Capítulo 57

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Carlos Eduardo

Chamo o SAMU e a polícia enquanto os seguranças mantêm o motorista imobilizado.

Olho para o corpo de Leyla, inerte no chão, e sinto a mesma angústia de quando me deparei com Sara nos destroços daquele avião.

- Ela está respirando. O pulso está um pouco fraco, mas está viva. - O chefe da minha equipe de seguranças tenta me tranquilizar após pousar dois dedos no dorso do pulso de Leyla e conferir seus batimentos cardíacos.

Apenas assinto vencido pela angústia,  ajoelhando- me ao lado dela enquanto vejo a poça de seu sangue se alastrar pelo chão.

Observo, por alguns segundos, a beleza do seu rosto me questionando internamente por que Leyla mentiu tanto para mim, por que me enganou durante todo esse tempo, por que me fez de palhaço por acreditar que ela realmente estava apaixonada por mim. Um resquício de clareza de raciocínio me faz levantar e me afastar um pouco.

- O que você está esperando para ir atrás de Viviana? - Pergunto, irritado, ao chefe de segurança que me observa com atenção. - Vá atrás dela e não a deixe ir para lugar algum até a polícia chegar. Preciso colocar toda essa história a limpo.

- Sim senhor. - Ele levanta rapidamente e corre até a casa da governanta.

Quando Mateus ordenou que Leyla soltasse Viviana e ameaçou de matar a família dela caso não fosse obedecido, entendi que Leyla pode ter falado a Verdade.

Tudo isso é apavorante e confuso, então preciso entender se os dois foram realmente comparsas de Leyla nessa tentativa de golpe e por qual motivo o conluio se desfez nesta noite.

Viviana trabalha para mim há alguns anos e sempre foi uma funcionária exemplar se tornando, com o tempo, uma pessoa de extrema  confiança.

Pego o celular e ligo para Gustavo. Não estou em condições de raciocinar direito e ele com certeza irá me ajudar nesse momento difícil.

- "Alô!" - Atende com a voz rouca. Provavelmente estava dormindo.

- "Preciso de você aqui, Guga. Vem para minha casa agora. Aconteceu uma tragédia." - Digo passando uma das mãos pelo rosto, angustiado, enquanto observo Leyla desacordada no chão da cozinha.

-  "Tragédia?" - Gustavo repete despertando o tom de voz. - "O que aconteceu, cara?"

-"Vem para cá agora! Aqui eu te explico."

Finalizo a ligação e enquanto devolvo o celular para o bolso, vejo a equipe do SAMU entrar na cozinha.

- Graças a Deus! - Agradeço baixinho.

Cumprimento o médico da equipe e explico rapidamente como Leyla foi ferida e a quanto tempo está desacordada.

Ele confere os sinais vitais e com ajuda de sua equipe, posiciona Leyla na maca e a carrega para o lado de fora da casa.

Olho mais uma vez para a poça de sangue no chão e sinto o desespero tomar conta de mim, então corro até o jardim e quando alcanço a equipe de paramédicos, peço para que levem Leyla ao Hospital Santorini e garanto que me responsabilizarei pela imediata internação dela.

- Por se tratar de uma situação de urgência, a levaremos para o hospital público mais próximo. Isso é de praxe, - O médico avisa enquanto continua ajudando a carregar a maca até o lado de fora da mansão. - mas o senhor pode garantir a vaga no Santorini e providenciar a remoção da moça se o hospital de origem liberar.

- Como liberar? Por que não liberariam? O estado dela é grave? - Pergunto sentindo novamente lágrimas brotarem em meus olhos.

- Ainda não podemos afirmar se a bala atingiu algum órgão. - Explica e comprime os lábios em sinal de lamentação. - O senhor será o acompanhante dela?

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora