REBECCA MARQUÊS
A sala estava em minha frente, a porta semi aberta, médicos por dentro que aos poucos, saíram. O garoto ficou ao lado de fora, vendo o que acontecia pela janela levemente transparente. A cada passo, meu coração parecia pular do meu peito. Minhas pernas bambearam, meus olhos estiveram lacrimejando, minha mãe estava sobre minha vista.
Estava com alguns aparelhos ligados a si, e o quarto era repleto de itens recreativos. Me coloquei ao lado da sua cama, a fazendo olhar para mim. Era realmente nova, seus olhos eram semelhantes aos meus, seu cabelo, quase um todo.
- Querida, é uma das jovens que vieram para fazer estágio? Não estou me sentindo muito bem hoje. Poderia ser amanhã? - Falou ela, arrastada. A cada palavras, uma lágrima era derrubada no chão.
- Não, não é estágio. - Ri de seu relato, ela confessou de maneira engraçada. - Bom, eu não sei muito bem como falar isso. Não estava em meus planejamentos. - Continuei, tremilicando na voz. - Sou eu, Rebecca. Becca, na verdade. - Seus olhos se arregalaram, e a acastanhada segurou com dificuldade, minha mão.
- Filha, eu estava te esperando. Você está linda, como sempre foi. - Naquele momento, eu já não tinha controle das minhas emoções, e ela, aparentemente também não.
- Eu estava com saudade, mãe. Você fez falta. Me desculpe por não ter vindo antes, eu não sabia. Fui criada com outra história, e...e eu não imaginava que você estava aqui. Desculpa por não ter sido mais presente, juro que vou tentar, entende? Porra, eu só quero um abraço. - Sem cerimônias, tive seu corpo no meu, depois de um longo e doloroso tempo.
- Querida, não se afobe. Não quero vê-la assim. - Aconselhou. - Está tudo bem, sei do que sabe, e como isso aconteceu. Mas, acho mais confortável que isso não seja a coisa mais importante para saber sobre você agora. - Falou, com convicção. - Vamos conversar sobre como está linda com essa roupa.
- Acabei de vir de um evento. Sou atriz, na verdade. - Brilhando, a mais velha sorriu. - Eu morava na Alemanha, mas terminei me mudando nesse último ano.
- Tenho orgulho de você, um orgulho imenso do que você se tornou. - A sensação doída desaparecia, algo melhor era colocado em mim. - E o rapaz lá fora, veio com você? - Seu sorriso se modificou, como podem imaginar.
- É o Bill, somos amigos. Ele colabora com a maioria das loucuras que eu faço. - Contei a mulher, que continuou analisando o outro.
- Ele não me parece só seu amigo. Está andando de um lado para o outro, a todo o momento está olhando para cá... Não sou tola, querida. - Neste momento, acenou para o artista, que acenou de volta. Enquanto isso, assustei-me com seu pigerrear grosso.
- Filha, olhe pra mim. Eu peço desculpa por não ter participado da sua adolescência, e me perdoe se isso a fez sofrer. Isso foi muito além do que pode imaginar. - O peito apertava com suas palavras. - Eu estava te esperando por todo esse tempo, agora estou realmente feliz. Desculpa por não poder ter você por mais tempo, desculpa por te frustrar mais uma vez. Eu te amo, sempre te amei.
- Mãe? Eu não estou entendendo. Eu que peço desculpas, fui o problema da sua vida. - Confessei, chorosa de novo. - Eu te amo, mãe!
- N..Não foi culpa sua. Nunca foi. - A agonia me dominava. Os aparelhos despertaram em um estrondo. O solo entre nós duas foi invadido por médicos, seu peito descia e subia assustadoramente. A pressão ecoava sobre meu ouvido, e logo não estive controlando meus movimentos, quais quer sejam eles.
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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.
FanfictionA carioca não foi presenteada com a sorte da família perfeita. Perguntava-se se ao menos poderia chamar aquilo de família. Explorando seu mar de azar, a garota é despedida do seu serviço, e se encontra obrigada, a encontrar outro. Só não imaginava q...