Capítulo 16

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Leyla.

- Você está muito esquisita hoje! - Rafael questiona, intrigado.

O menino me olha com a expressão confusa enquanto analisa todo os meus movimentos.

- Por que você está roendo as unhas? Isso é nojento! Você não sabe que por baixo de nossas unhas vivem milhões de bactérias que podem ser prejudiciais à saúde?

Só depois de ouvi-lo percebo o estrago que fiz em minhas unhas, e imediatamente enfio as mãos nos bolsos do uniforme tentando disfarçar.

- Você é muito irritante! Um garoto inteligente e extremamente irritante! - Digo exasperada com sua perspicácia.

- O que aconteceu para você estar assim? - Rafael parece realmente interessado em meu atual estado emocional.

- Assim como? - Arqueio a sobrancelha e o encaro a fim de intimidar sua curiosidade.

- Nervosa, irritada e triste! - Afirma me encarando firmemente.

- Eu não estou triste! - Nego tentando mostrar uma certeza que estou longe de ter.

O menino nada responde, apenas comprime os lábios e baixa o olhar, me deixando na dúvida se consegui convencê-lo.

Sento na poltrona do quarto, próximo à sua cama, ainda sem acreditar na cena que vi há poucos minutos. Além de desprezível, Carlos Eduardo D'ávila também é depravado e nojento.

Ainda sinto minha respiração oscilante, resultante do asco que senti ao vê-lo transar com aquela ruiva na beira da piscina.

Sua atitude mostrou que ele não tem o mínimo de respeito pelas pessoas ao seu redor. Só se importa com seu próprio prazer e ontem a noite fui o objeto escolhido para satisfazê-lo.

Até agora não consigo entender por que fui fraca ao ponto de me entregar tão rápido às suas investidas. Não compreendo porque me deixei ludibriar pela máscara que ele usou ontem à noite.

Fui boba de acreditar que ele estava sendo sincero. Sua atuação me convenceu de que estava sendo franco e, embora eu já tenha entendido que tudo não passou de uma ilusão tola, não consigo esquecer a intensidade de seus toques e de seu olhar.

A todo instante as cenas que protagonizamos ontem à noite me vêm à cabeça, e chego a sentir um frio na espinha quando lembro das sensações que aquele maldito me apresentou e também não acredito que estou incrivelmente irritada por saber que agora há pouco aquela ruiva provavelmente sentiu o mesmo que eu senti.

- Quem é a convidada de seu pai? - Pergunto a Rafael tentando parecer desinteressada.

- Não a conheço muito bem, mas sei que se chama Maria Eugênia.

- Você só sabe isso? - Questiono frustrada com a informação limitada.

- Por que precisaria saber mais? - O menino dá de ombros.

- Ela vem aqui sempre?

- Não, por quê? - Ele inquire me observando atentamente.

- Nada demais. Apenas curiosidade. - Torço a boca sendo consumida por uma sensação estranha, até então desconhecida para mim.

- Acho que ela e meu pai não namoram, embora ela queira bastante isso. - Rafael sorri e encolhe os ombros, de maneira divertida.

Reviro os olhos, quando percebo resquício de machismo em sua reação. No fundo ele admira o fascínio que o pai causa nas mulheres.

- Ela é muito bonita. - O garoto afirma com o olhar distante e um sorriso no canto da boca. - Adoro ruivas, principalmente as que têm olhos claros e sardas no rosto, como Maria Eugênia.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora