Capítulo 65

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Carlos Eduardo

Dirijo inquieto pela cidade. Não quero voltar para casa, olhar para Viviana e ter que fingir que ela conseguiu me enganar mais uma vez.

Se eu encontrá-la juro que sou perder a cabeça e esgana-la até a morte, por isso preciso me manter longe dela até que sua prisão seja autorizada.

De repente lembro de uma pendência moral que preciso resolver. Saco o celular do bolso e seleciono o contato de Sandra. O telefone chama através do bluetooth do carro até cair a ligação. Tento mais três vezes até que finalmente ouço a voz de Sandra:

"O que você quer?" - Pergunta de forma ríspida. - Pensei que eu tivesse sido bastante clara na última vez que nos vimos.

- Sim, foi clara ao ponto de me fazer questionar muitas atitudes minhas, e eu juro que serei eternamente grato por isso.

- Você está bêbado, Carlos Eduardo D'ávila? - Questiona em tom de deboche.

- Não. Hoje estou sóbrio, arrependido e precisando conversar muito com alguém sincero como você.

- Esquece! Prometi para mim mesma que jamais olharia para você novamente.

- Por favor! Preciso me redimir  com você. Juro que aquele cara estúpido, idiota e arrogante ainda pode estar por aqui, mas cada vez mais distante. Deixe-me provar que podemos ser bons amigos. - Falo quase em tom de súplica.

- Amigos? - Sua voz altera discretamente. - Quer dizer que sua intenção não é me levar para cama hoje a noite?

- Não! Quero apenas me redimir, mostrar que podemos ser amigos e quem sabe até parceiros de negócios.

- Mas do que você está falando?

Por mais que Sandra esteja brava, ela é uma mulher acostumada com luxos que sua família não tem podido manter nos últimos anos e sei que ela apreciaria ter um vínculo profissional com alguém com prestígio no mundo dos negócios como eu. Posso ter trapaceado para conseguir sua companhia, mas é por um bom motivo.

- Passo em sua casa dentro de um hora, pode ser?

- Ok! - Responde após alguns segundos.

Dirijo até o prédio de Sandra com a certeza de que estou agindo certo. Ela sempre foi boa comigo e eu nunca consegui retribuir suas atitudes, mas agora será diferente.

Sei que ela é formada no exterior e possui algumas especializações, mas nunca tive interesse em saber trabalhou algum dia na vida. De qualquer forma, posso ajudá-la e é isso que importa.

Estaciono em frente a portaria, confiro pelo retrovisor se meus seguranças estão por perto e caminho até a guarita.

Em nenhuma das vezes que vim buscá-la, desci do carro e desta vez quero fazer diferente.

Não demora para Sandra aparecer e pelo olhar intrigado, sei que está estranhando por eu estar de pé a sua espera.

- Boa noite! - A cumprimento puxando-a para um breve abraço.

Ela retribui o gesto com relutância e abre um sorriso fraco.

- Para onde vamos? - Pergunta com o olhar atento para mim enquanto abro a porta do carro para ela.

- Conheço um restaurante a algumas quadras daqui que não aceita reservas e o menu de lá é muito bom. Desculpe, mas não tive tempo de reservar um local mais discreto.

Ela apenas assente com a cabeça, adentra no veículo e coloca o cinto de segurança.

- Você está estranho! - Afirma de olhos arregalados.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora