Leyla
Marcos me trouxe para sua casa, pegou alguns pertences e seguiu para a casa da mãe dele. Confesso que fiquei surpresa com sua generosidade em me deixar ficar aqui até que conseguir outro local para morar.
Embora eu não esteja totalmente convencida das suas boas intenções, eu não estava em posição de negar sua oferta. Agradeci internamente por ter alguns mantimentos na geladeira, suficientes para que eu fizesse um jantar decente, afinal, faz alguns dias que não me alimento bem.
Dormi a noite inteira em um sono profundo e somente agora me dou conta do quanto estava cansada.
Pego uma toalha limpa no guarda-roupas e me surpreendo ao ver uma foto de Marcos colada em uma das portas. Ela parece feliz ao lado de uma moça loira de cabelos cacheados.
"Então ele tem namorada?" - Penso alto, e sorrio surpresa!
Abro minha mala e pego tudo o que é necessário para higienizar e trocar o curativo, pego meus itens de higiene pessoal e sigo até o banheiro.
Paro em frente ao espelho, me olho por alguns segundos e tento esboçar um sorriso, enquanto meu coração estar em frangalhos. Mas preciso reagir, estou outra vez sozinha no mundo e precisarei ter muita força e foco para recomeçar a minha vida.
Talvez eu não permaneça por muito tempo em Renascença, mas só sairei daqui quando conseguir resolver todos os assuntos e situações que deixei pendentes. Enquanto isso, preciso encontrar um emprego antes que Marcos canse da companhia da mãe e me peça sua casa de volta.
Retiro o curativo cuidadosamente e analiso a cicatrização da ferida. Apesar de ter sangrado, não acho que esteja inflamado. Pego um pouco de gaze, molho com soro fisiológico e passo sobre a ferida, coloco sabonete antisséptico e massageio com cuidado. Em seguida, retiro meu pijama e entro de baixo da ducha fria. Tomo um banho rápido e refrescante enquanto penso em como vou achar emprego nessa cidade.
Saio do box e enxugo meu corpo delicadamente. Em seguida faço outro curativo, escovo os dentes, lavo o rosto, faço uma maquiagem leve e volto para o quarto.
Me agacho próximo a mala e pego uma calça jeans e uma regata azul marinho, calço tênis branco e prendo meus cabelos em rabo de cavalo alto, afinal o clima de Renascença é o seminárido, predominantemente quente.
Abro a geladeira e bebo um pouco de leite gelado. Não estou com fome, mas não quero sair sem colocar algo no estômago, pois preciso economizar o máximo de dinheiro possível.
Saio da casa, tranco a porta e caminho rumo ao centro da cidade. Lá o comércio é mais aquecido e posso ter mais oportunidades de emprego.
No caminho, noto alguns olhares caírem sobre mim e sei que em poucas horas meu retorno para Renascença será uma das novidades que estará correndo pela boca do povo. Sei exatamente que tipo de burburinho irá correr pela cidade, então levanto a cabeça e caminho a passos firmes e largos pela calçada até que o barulho de uma buzina me chama atenção.
Agradeço internamente quando vejo se tratar de Marcos. Ele manobra seu carro e para ao meu lado no sentido em que caminho.
- Ei! - Fala sorridente antes de retirar seu óculos de sol. - Finalmente você resolveu sair daquela casa!
- Pois é, infelizmente não posso ficar sobre a sua cama até o fim dos meus dias. - Encolho os ombros, irônica.
- E para onde você está indo, Senhorita Rabugenta? - Revira os olhos, divertido.
- Ao centro da cidade. - Arfo.
- Em busca de emprego?
- É, estou precisando de um.
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Trapaças do Coração
RomanceCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...