Carlos Eduardo
Confesso que não consegui parar de pensar em Leyla enquanto eu estava trabalhando.
Perdi a conta das vezes que me peguei pensando nos momentos que passamos juntos na fazenda.
Desde que a deixei em casa me sinto incomodado com o local onde ela mora. O prédio é antigo e mal cuidado, pela quantidade de janelas desconfio que Leyla more em uma quitinete ou algo parecido e realmente não gostei do que vi.
No meio da primeira reunião do dia lembrei que o cheque que eu tinha lhe dado não poderia ser sacado hoje, então resolvi vir ao seu encontro.
Fico feliz por notar seu olhar brilhar ao me ver a sua frente.
- Onde você quer ir primeiro? - Pergunto jogando os pedaços do cheque no cesto de lixo mais próximo.
- Eu ainda não sei. - Encolhe os ombros girando o corpo lentamente em praticamente trezentos e sessenta graus, olhando para tudo ao seu redor.
- Posso dar minha opinião? - Pergunto observando sua animação.
- Claro! - Ela sorri e arranca de mim outro sorriso em resposta.
- Tenho certeza que você vai ficar linda vestida em um Dior. - Digo dando um passo a frente, aproximando meu rosto do dela.
- Dior? - Pergunta surpresa - Eu vim a esse shopping porque pretendo comprar roupas caras, mas Dior é cara demais. Pretendia mudar todo o meu guarda-roupas com o dinheiro daquele cheque.
- Dinheiro não é problema. - Olho para os lados me certificando que ninguém nos observa e acaricio brevemente seu rosto com o polegar.
Noto o rosto de Leyla ruborizar e aproveito para admirar sua beleza tentadora.
- Disso eu tenho certeza, mas apesar de ser muito clichê o que eu irei falar, não quero que pense que estou me aproveitando do seu dinheiro. - Faz uma careta engraçada.
- Nem por um segundo algo parecido passou pela minha cabeça, mas eu quero poder te mimar um pouco. - explico tentando me controlar para não toma-la em meus braços. - É o mínimo que posso fazer para retribuir o bem que você tem feito a mim e a Rafael.
- Não precisa agradecer nem retribuir coisa alguma. - Ela franze o cenho e me fita com a expressão mais séria do que o normal. - Pensando bem eu acho que pode não ser uma boa ideia vir aqui e gastar rios de dinheiro comigo.
- Ora! Deixe de bobagem. - Iniciando o caminho até loja - Vai ser divertido e quero aproveitar para comprar algumas peças para mim. - Aceno para que me acompanhe.
Caminhamos lado a lado por alguns minutos enquanto admiravamos algumas vitrines, até que chegamos na entrada da Dior.
- Olá! Sejam bem-vindos - Uma simpática moça longilínea nos cumprimenta na entrada da loja. - Em que posso ajudá-lo hoje, Senhor D'ávila?
- Viemos às compras! - Aviso vislumbrando os looks montados nos manequins. - Pode nos ajudar?
- Claro que sim! - Ela sorri animada, praticamente alheia a presença de Leyla. - A coleção nova chegou e temos várias peças lindíssimas que você vai amar.
- Na verdade, quero que você sugira looks para essa moça linda que está ao nosso lado. - Aponto para Leyla que parece perceber a garfie da vendedora.
- Claro que sim! - A moça ruboriza a face e vira sua atenção para Leyla, que abre um sorriso estreito. - Temos opções para sua amiga também.
- Na verdade, ela é bem mais do que uma amiga. - Respondo fitando Leyla de soslaio. - Por isso garanta que ela seja muito bem atendida.
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Trapaças do Coração
RomanceCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...