Leyla
Marcos me convence ir à delegacia, pela manhã, prestar queixa contra meu padrasto.
Na hora combinada ele bate á porta do meu quarto e avisa que está a minha espera. Faço minha higiene pessoal, limpo o ferimento e troco o curativo, visto um vestido de linho branco, calço rasteiras bege e faço uma maquiagem leve.
Saio do quarto e fico surpresa quando percebo uma das mesas do salão montadas para o café da manhã. Alguns quitutes como geleias, torradas, pães de queijo, cuscuz, mini sanduíches naturais, sucos e iogurtes compõem a mesa.
- Quanto capricho! - Elogio surpresa.
- Venha, Catarina! Sente-se! - Dona Kátia me chama enquanto serve o filho. - Hoje você terá um dia intenso e precisa estar bem alimentada.
Olho para Marcos e noto que ele contou para a mãe sobre nossa conversa.
- Não o repreenda, por favor! - Pede fazendo sinal de oração. - Eu também fiquei muito preocupada com você quando a vi chorando por conta daquele velho bêbado. Não descansei até entender o que estava acontecendo, mas não se preocupe, pode contar comigo para o que precisar.
Abro um sorriso breve e caminho até Dona Kátia. Sem mais nada dizer, dou-lhe um abraço fraterno.
- Está tudo bem. Se tudo der certo, em pouquíssimo tempo todos nesta cidade ficarão sabendo o que Geraldo fez comigo.
Dona Kátia cruza os dedos em sinal de torcida e sentamos à mesa. Durante a refeição procuramos falar amenidades, pois não quero ter que me concentrar no que vou falar em meu depoimento.
Antes da saída, Dona Kátia faz o sinal da cruz em meu rosto e ergue as mãos em sinal de oração.
Em cerca de dez minutos chegamos a delegacia e como era de se esperar, o expediente parece calmo. Marcos e eu somos os únicos a chegar no local, chamando atenção dos agentes.
Um deles cumprimenta Marcos com certa intimidade e logo pergunta do que se trata nossa presença.
- Vim fazer uma denúncia. - Digo após puxar todo o ar dos meus pulmões.
- Que tipo de denúncia? - Pergunta acenando para que eu sente.
- Fui estuprada pelo meu padrasto. - Digo voltando a me sentir vulnerável, mas Marcos percebe minha aflição e permane ao meu lado segurando em minha mão.
- Quando ocorreu o crime? - O rapaz pergunta digitando no computador.
- Teve início há doze anos e perdurou por cerca de cinco ou seis anos. Quando tudo começou eu tinha apenas dez anos de idade.
- Vou leva-la até o delegado. - O agente levanta e acena para que eu o acompanhe.
Relato todo o acontecido com o máximo de detalhes possível, pois faço questão que Geraldo pague por tudo o que ele me fez. Se a falta de algum detalhe poderia ajuda-lo a se safar, garanti que isso não acontecesse.
Após o registro da denúncia, o delegado me pergunta o motivo que me fez permanecer em silêncio durante tanto tempo e explico que senti muito medo de que Geraldo cumprisse as ameças que fazia, além da vergonha que eu sentia de as pessoas da cidade saberem o que ocorria entre nós dois.
- Muito tempo passou e isso dificulta a apuração de provas. - Explica calmamente - Existe alguma testemunha?
- Não.
- Não se preocupe, vamos investigar, mas quero deixar claro que precisamos de provas contundentes para prendê-lo.
- O que vai acontecer a partir de agora? - Pergunto, me sentindo frustrada.
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Trapaças do Coração
Roman d'amourCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...