Capitulo 49

42 3 1
                                    

Carlos Eduardo

Somente agora percebo a hostess ao nosso lado a espera de um pouco de atenção.

Abro um sorriso como pedido de desculpas e conduzo Leyla até a mesa, puxando uma cadeira para que possa sentar.

Depois de Leyla acomodada, sento à sua frente e finalmente fito a hostess com atenção.

Ela nos mostra o QR Code para acessar o cardápio e pede licença nos deixando a sós novamente.

- Acho que cometemos uma garfe. - Leyla sorrir, timidamente.

- Não percebi garfe alguma, - Afirmo lembrando do beijo ardente que acabamos de trocar sob o olhar atento de algumas pessoas que nos observavam do salão principal do restaurante. - mas seu ato impulsivo pode colocar a discrição que você tanto quer por água abaixo.

- Você acha que alguém pode ter nos fotografado ou filmado aqui dentro? - Leyla pergunta olhando para os lados.

- É improvável, mas não é impossível. - Dou de ombros - As pessoas que frequentam esse restaurante normalmente não gostam de flashes. Pelo contrário, normalmente estão fugindo deles assim como nós.

- Não consegui me controlar. - Leyla abre um sorriso tímido.

- Percebi e posso dizer que adorei ser surpreendido por seu gesto impulsivo. - Retribuo o sorriso observando com desejo seus lábios bem torneados.

- O que você quer comer? - Muda de assunto após apontar o celular para o QR code e  passar o olho pelo menu.

- Alguma ave, talvez.

- Vou querer o mesmo que você. - Afirma colocando o telefone sobre a mesa e observando discretamente tudo ao redor.

- Tem certeza? - Questiono certo de sua insegurança.

- Sim. - Assente com a cabeça - Vinho branco para acompanhar, certo?

- Se não se incomoda, prefiro não beber nesta noite. - Digo sentindo um incômodo tomar conta de mim. - Mas vinho branco pode ser uma boa pedida para você.

- Na verdade, ia pedir somente para acompanhá-lo e porque sei que combina com aves. - Explica encolhendo os ombros - Suco ou água pode ser uma boa pedida também.

A encaro por alguns segundos e decido contar sobre o que me aflige:

- Leyla, - Tento encontrar um jeito certo de confessar o que sinto neste momento -  não sei se você percebeu, mas eu tenho problemas com bebidas alcoólicas. - Solto o ar pesadamente, me sentindo envergonhado - Transformei o álcool em vício depois da morte da Sara. Por muito tempo estar embriagado foi o meu refúgio nos momentos de angústia, mas eu sempre tive consciência do quanto essa dependência me fazia mal, mesmo tendo ignorado esse fato por muito tempo.

Leyla me observa em silêncio, mas seu olhar interessado me encoraja a continuar:

- De uns dias para cá eu venho pensando mais sobre esse assunto. - Falo mexendo discretamente em um dos talheres à minha frente. - Decidi deixar essa fase negra para trás e acho que manter a companhia do álcool não seria prudente para conseguir ter a vida que eu quero de agora em diante. Confesso que perdi o controle em algumas situações por estar bêbado e pretendo deixar esse tipo de comportamento no passado.

- Eu acho que você está fazendo uma ótima escolha em tentar se manter sóbrio. - Leyla estende a mão e a entrelaça nossos dedos. - Eu também não tive boas experiências com álcool no passado, por isso raramente bebo.

- Você também teve problemas com álcool? - Pergunto intrigado.

- Não da mesma forma que você, mas convivi com uma pessoa alcoólatra e não foi nada agradável, por isso estou feliz que você queira se livrar desse vício.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora