Capítulo 19

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Carlos Eduardo.

Acordo cansado. Parece que não consegui relaxar durante o sono. Meu corpo pede descanso, mas minha mente fervilha com as possibilidades de grandes negócios a serem fechados nesta semana.

Tomo uma ducha rápida e escolho um terno azul marinho, blusa branca e gravata amarelo clarinho com listras cinza, também num tom claro. Calço meias e sapatos pretos e desço para o café da manhã.

Chego à sala de jantar apressado, e me surpreendo por ver Rafael sentado a mesa sem ninguém por perto. O menino come devagar e não parece está animado.

- O que aconteceu? - Pergunto inquieto enquanto me acomodo na cadeira e coloco o guardanapo de tecido branco sobre as pernas. - Onde está sua cuidadora?

- Ela foi para casa ontem à noite. - Rafael explica, desanimado.

Sirvo-me de uma fatia de mamão, uma torrada integral com mel, iogurte natural com granola e suco de laranja natural sem açúcar.

Permaneço em silêncio por toda a refeição planejando internamente como dividirei meu dia de trabalho para que seja o mais produtivo possível.

Entre um gole e outro do suco, observo discretamente o semblante de Rafael. Ele está cabisbaixo e tenho certeza de que é pela falta da cuidadora. É visível a afinidade que meu filho tem com Leyla e apesar do pouco tempo de convivência, os dois têm se dado muito bem.

Levanto e o cumprimento desejando-lhe bom dia antes de seguir para o jardim.

Abotoo meu terno e olho para o relógio, apressado para a primeira reunião de hoje. Pego minha pasta com Viviana, que me aguarda próximo ao carro e entro no veículo. Mateus dá partida no motor e aproveito o caminho até a empresa para verificar as mensagens e ligações em meu celular.

Retorno aos contatos mais urgentes entre eles minha secretária, Ruth. Ela sempre passa as confirmações do dia no primeiro horário da manhã.

- Bom dia, Sr. D'ávila. - Atende ao telefone com a cordialidade de sempre. - Desculpe-me por incomoda-lo, mas liguei para avisar que compartilhei na sua caixa de e-mail todos os compromissos que têm hoje.

- Obrigada, Ruth. Algo mais? - Pergunto interessado.

- Sim senhor. Preciso que assine alguns cartões. Hoje é o aniversário do governador do estado e de um dos seus maiores fornecedores de carne. Comprei suvenires para os dois e fiz uma pequena dedicatória. Pus os cartões sobre sua mesa para que possa assina-los assim que chegar ao escritório.

Ouço com atenção às palavras de Ruth. Apesar de tagarela e prolixa ela é uma funcionária eficiente. Às vezes me irrito com o nervosismo que passa em sua voz quando se dirige a mim. Não sei se por receio ou por timidez.

Encerro a ligação e acesso o Whattsapp. Verifico todas as mensagens, inclusive as de Maria Eugênia. Somente agora lembrei que ela estava no carro ontem no momento do acidente e nem ao mesmo lembrei-me de perguntar como está.

Seu pai é um homem muito rico e fizemos negócios algumas vezes. Não posso e nem quero criar um clima desagradável com ele, principalmente se souber que sua filha estava comigo em outra cidade.

Nas mensagens, enviadas em vários momentos da madrugada, ela reclama por meu sumiço do Guarujá e falta de atenção por seu estado após o acidente.

Como você está??? - Pergunto irritado com minha displicência

Não demora mais que alguns segundos para obter a resposta.

Até que enfim resolveu lembrar que eu existo!!! Estou bem, apenas com o supercílio cortado, mas já fui ao médico e recebi todos os cuidados necessários. Estou preocupada de como ficará minha sobrancelha. Talvez a cicatriz corte-a no meio e ela fique com uma falha enorme. Buáaaaa!

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora