Capítulo 14

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Leyla

Abro os olhos lentamente, e me assusto quando vejo Maria a minha frente. Olho para os lados, atordoada, e percebo que ainda estou no iate.

Puxo os lençóis para cima do meu corpo nu e sento na cama o mais rápido que posso. Desviando olhar da senhora que me encara de maneira firme, coço os olhos pensando numa desculpa, mas desisto quando percebo que não poderia convencê-la nem que contasse algo absurdo, então apenas comprimo os lábios, e procuro Carlos Eduardo por cima de seu ombro.

- Está procurando por ele? - Ela cruza os braços e indaga arqueando a sobrancelha.

- Onde ele está? - Questiono, sonolenta.

- Levantou cedo, como faz todos os dias. Inclusive foi quem pediu para que eu viesse te acordar. - Maria abre um sorriso sarcástico.

- Tudo bem! - Levanto rapidamente, tentando disfarçar o sorriso que estampa meu rosto. - Diga a ele que irei o mais rápido que conseguir, mas primeiro preciso de um banho e roupas limpas.

Me surpreendo quando Maria joga sobre a cama, um dos meus uniformes.

- Não seja por isso! - Ela morde o lábio inferior tentando conter o riso e automaticamente sinto meu corpo inteiro gelar.

Uma mistura de sentimentos me domina por dentro, e junto deles, a vergonha toma meu corpo.

- Por favor, não demore Leyla. Rafael está a sua espera. - Ela fala num tom zombeteiro antes de virar as costas e sumir das minhas vistas.

Antes de seguir para o banho, arfo observando cuidadosamente a roupa que está sobre a cama.

*** *** *** ***

Ando apressada pelo jardim em direção a casa. Um turbilhão de pensamentos desconexos invade a minha mente, entre eles alguns flashes da noite passada. Carlos Eduardo cumpriu o que disse me fazendo sentir ainda pela manhã as consequências de suas estocadas fortes e profundas. Se fechar os olhos ainda sou capaz de sentir seu corpo conectado ao meu de forma lasciva e viciante.

Pela hora, a mesa do café já deve está servida, e sinto minhas mãos gelarem à medida que me aproximo da sala de jantar. Não tenho a mínima ideia de como devo me comportar quando nossos olhares se cruzarem novamente.

Nunca me senti dessa forma antes. Talvez eu só esteja ansiosa pelo que tem por vir. Depois do que aconteceu ontem tudo mudou. Estou cada vez mais perto de alcançar meu objetivo e não posso errar. O único problema é a confusão de sensações e sentimentos que Carlos Eduardo provoca em mim. Ele me desestabiliza e me confunde. Eu nunca sei exatamente o que se passa por trás da sua expressão sisuda, com a exceção de ontem à noite. Ontem fui capaz de ver seu íntimo. Pude sentir um pouco do peso que ele carrega na alma e confesso que naquele momento senti algo diferente nascer dentro de mim. Uma espécie de compaixão, de carinho, de cuidado se fez presente e mexeu comigo.

Normalmente eu não sinto compaixão nem por mim mesma, mas desde que pus os pés nesta casa, me vejo surpreendida por sentimentos bons e totalmente proibidos para mim.

Meu coração acelera ainda mais quando passo pelo hall da mansão. Solto o ar pesadamente na tentativa de me acalmar, mas saber que verei Carlos Eduardo me deixa estranhamente agitada.

Tento arrumar meu cabelo rapidamente, e abro um botão da camisa na expectativa de provoca-lo, mas quando avisto a mesa, sinto meus pés travarem no chão. Um bolo se forma em minha garganta e sinto meu corpo inteiro suar.

Sob o olhar confuso de Rafael, Carlos Eduardo conversa animadamente com uma ruiva enquanto esta acaricia sua nuca de maneira provocante.

Quem é esta mulher e por que os dois estão tão íntimos? Mordo os lábios tentando organizar meus pensamentos, e aos poucos, consigo caminhar até a mesa de jantar. Engulo em seco e me coloco a postos como os outros empregados me esforçando para não esboçar reação pela cena que presencio. Olho para um ponto invisível na minha frente e tento jogar para longe o sentimento angustiante que se apodera de mim.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora