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REBECCA MARQUÊS

Meu olhar estava focado nos e-mails, porém minha mente está um pouco tristonha. Hoje pela manhã, fui obrigada a me despedir de Henry. O garoto se foi, levando a grande parte da minha interação social.

Tudo bem, preciso confessar que estou mais ligada a rotina do Kaulitz. Na verdade, de todos os garotos. O que consequentemente, me preocupa. Eles ainda carregam a mesma proporção de chatices, porém estão se tornando aos poucos, mais relevantes na minha vida.

Isso meio que me assusta. Está acontecendo de forma que não tenho poder de interferir. E confesso que já tentei, várias vezes. Tento me fechar, não falar nada ou até mesmo ignorá-los. No entanto, todos eles arruinam minha missão. Tom faz brincadeiras idiotas, que me forçam a rir; Georg, junto a Gustav fazem feições esquisitas, fazendo com que minha paciência exploda; e Bill... O garoto de cabelos escuros preocupasse comigo como ninguém, o que é sei lá... Esquisito? Mas, costuma me ajudar, as vezes.

- Meus dedos estão doendo. - Eu não aguentava mais segurar isso para mim. Hoje pela manhã, retornei as aulas. As férias forjadas foram finalizadas, junto a minha tranquilidade. Como punição final, fui proposta a digitar uma imensa redação.

A dor que sinto ao responder os e-mails, parecia se juntar a dor da tarefa. Só me ferro nessa desgraça de vida.  

- Se eu fosse você, não falava algo assim. - Tom surgiu de algum lugar que não tenho conhecimento, só o vejo em minha frente. Arrumando seus belos dreads. - Sabe que eu posso interpretar isso daquela forma não é? - O vi sorrir malicioso, enquanto eu joguei uma almofada no garoto. Por que porra ele precisa relacionar tudo a sexo?

- Viu o seu irmão? Preciso perguntar um negócio para ele. - Novamente, ele tinha o mesmo sorriso. Me fazendo me revirar os olhos, sem ao menos perceber.

- Não se preocupa becca, seu pitelzinho não foi muito longe. Me disse que foi ao supermercado, comprar besteiras provavelmente. - Eu o vi preparar um lanche qualquer na cozinha, enquanto dizia falácias para mim.

- Continua Tom, fale merda em cima de merda. - Meus planos, era ameaçá-lo cada vez mais. Gosto de ver seu rosto quando esta assustado comigo. Porém, a porta foi aberta pelo artista, que carregava algumas sacolas.

- O Tom estava sendo ele não é? O quão errado era o que ele estava fazendo? - Comentava Bill, enquanto escorava suas compras na mesa. Lugar onde eu estava.

- Você nem imagina... Ou talvez imagina. Isso é bem possível. - Perdi minha concentração correta, mas logo fui relembrada ao ver o notebook em minha frente. - Bill, vou precisar de você. Infelizmente, será preciso que eu faça um comunicado. Mas, com sua resposta. - Isso era verdade, o que no fim, era ruim. Desenvolver comunicados só com um "Sim" ou um "Não" do garoto, era mais fácil. No momento, teria que usar suas palavras.

- Tem como deixar para depois? - Me pergunta ela, enquanto nego com o rosto.

Estávamos em um lugar diferente. Um hotel na verdade, eles iriam fazer um show amanhã e mudaram-se em questão de horas. As vezes, pergunto-me como são capazes de viver nesse ritmo agitado.

- Isso não depende de mim, foi a empresa que mandou essa porra em cima da hora.

- Eu preciso sair. - Disse ele, enquanto separava algumas de suas diversas compras. E que compras aleatórias.

- Para onde? - Mordendo seu projeto de hambúrguer, o gêmeo mais velho, questionava seu irmão.

- Para a casa do caralho. - Deixei escapar um riso sem controle. Tom me fitou, provavelmente desaprovou a ação. Mas, eu não ligo. - Vou me tatuar. - Ambos o olhamos incrédulos, desde quando Bill se auto tatua? - Espera. Tipo, não tatuar a mim mesmo. Alguém vai fazer uma tatuagem em mim. - Explica ele.

- O que eu vou fazer? Esse negócio é importante. - Ele pensou por alguns segundos, mas grudou-se a uma solução. Decidiu que eu o acompanharia até o local.

- Vai me dar apoio moral? - Pergunta-me o garoto, que estava em meu lado. Atrapalhando meu foco em escrever. Já estávamos dentro da Van, enquanto eu digitava, próxima ao final.

- Não mesmo. Quero ver sua reação a dor. - Respondo. Tão seca quanto um deserto.

- Sadomasoquismo?

- Quem sabe? Talvez um pouco. - Me vi sorrindo como Tom antes, acho que me contagiei.

- Aposto que sofre mais que eu. - Eu não havia perguntado, e era isso que eu iria responder. Entretanto, finalizando o e-mail, entrei em seu jogo.

- Até parece, quando cairá na real Kaulitz? - Pergunto irônica, enquanto ele me encarava com aqueles olhos repletos de sombra escura, os deixando... Profundos talvez?

- Perfeito, me prove. - Diz ele.

- Não tenho que lhe provar nada. - Refuto.

- Está com medo Rebecca? - Isso ferveu o sangue que corre em meio às minhas veias. O sorriso que Bill tinha, enquanto praticamente duvidava da minha durabilidade... Caralho aquilo acabou com qualquer chance de negar.

- Nunca... Kaulitz.

...

Bill gemia de dor algumas vezes, era engraçado confesso. Mesmo que soe estranho. Em cada uma dessas vezes, ele me observava, devido a nossa aposta. Provavelmente, cogitava a ideia da minha vitória. Ele fez a tatuagem em um lugar sensível, disso que eu teria que fazer uma no mesmo lugar. Para que não se tornasse injusto. Concordei, o que me importava era ganhar dele.

Assim que o fim da sua "Tatuagem de estrela" chegou, ele transparecia uma dor agoniante, em cada uma das vezes em que a tatuadora retirava o excesso de tinta. Levantou-se dolorido, enquanto aproximava de mim.

- Sua vez becca. - A tatuagem ainda era visível, tanto para mim, quanto para a tatuadora. E confesso, foi um ótimo adereço para decorar sua fina cintura.

Tinha diversas tatuagens expostas na parede, eu estava inundada de possibilidades. Mas uma delas... Ela era que eu colocaria eternamente em minha pele temporária.

E a dor? Ela era realmente intensa, porém, não ao ponto de me fazer perder para o Kaulitz. Não hoje, e provavelmente nunca. Segurei cada uma das vontades de gritar, e socar a mulher em minha frente. E quando foi finalizada, percebi que o comportamento de Bill quando ela limpava a tinta, era bem dentro dos padrões.

- Bela cobra becca. - Ainda com a minha calça levemente abaixada, notei que não era a única a olhar a tatuagem que tinha acabado de fazer. - Desse jeito, faço questão de bancar todas as suas tatuagens. - Disse ele, em um susurro.

- Vai se foder Kaulitz. - Digo, saindo do estabelecimento. Que não demorou muito para que eu fosse acompanhada pelo garoto esguio. - Seus fãs vão gostar! - Digo, durante o caminho para a Van.

- Mas, e você? Gostou? - A noite estava se tornando presente, junto ao gélido vento e sereno noturno.

- A minha é mais legal. - Digo.

- Eu sei que é.

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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora