Capítulo 2

127 15 4
                                    

Leyla.

Sigo Viviana até a ala dos empregados, que fica nos fundos da mansão. Passamos por um corredor estreito, ela pega um molho de chaves de seu bolso e para de frente à uma porta. Quando adentramos nos ambiente, tento disfarçar minha frustração. Esse Carlos Eduardo só pode ser um belo mão de vaca. Como pode ser tão rico e deixar que seus empregados fiquem alojados em aposentos extremamente simples?

Aqui existe apenas uma cama de solteiro encostada em um dos cantos do quarto, um guarda-roupa de duas portas e uma tv de 14'' suspensa na parede. Uma pequena cortina impede que o sol entre no ambiente, e também existe um banheiro minúsculo, sem nenhum tipo decoração, totalmente diferente do que eu imaginei. Neste aqui, certamente precisarei de esforço até para me locomover.

Observo tudo com atenção tomando cuidado para não demonstrar minha insatisfação.

- Esse é seu quarto, Leyla. É o único que temos disponível agora. - Viviana fala sem me olhar, e aproveito para fazer uma careta em sua direção. Aposto que o quarto dela deve ser bem diferente desse puxadinho.

- Tudo bem. Ele é o suficiente para mim. - Digo no melhor estilo boa moça.

- Na verdade este é o aposento mais simples que temos, e claro, é sempre o último a ser ocupado. Quem chega primeiro escolhe os melhores.

- Claro. - Abro um sorriso contido, enquanto praguejo por dentro - Vi tantos empregados na cozinha, mas esta ala não me parece tão grande. Alguns dividem quartos, é isso?

- Não. Na verdade nem todos os funcionários desta casa dormem em serviço. Apenas você, eu, a cozinheira e o motorista, quando este é solicitado para ficar a disposição do Sr. Carlos Eduardo.

- Entendi. E você também fica por aqui? - Questiono curiosa.

- Não, Leyla. Como sou a governanta, possuo certas regalias, e uma delas é ocupar a casa dos fundos, que possui mais conforto do que os demais aposentos dos empregados. - Viviana explica paciente. - Mas não se preocupe, você não ficará muito por aqui. Na grande maioria do tempo, permanecerá ao lado de Rafael, inclusive durante a noite. No quarto do garoto há um sofá cama muito confortável e tenho certeza que você se dará bem com o menino.

- Acho que ele não gostou de mim. - Tento sondar com discrição.

- Rafa não está muito bem de uns tempos para cá. Acho até que anda um pouco deprimido ultimamente. Mas tenho certeza que você saberá como se aproximar dele. Ele é um excelente garoto, e como toda criança da idade dele, precisa de atenção. Eu faço o que posso, mas tenho que cuidar dos meus afazeres e não sobra muito tempo para que o faça companhia. - Arfa com o olhar perdido.

- Entendo. - Digo pensando qual será a melhor maneira de me aproximar.

- Venha! - Viviana me conduz para o lado de fora do cômodo. - Vá para casa e traga tudo o que você precisa. Enquanto isso providenciarei seus uniformes. Você pode começar hoje mesmo, não pode? - Ela pergunta ansiosa. - Sei que falei anteriormente para que começasse amanhã, mas...

- Não tem problema Dona Viviana. Preciso ir em casa somente pegar alguns objetos pessoais, mas hoje mesmo estou de volta. - Assinto sorridente. - Preciso muito deste emprego, além de que, tenho toda a disponibilidade deste mundo.

*** *** *** ***

Saio da casa vibrando por dentro. O primeiro passo foi dado com sucesso. Agora resta saber como vou fazer para chamar a atenção do Carlos Eduardo. Penso por todo o caminho até minha casa. O poderoso chefão é um cara visivelmente chato, mas todo o esforço valerá a pena. Ele é um dos homens mais ricos do país e é isso o que importa.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora