Carlos Eduardo D'ávila.
Dirijo pela cidade me sentindo mais irritado do que o normal. Não consigo entender como pude ser ridículo ao ponto de me aproximar da cuidadora de Rafael no objetivo se sentir aquele cheiro novamente, e ainda fui capaz de me frustrar por não chegar tão perto quanto eu queria. Ela é bonita; muito bonita. Mesmo vestida num uniforme sem graça, sabe despertar a atenção de um homem, mas não era o perfume dela que eu queria sentir, era o de Sara.
- Merda! - Tento extravasar minha raiva socando o volante.
Aumento a velocidade na tentativa de chegar mais rápido ao prédio de Sandra. Hoje, mais do que nunca, preciso me distrair e tirar da cabeça o que eu senti hoje à tarde. Por mais que eu tente meu pensamento insiste em vaguear pelo passado despertando em mim aquela saudade massacrante que me mata aos poucos todos os dias.
Quando chego ao endereço, não demora para que Sandra saia do prédio. Ela é sempre pontual e essa é uma de suas qualidades que me agradam.
Sandra é uma mulher alta, possui corpo longilíneo e um rosto harmonioso. Sabe se vestir e se porta bem em todos os lugares para onde a levo. Não é uma companhia desagradável e para mim isso basta, além, claro, de seus requisitos físicos que ela sabe usar muito bem.
Hoje seus cabelos loiros estão amarrados num rabo de cavalo no topo da cabeça, deixando seu pescoço alvo a mostra. Ela usa um vestido preto, discreto, porém de muito bom gosto, e que é incrivelmente realçado pelos acessórios dourados que escolheu para adorna-la nesta noite.
A única coisa que me incomoda é a maquiagem exagerada. Não me sinto confortável com toda essa tinta que Sandra põe no rosto. Não sou expert no assunto, mas acredito que ela ficaria mais bonita se apostasse mais em sua beleza natural.
De vez em quando é bom olhar para a mulher que estar em sua cama e saber como ela é de verdade, sem "máscara" e outros efeitos. E se não me engano ainda não fui apresentado ao rosto natural de Sandra. Já perdi as contas de quantas vezes fomos para cama, e mesmo assim ela está sempre maquiada. Acredito que os produtos que use sejam de excelente qualidade ou ela vai ao banheiro no meio da noite só para não correr o risco de sua feiura ser descoberta. Se for a segunda opção, agradeço por estar sempre repleta tinta no rosto.
Quando senta ao meu lado ela sela meus lábios num beijo rápido e sensual enquanto fecho os olhos tentando me animar para o restante da noite.
- Para onde vamos? - Pergunta, de maneira insinuante.
- Para um lugar onde eu possa rasgar o seu vestido. - Respondo firmemente, enquanto acelero o veículo.
Olho pelo retrovisor e me asseguro de que estou sendo seguidos por meus seguranças. Eles nos acompanham com discrição em uma Rand Rover preta, totalmente blindada, assim como todos os meus outros carros.
Minha paixão por automóveis vem desde a infância e tenho vários modelos na garagem.
Sigo para o melhor motel da cidade, e escolho a suíte mais cara. Ela deve ter aproximadamente duzentos metros quadrados. Possui piscina, hidromassagem, palco com jogos de luz, e uma sala vermelha parecida com a do filme Cinquenta tons de Cinza. Os olhos de Sandra arregalam quando caem sobre os aparelhos para bondage.
Sorrio internamente tentando imaginar no que ela está pensando. Na verdade não passou pela minha cabeça encontrar esses aparelhos no quarto, nem sou adepto a essas práticas, a não ser que seja para satisfazer o desejo da mulher que estiver comigo no momento.
A loira engole em seco e mesmo tentando disfarçar, sei que estar apreensiva com o que pode vir. Seu jeito elegante não combina com esse tipo de prática e mesmo no auge dos seus trinta e poucos anos, acredito que não tenha muita experiência no assunto.
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Trapaças do Coração
RomanceCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...