Capítulo 31

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Leyla

Ao chegarmos próximo a casa, vejo Fernando se aproximar novamente.

- Precisa de ajuda? - Sorri se adiantando em pegar a cadeira de Rafael.

- Sim, obrigada. - Retribuo o sorriso. - Mas deixe-me pegar o garoto. Assim ficará mais leve para você levar a cadeira dele até a porta.

- Claro. - Assente e me observa atentamente pegar Rafael no colo.

Subo as escadas cuidadosamente enquanto o veterinário sobe lado a lado junto de nós.

Ao chegar próximo a porta de entrada, ele posiciona a cadeira de modo que eu possa acomodar o garoto e pergunta de forma discreta:

- Nosso encontro de hoje a noite está confirmado?

- Confirmadíssimo. - Abro um sorriso fraco ao lembrar da reação de Carlos Eduardo há pouco.

- Às oito estarei aqui na porta te aguardando. - Retira o chapéu, me cumprimenta com a cabeça e passa uma das mãos pelos cabelos de Rafael antes de se retirar.

Solto um ar pesado, confusa, sentindo o coração apertar. Abro a porta principal da casa e uma cena emocionante enche meus olhos.

Carlos Eduardo está ajoelhado ao chão abraçado a seus pais, que estão sentados no sofá. Os três só se desvencilham seus corpos quando percebem a minha presença e a de Rafael.

Dona Cássia, Senhor Haroldo e Carlos Eduardo parecem extremamente emocionados o que me causa certo constrangimento por ter presenciado um momento tão íntimo ao mesmo tempo em que me causa curiosidade em saber o que pode ter acontecido para que estejam abalados dessa forma.

Apesar de querer saber mais, nada falo, apenas conduzo a cadeira de Rafael até o quarto deixando-os novamente sozinhos.

*** *** ***

Não consigo imaginar o que possa ter acontecido para Carlos Eduardo chorar nos braços dos pais, mas pelo semblante percebi que parecia sofrido, talvez arrependido do modo como os trata. Senhor Haroldo e Dona Cássia pareciam também estar emocionados, e acolhendo a dor do filho.

O fato é que encontra-lo, entregue, sem a frieza costumeira estampada em seu olhar, mexeu demais comigo. Foi a primeira vez que o vi dessa forma e confesso que meu coração apertou instantaneamente e a vontade que tive foi de me aproximar, porém nunca sei como agir diante de Carlos Eduardo, pois ele tem o poder de confundir minha mente, me deixar completamente desestabilizada.

Agora estou tentando imaginar o que pode ter acontecido, o que se passa em sua cabeça e o que o fez ficar dessa forma. O fato é que tenho percebido que ele está estranho ultimamente. Nunca imaginei que ele poderia aparecer no rio e brincar com Rafael daquela forma. Parecia outra pessoa. Seu semblante estava leve e ele parecia realmente querer estar ali.

Quando suas mãos envolveram minha cintura, senti uma espécide de corrente elétrica tomar conta de mim. Meu corpo inteiro tremeu em retribuição e até agora parece não ter se recuperado. Se Rafael não estivesse presente, talvez eu não tivesse me contido e me deixasse levar pelo momento, pois ainda sinto a presença dele entre minhas pernas.

Sou despertada de meus pensamentos pela voz de Rafael:

- Foi estranho, não foi? - Pergunta lançando sobre mim um olhar preocupado.

- Sim, foi. - Assinto, balançando positivamente com a cabeça.

- O que será que está acontecendo? - Indaga.

- Não tenho a mínima ideia. - Respondo pensativa.

- De qualquer forma ele está estranho para melhor. - Rafael afirma mudando seu semblante para animado. - Você viu como ele brincou comigo na água?

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora