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BILL KAULITZ

Tom tagarelava com a garota pelo telefone a seguidos cinco ou dez minutos. A alguns dias, tivemos em mãos os documentos que a ondulada solicitara a nossa mãe. Sua estadia conosco não foi prolongada, a garota pegou o pacote praticamente no exato mesmo dia que recebemos.

- Ah, sim! Ele não é muito longe. - Falava Tom ao telefone, enquanto saracutiava de um canto para outro. - Tenho quase certeza, que já o vi. - Continuava ele.

Desde que sei da sua existência, Tom se fez a pessoa mais próxima a ela, no início, depois de mim é claro. O guitarrista foi o único que nunca limitou-se próximo a ela, as vezes passavam mais ou menos dez minutos soltando suas farpas, somente por implicância. Aos poucos, percebi que tinham mais de uma, e sim múltiplas características semelhantes. A maioria, em sua personalidade. Justo isso, houve uma crise entre eles, não falo de brigas ou algo assim, mas um atrito irritante. Hoje, escuto discussões que estou acostumado, e que não me interessam tanto. Não gosto de observá-las, analisá-las e questioná-las antes de dormir.

- Você? Sugerindo isso, e nos conhecendo? - Sua frase soube aguçar de forma minuciosa o espírito travesso que Gustav e Georg carregavam com si. - Então tudo bem, estamos indo. - Tom parecia estar perto do fim do assunto, mas pousou sua mão nos bolsos. O conhecendo, falará mais algo. - Há muitas garotas bonitas? Vou mudar de roupa se houverem. - O telefone foi desligado pela garota, deixando meu irmão sem nenhuma resposta. Confesso que soltei algumas risadas, e sorrisos cínicos.

- Onde ela está? - Perguntou Georg, próximo a Tom. O mesmo soltou mais que um sorriso malicioso, suas mãos se esfregaram uma com a outra, como se planejarem um plano diabólico.

- Ela me falou que está no estúdio, gravando algumas cenas, e não vai acabar agora. - Disse ele. - Pediu para que fossemos lá, não é tão longe de onde vamos.

Não vi um deles não se movimentar depois do anúncio de Tom. Pegaram algumas coisas que sempre levam quando saem. Pareciam ansiosos, e tagarelavam principalmente sobre a ida ao estúdio que ela estava. Nunca colocamos nossos pés em um.

- Vamos Bill, o negócio da mãe da Rebecca é perto, mas o estúdio não é tanto assim. - Meu gêmeo se colocava a frente da nossa porta de saída, tinha a maçaneta entre seus dedos, enquanto murmurava para mim. - Tá esperando o que?

- Eu não vou. - Explico a ele, que olhou-me com a feição mais cansativa que teve capacidade de fazer. Bateu seus pés involuntariamente no chão, enquanto suspirou de maneira intensa. - O que é que foi Tom? - Pergunto, ao vê-lo daquela maneira.

- Me diz o porquê Bill. - Tom tinha seu olhar focado nos outros e a mim. Breve, ele fechou a porta, privando nossa conversa.

- Porque sim Tommy, não a nada para contestar. - Refuto o garoto, que a todo o momento se aproximava mais.

- Em algum momento que eu não vi, ela disse que você não podia ir? - Revirei meus olhos por sua insistência, levando minhas mãos à cabeça.

- Você sabe o que aconteceu, não insista. - Em movimentos rápidos, levantei-me da confortável poltrona que me acomodava a segundos. Porém, o garoto impediu minha saída.

- A última coisa que passa pela minha cabeça, é de alguma forma, precisar repreender você. - O volume de sua voz era só um, direto como dificilmente escuto. - Nós conversamos, e não foi uma, duas ou três vezes. E sim, todas as vezes que você chorou por falta dela. - Lembrou ele. - Agradeço por ter compartilhado comigo, sou seu irmão afinal, e sempre terá meu apoio. Mas, eu já te falei o que penso sobre isso. Rebecca é difícil, eu sei. Ela tem maneiras esquisitas de levar a vida, que podem ser estranhas em nossos olhos.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora