Leyla
Meu coração ainda bate acelerado e posso sentir o perfume amadeirado de Carlos Eduardo exalar em meu pulso.
A imagem de seu rosto contra a luz, seus olhos brilhantes, penetrantes, sua respiração alterada, seu torax malhado, suado e extramamente excitante ainda invadem minha mente a cada passo que dou.
A vontade de sentir mais de perto seu cheiro, de me misturar ao seu suor, de me inebriar com cada centímetro de sua pele quase me fez perder a coerência dos sentidos quando estávamos frente a frente.
É muito difícil me manter firme depois de conhecer o gosto de Carlos Eduardo D'ávila e as sensações que ele me apresentou naquela noite.
- Leyla! - A voz de Viviana me desperta de meus devaneios. - Que bom que voltou.
- Sim. Depois do ultimato que a senhora me deu. - encolho os ombros.
- O patrão exigiu que voltasse ainda nesta noite. - Explica enquanto me observa cuidadosamente. - Peço desculpas por isso.
- Ele disse que Rafael está sentindo minha falta. - explico comovida ao lembrar do rostinho do menino, afinal não lembro da última vez que alguém sentiu minha falta sem vinculação ao sexo.
- Sim. - Viviana concorda e solta o ar vagarosamente guardando um mistério no olhar. - Em pouco tempo você mudou o ritmo dessa casa, Leyla. As pessoas aqui gostam de você.
Antes que eu possa responder a governanta vira às costas e deixa a ala dos empregados.
Suas palavras me deixaram intrigada, mas não consigo me convencer de que Carlos Eduardo seja uma dessas pessoas a quem se referiu.
Entro em meu quarto e pela primeira vez desde que comecei a trabalhar nesta casa o percebo como um local aconchegante e acolhedor.
Retiro a roupa rapidamente e sigo para o banheiro. Hoje o dia foi intenso e preciso de um banho antes de me juntar a Rafael.
Ligo o chuveiro e espero do lado de fora do box até sentir a água esquentar, mas antes que eu possa entrar no banho sinto alguém me abraçar por trás.
- Aprontou hoje, cachorra? - Mateus pergunta enquanto mordisca meu pescoço.
- O que você quer? - questiono afastando-o com certeza rispidez. - Do que você está falando?
Mateus não parece se incomodar com minha rejeição, ao contrário, me observa satisfeito, enquanto se escora na parede.
- Fala logo o que você quer - Exijo entre dentes, tentando conter minha irritação. - e o que você está fazendo aqui?
- Calma, gatinha! Está zangada por que? Quis fugir do foco hoje e o patrão cortou teu barato?
- Que barato? Você está louco? Não estou entendendo nada.
- Você era mais perspicaz, Catarina. - Mateus fecha levemente o semblante - Estou falando do médico.
Reviro os olhos, impaciente.
- Viu alguma chance de arrancar uma grana dele? - Continua lançando sobre mim um olhar desconfiado.
- Claro que não! Não estou interessada no Dr. Wagner. Fomos apenas lanchar, mas Viviana ligou exigindo que eu voltasse antes mesmo de eu conseguir comer alguma coisa.
- E você não imagina o motivo de ela ter te ligado? - Meu namorado arqueia a sobrancelha de modo zombeteiro.
- Rafael está sentindo minha falta. - Dou de ombros antes de retornar ao banho.
- Quem te disse isso? O patrão?
- Sim. Ele mesmo!
- Apesar de saber que o moleque está mesmo triste com sua ausência, eu poderia apostar alto que esse não foi o único motivo da ligação de Viviana.
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Trapaças do Coração
RomanceCarlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. Há alguns anos ele perdeu a esposa num acidente aéreo e seu único filho, Rafael, ficou paraplégico. E...