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BILL KAULITZ

Todos pairavam seus corpos diversificados entre bancos desconfortáveis, e paredes descascadas em estados certamente críticos. A garota parece ter sido levada, a pior delegacia desta cidade turbulenta.

Georg e Gustav corriam de um lado para o outro, resolviam a parte burocrática, tão cansativa que meus olhos pesam ao somente pensar. Meu gêmeo e eu, observávamos a pequena ondulada, para que sua segurança estivesse aos nossos olhos. No momento, ela fazia as típicas fotos de filmes de cinema. Com aquela placa, que carrega seu nome, junto a outros dados. Estava me matando não servir para praticamente, nada. Idade idiota.

Penso que aquilo em seu rosto não era tristeza, muito menos medo. Um ponto, era a frustração da atriz, em níveis mostruosos, como algo que nunca vi. O senhor pedia para que ela se revirasse, de um lado a outro, a fazendo irritar, e murmurar coisas que certamente, não deveria.

Estávamos dentro do ambiente caótico a longas uma hora e meia, pelo que Tom disse. Mas, para mim, haviam se passado uma eternidade. Contei as horas, mas não por relógios comuns, contei pelos lábios que carregavam sorrisos amargos, e falta de ânimo da garota. Confesso, que meus olhos só estiveram sobre ela, por todo o tempo. E vê-la sofrer, era uma tarefa que não sei fazer.

- Georg, vem aqui por favor. - Balbuciei para o garoto, que movimentou suas mãos apressadas, forçando-se a vir até mim. - Não há uma... Sei lá. Fiança talvez? Isso não é uma opção nessa espelunca? Porquê, porra. - As frases estressadas, se atiravam da minha boca, como se em poucos minutos, eu estaria bem pior. - Esse teto, vai cair sobre nossas cabeças. Já olhou a quantidade de pingeiras e mofo que a nele? - Alerto ao loiro, que direciona sua visão ao comentário. Vi seu corpo tombar para trás, como se não imaginasse que estaria assim. Tão escândaloso.

- Rebecca fez uma coisa que eles acham muito ruim, é difícil tentar a livrar disso. - Explicou ele. - E para piorar, ela tem péssimo histórico de comportamento escolar. Então, isso termina influenciando um pouco. Talvez nós possamo... - Gustav, com um sorriso e papéis que desconheço nas mãos, acabou com a conversa que tínhamos. Se colocando, no meio dela.

- A Rebecca não vai ser presa. - Disse mais velho. O conhecendo, Gustav transformou a tarefa, a tornando uma meta. Já que, sua feição era de conquista, e um pouco a mais que isso. - Ela não é nativa, então isso é uma espécie de justificativa. - Completou ele. - Mas, isso também é como uma segunda chance. Se ela fizer de novo, ela é presa mesmo. Aqui a penalidade de menores é permitida. - Enquanto continuava nos alertando, meus olhos ainda eram direcionados a Rebecca, que era novamente, trazida pelos policiais.

- Que isso sirva de aprendizado senhorita Kurtz. - Afirmou o velho, com a tentativa de corrigir a garota. Se é que ele estava falando com ela.

- Kurtz? Seu sobrenome tem Kurtz? - Perguntou o baixista. Não era só ele que estava possuído pela curiosidade.

- Nunca me disse que seu nome tinha Kurtz. - Não tenho a audácia de negar, sua angústia era uma das piores coisas para se assistir, principalmente quando não se pode interferir.

- Não é relevante. - Disse ela, indo em direção a porta de saída do estabelecimento. - Não era antes, imagine agora. - Foi a primeira vez, desde os últimos dias que a garota transformou nossa discussão, em um tópico relevante em uma situação. - Obrigada mesmo por me tirarem daquela falha estrutural desse país; racista; homofóbico; machista; xenofóbico... Mas, foda-se eu estava errada mesmo. - Disse a mesma, dando de ombros. - Acho que eu preciso pensar um pouco. Tenho pensamentos demais, e paciência de menos. Vou ligar para meu motorista, daqui a uns quarteirões ele me busca.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora