Capítulo 54

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Leyla

Após os dois saírem da casa, permaneci mais alguns minutos embaixo da cama, para ter certeza de que não iriam voltar.

Quando finalmente consegui deixar a casa de Viviana,  não consequi retornar imediatamente para o interior da mansão.

Eu ainda estava em estado de choque por conta de tudo que tinha acabado de descobrir. Eu estava enojada e totalmente perplexa enquanto tentava desemaranhar meus pensamentos.

Entrei em meu quarto e corri imediatamente para o banheiro. Debruçei meu corpo sobre o vaso e vomitei. Parecia uma forma de meu corpo expulsar a repulsa que estou sentido por tudo que eu soube.

Mateus, quer dizer, Alexandre me usou durante todo esse tempo e me envolveu numa teia de mentiras e armações, tudo isso em conluio com sua tia. Eu sempre fui somente uma peça estratégica para eles conseguirem colocar as mãos no dinheiro de Carlos Eduardo.

Ele fugiu de Minas Gerais e foi parar em Renascença. Lá nos conhecemos e ele viu em mim a possibilidade de executar seu grande golpe e agora consigo entender que durante todos esses anos fui preparada para ser sua cúmplice na execução do plano, mesmo sem saber o que teria por trás.

Mateus corrompeu o restante de bom caráter que eu tinha, se aproveitou da insatisfação que eu sentia por ter uma vida miserável, por ter passado por tantos acontecimentos ruins e me convenceu a vir com ele para São Paulo. Ele se aproveitou da situação que eu me encontrava para me convencer a me tornar uma aproveitadora, fria e calculista.

A verdade é que ele me treinou durante todo esse tempo, aplicando golpes, ganhando cada vez confiança sobre meu corpo e em relação aos homens para chegar até Carlos Eduardo.

Só não consigo entender porque ele demorou tantos anos para me propor esse golpe, como e por que ele foi parar em Renascença. Quando nos conhecemos, ele disse que estava fugindo de uns homens que queriam mata-lo, mas agora nem sei mais se isso é verdade.

Sempre tratei Mateus como meu parceiro de vida. A ele confiei contar minhas dores e meus medos. Confiei cegamente em sua lealdade e fui leal cegamente até hoje.

Agora tudo mudou. Depois de tudo o que eu ouvi debaixo daquela cama, não posso mais pensar em ser leal a ele de alguma forma e por mais que eu esteja magoada e profundamente irritada, sinto-me aliviada e feliz por não precisar mais ser fiel a essa relação.

De certa forma, nasceu em mim um um fio de esperança de que eu realmente consiga ter um final feliz com Carlos Eduardo, mas para isso acontecer eu preciso saber exatamente o que fazer, pois agora não tenho mais a mínima ideia do que Mateus é capaz, embora eu tenha a plena consciência de que a ganância dele pela fortuna dos D'ávila é muito maior do que eu imaginava.

Vou precisar de um tempo para assimilar tudo  o que fiquei sabendo hoje, principalmente o fato de Viviana ser tia e aliada de Mateus, quer dizer, de Alexandre.

Tudo isso é muito maquiavélico e sinto um frio na espinha ao imaginar qual é o plano deles dois em relação a mim depois que eu supostamente conseguisse colocar as mãos no dinheiro de Carlos Eduardo.

Posso estar correndo risco de vida e preciso saber agir de um forma certeira para acabar com a esperança desses dois de fazer algum mal a mim, a Carlos Eduardo e a Rafael.

Meus espírito quase sai do corpo quando vejo a porta do meu quarto se abrir e Viviana entrar esboçando um sorriso, que agora sei ser falso.

Levanto da cama abruptamente e devolvo o gesto tentando disfarçar minha indignação.

- O que há com você? - Pergunta pousando as duas mãos na cintura.

- Não estou me sentindo muito bem. - Digo deslizando a mão pela testa.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora