Capítulo 30

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Carlos Eduardo

Há tempos não ficava tanto tempo em contato físico com meu filho e confesso que a sensação é boa. Talvez o fato de, neste exato momento, não está me comportando de forma ríspida e distante, conforte meu coração.

O que me deixa um pouco mais animado é perceber o olhar satisfeito e atento de Leyla se fixar sobre nós dois. Gustavo tinha razão quando falou que ela trata muito bem Rafael. Seu carinho pelo menino é nítido. Os dois são quase inseparáveis.

- Acho que estou com fome. - Rafael confessa fazendo careta.

Neste momento olho para Leyla e ela após ouvir o menino retira um depósito de sua bolsa.

Enquanto retiro o menino da água, ela pega algumas frutas de dentro do recipiente.

Acomodo meu filho em sua cadeira de rodas e sento ao lado.

Leyla comprime os lábios ao perceber que não trouxeram alimento suficiente para mim.

- Apesar de meu estômago pedir por algo, entendo perfeitamente - Aceno, deixando claro que não me importo. - Você não tinha como advinhar que eu apareceria por aqui.

Ela nada responde, apenas baixa a cabeça, parecendo confusa.

- Por acaso você perdeu a língua, Leyla? - Rafael pergunta e me arranca uma gargalhada.

Leyla ruboriza a face e apenas sorrir.

- Que tal darmos uma volta na cidade hoje a noite? - Pergunto fitando o garoto, e ansioso pela resposta dos dois.

- Isso é um convite ou uma ordem? - Leyla indaga fechando o semblante.

- É um convite para vocês dois. - Explico tentando captar seus pensamentos.

- Não sabia que poderia precisar ficar com Rafael hoje a noite já que ele estar ficando com os avós durante a noite e marquei um encontro. - Despeja suas palavras e imediatamente morde o lábio inferior, constrangida.

- Com o veterinário? - Pergunto sentindo meu sangue ferver em minhas veias.

- Sim. - Limita-se a responder sem conseguir me encarar.

Apenas arfo, irritado. Como ela consegue marcar um encontro com outro homem no dia imediatamente posterior a termos momento íntimos?

Sem mais nada dizer, apenas assinto tentando disfarçar o que sinto, mas a vontade que tenho é de socar qualquer objeto que eu vir à minha frente.

- Acho melhor irmos para casa. - Fala percebendo a tensão que ficou entre nós.

- Ótima ideia. - Respondo vestindo novamente minhas roupas.

Aguardo Leyla fazer o mesmo com Rafael e acomodar o menino na cadeira de rodas, mas logo em seguida viro às costas e sigo de volta para casa deixando-os para trás.

No caminho, penso em tudo que aconteceu entre nós do Guarujá até aqui e consigo imediatamente entender sua atitude. Nesse momento não consigo segurar meu impulso e viro em sua direção. Após alguns passos pego firme em seu braço controlando minha força o suficiente para não machuca-la e a afasto de Rafael até um ponto distante o suficiente para que ele não me ouça.

- Você está querendo se vingar, é isso? - Pergunto entre dentes, fitando seus olhos azuis.

- O senhor pode me soltar? - Retruca, tentando se desvencilhar do meu toque.

- Não até me dizer porque vai sair que com aquele veterinariozinho hoje a noite. - Insisto, liberando minha irritação.

- O senhor ainda tem dúvidas? - Me encara incrédula. - O Fernando me trata bem. Ele me faz sentir confortável ao lado dele. Ele deixa suas intenções bem claras sem soltar uma palavra sequer. Ele faz questão de ser delicado, gentil e disponível para mim. Foi por isso que aceitei o convite dele. - Confessa em meio a um semblante indecifrável, talvez uma mistura de raiva e dor.

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