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REBECCA MARQUÊS

O caminho era torturante, um tanto que poucas vezes encontrei em meu caminho, visto seu nível. O vestido era derramado sobre cada lugar do carro moderno do cantor ao meu lado, que em horas, perguntava sobre meu real estado psicológico, que claramente não era nem um pouco maleável.

Organizou o fio de cabelo bagunçado, o levando atrás da orelha. Escorregou sua mão até minha coxa, seguindo o labirinto das pedrarias, pela quinta ou sexta vez. Devem lembrar-se que isso já aconteceu antes, na verdade, muitas vezes. Neste acontecimento, senti um impulso desconhecido, o que me fez descansar minha mão sobre a sua.

Ultimamente, estudei sobre a primeira localização do hospital psiquiátrico, desconsiderando aquela horripilante falha anterior. O lugar era nada mais, nada menos, que em outra cidade. No momento, me rechiei de decepção, era extremamente complicado viajar dessa forma quando se tem um trabalho fixo, exato como eu tenho. Propósito, sorte ou até mesmo ironia do destino, entre esses, não sei qual deles escreve a minha trajetória, e como ela sempre me parece uma loucura. O evento exigia uma viagem, poucas horas, mas necessárias para coencedir com a exata cidade do hospital.

A viagem se prolongaria um pouco, pelo local o qual estava, que se encaixa bastante em uma outra província norte americana, mas mesmo assim não era um absurdo.

- Você vai vir comigo, não é? - Falei, enquanto fitei o olhos castanhos claros do garoto, que logo abaixaram-se a nós.

- Claro, becca. - Confirmou, assegurando sua feição estranha. Mesmo com o pouco tempo, estava me irritando. - Vamos assim? Com essas roupas? - Ao menos ele explicou antes que eu questionasse grosseiramente.

- Assim como? - Perguntei, meando meus pés para fora do carro. - O que tem em nossas roupas? - Indaguei.

- Nada. - Falou. - Mas e importante cogitar que talvez eles nos confundam com algum paciente. - Lembrou ele. Sua aparência era de um real medo, não o assustador, mas aquele que se teme algo.

- Por favor, não me faz rir. Não parece legal para o momento. - Repreendi a mim mesma, pelas risadas caídas da minha voz. Realmente, era um fato possível.

O caminho até a entrada era curto, sobre segundos, aos poucos, já estive com a palma da mão torneada na vidraçaria da porta. Não era nada parecido como os filmes impõem, ressaltando o lugar como esbranquiçado sem nem sequer, um pingo de colorismo. O garoto ao meu lado, era curioso, o encontrei a observar uma das salas que aviam um paciente se reabilitando pelas janelas, aquelas que haviam na recepção onde nós estávamos.

- Oi. Tudo bem? Então, esses últimos meses, algo proveniente desse hospital, vem me mandando umas mensagens repetitivas sobre o estado da minha mãe que foi internada aqui. - Contei a mais velha que estava atrás do balcão. - Se preferir, tenho as mensagens aqui. Queria saber o porquê ainda me mandam. - Com sua melancolia no olhar, a ruiva encarava-me, e muita das vezes, encarava o celular. O silêncio era constrangedor. - Senhora, eu realmente preciso de ajuda.

- A senhorita sabe que horas são? - Perguntou ela, debochada. Me vendo afirmar com a cabeça. - Meu expediente acaba duas horas da manhã. São duas horas e dois minutos. A mulher que me substitui ainda não chegou, mas isso não quer dizer que eu ainda tenha que trabalhar nessa espelunca. Espere ou espere. - Com seus braços cruzados, a velha me dispensava grosseiramente. Não cedi a ela, fiquei bons minutos parada a frente dela, esperando uma resposta.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora