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REBECCA MARQUÊS

As ruas de Berlim, costumam ser movimentadas. Sempre a pés apressados, indo a lugares, e a outros que desconheço. Nunca tive a oportunidade de me aconchegar nessas ruas da capital alemã, as cidades mais comuns, sempre foi meu destino.


Uma parte horrível da Alemanha, é claramente a memória histórica que eles tem. A maioria deles, praticamente. Ser julgada puta; vagabunda pela minha origem latina, foi algo recorrente tanto nos Estados Unidos ou aqui na Alemanha. Mas, pelos céus. Esse seres humanos são insuportáveis. Me olham torto, como se eu estivesse cometendo um crime a sangue frio, sem dó ou piedade. Ou pior, cochicham entre si, dando risadas matantes.

Como na matemática, tirando a parte de um todo, teremos uma quantidade considerável de pessoas que tem essa mesma personalidade.

No entanto, me acalento na brisa emitida pela natureza que mesmo pouco visitada por mim, costumo admirá-la quando possível. O café alemão não é um dos que mais me agrada, mas hoje, tornou-se meu melhor amigo, pois diante a esse frio estridente, era a única coisa que até agora me esquentava.

Me alimento materialmente com boas panquecas regionais, que eram levemente adocicadas, da forma que prezo. Já mentalmente, me alimento com o meu próprio silêncio tagarela, que insiste em revirar cada pensamento profundo meu. Alguns, digo serem até bobos, não me ajudam em nada. Entretanto, a alguns que me fazem cumprir até expressões estranhas de tanto questioná-las.

Não sei o nome dessa cafeteria, na verdade, não sei se é realmente essa a definição dessa empresa. Cogitou ser uma lanchonete, mas isso não importa.

Dou risadas leves, ao lembrar do longo e alvoroçado processo que foi chegar até aqui. As brigas dos garotos que em algumas horas, vou finalizar minha estadia, seriam ótimas para serem organizadas em um roteiro de programa de TV.

Termino recorrentemente lembrando-me de Bill, o garoto de cabelos escuros que vem me afetando mais do que eu quero, e espero. Não o vi por muito tempo, só um período curto matutino. Tirando isso, ele estava como uma memória recente na minha mente confusa.

Novamente, deslizo em meus pensamentos sem sentido, focando minha visão em um lugar desconhecido, e de forma progressiva, embaçando a área.

Sinto um frame rápido, tão iluminado quanto o céu em um dia ensolarado. Sendo assim, alguém havia me tirado brutalmente das minhas viagens paradas. Através do vidro transparente que sem olhos, me encarava, tinha um homem me fotografando. Só isso, foi o suficiente para me deixar confusa, no entanto, logo veio uma mulher claramente curiosa me cercar. A mesma estava acompanhada a outra mulher, que carregava uma câmera gigantesca.

- Por essa nós não esperávamos. - A loira me encurralou com um microfone, mesclando o seu uso, e o meu. - Gosto da falta de necessidade de apresentações, já a conhecemos o suficiente. E falemos a verdade, você é esperta. - Disse ela, observando-me como um prato de comida que gera lucro.

- Que porra é essa? Dá para você desligar esse caralho? - Pergunto breve. Vi seu  rosto frustrado, porém, ainda continuava de maneira cínica. Mas, diferente de meus pedidos e perguntas, pareciam aumentar sua frequência.  - E você aí atrás, para com essa porra também!

- Responda para nós algumas perguntas. - A mulher arrancava de um dos bolsos do seu terno creme, um papel com perguntas já grafadas digitalmente. - Como conseguiu se infiltrar com os garotos da banda Tokio Hotel? - Revirei os olhos ao escutar seu comentário ridículo.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora