REBECCA MARQUÊS
Quem realmente se interresa em saber qual é a teoria da probabilidade e da computabilidade? Não, isso não é algo importante na vida de ninguém. E eu não estou falando isso como alguém que não é fã de matemática, mas sim porque está claro a falta de necessidade dentro dos padrões da sociedade.
A última coisa que estava passando pela minha cabeça, era o real entendimento do assunto confuso da matéria. Estou ansiosa. Minhas pernas tremem; estou soando frio, e por fim, estou um com um peso em meu respirar. Que porra, está me consumindo.
- Está no mesmo mundo que eu? - Hoje, a professora pediu para que nós sentassemos em dupla. O que eu certamente odiei. - Você é muda? Ou só não gosta de mim mesmo? - Não foi necessário, ou até mesmo tive espaço para fazer minha escolha. Já que o emo cabeludo sentou-se ao meu lado, em questão de segundos. Sem me permitir questionar.
- Eu não tenho nada para falar da sua pessoa. - Confuso, Bill apoiava-se na mesa, em busca de um novo conforto. - Só me deixa quieta, tudo bem? - Virei meu rosto ao lado oposto, impossibilitando que Bill viesse me atrapalhar ou fazer perguntas idiotas. Mas, em um toque rápido nas mãos, Bill chamava minha atenção novamente.
- Isso está comigo a algumas semanas. Todas as vezes que eu tento te entregar, ou você vira o rosto, ou fala que não quer minha presença e vai embora. - Com meu caderno de anotações nas mãos, ele me entregava o mesmo com delicadeza. - Deixou em sua mesa na aula de química da semana retrasada. Seria interessante se olhasse o local antes de sair. - Eu o olhei de maneira ameaçadora, era comum. O que fazia aos poucos, que o garoto se afastasse cada vez mais. Eu não sei receber críticas, ou até mesmo conselhos. Sendo algo negativo, não posso mentir.
- Vai matá-lo senhorita Marquês? - Aniquilando minha ameaça silenciosa, Bill deu um suspiro relaxado, assim que a professora percebeu minha ação impulsiva.
- Não. Ainda não é necessário. - Todos os olhares da sala foram a mim, o que me deixou desconfortável. Mas não ao ponto de me sentir coagida.
A professora parecia reclamar com a minha resposta criminosa. Eu não escutava, meus olhos ainda ameaçavam o garoto. Mas, a hora de ir embora foi exposta, assim que o alarme soou forte.
- Você me assusta. - No caminho para saída, escuto a voz familiar da minha dupla. Olhando para trás, confirmo sua aparição.
- É, eu sei disso. - Ignorando sua resposta diante minha fala anterior, me despistava dele. Bill nunca foi meu interesse atual.
...
Mais uma entrevista, estive ficando abalada. Já era meu quinto dia desde que eu comecei a procurar um novo trabalho, e nada curiosamente, falhei em todos. Alguns me dispensavam pela minha nacionalidade, outros pelo meu histórico escolar, minha idade e alguns pela minha audácia.
Já estava sem esperanças, estava tão complicado encontrar um lugar em que me aceitasse. Eu estou com medo, e eu odeio sentir isso. Se eu não conseguir me sustentar, o que eu faria? Eu não tenho porra de ninguém nessa vida.
Um dos rapazes que era o chefe do lugar, saiu de sua sala com uma expressão nenhum pouco convincente aos olhos. Segurava meu currículo, enquanto se apoiava na parede.
- Bom, eu realmente preciso admitir que tem boas indicações. Não existe nenhuma reclamação sobre seu desempenho. - Aquilo, aplicou-me uma dose de adrenalina. E como antes, eu tremia intensamente, mesmo querendo parar. - Mas querida, seu histórico escolar é péssimo. Aceitamos uma expulsão ou duas, mas contando em todos os colégios que você estudou, tem mais de quinze expulsões. Sinto muito, boa sorte na procura de um emprego. - Me deixando sozinha, ele negou, assim como os outros, meu serviço.
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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.
FanfictionA carioca não foi presenteada com a sorte da família perfeita. Perguntava-se se ao menos poderia chamar aquilo de família. Explorando seu mar de azar, a garota é despedida do seu serviço, e se encontra obrigada, a encontrar outro. Só não imaginava q...