça, é ver a família D'ávila afundada na dor novamente.
- Você parece prezar muito por eles. - Fernando fala em tom de ironia.
- Mais do que prezar, é ter empatia. - Retruco irritada com seu tom. - E além disso, o que eu ganharia se trouxesse esse assunto à tona? Qual vantagem eu teria nisso?
- Não sei. - Dá de ombros - Talvez a fragilidade que essa história trouxesse para o Sr. D'ávila pudesse aproximar ainda mais vocês dois.
- Não preciso dessas artimanhas para me aproximar de um homem ou mesmo fazer com que se interesse por mim. - Cruzo os braços encarando-o com firmeza. - Você sabe disso!
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Trapaças do Coração
RomanceCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...