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REBECCA MARQUÊS

As luzes foram tornando-se escassas em breves segundos. Tentei de maneiras incansáveis, abrir a porta que impedia que saíssemos do desconfortável ambiente. Não escutávamos nada. Nada além da nossa respiração rotineira, porém afoita. O saber, era uma das piores coisas que se realçam em momentos como esse. Minha mente arquiteta, já montou milhares de possibilidades de podem terminar acontecendo. Mas, com experiência, consigo ignorar esse fato, e sustentar a maresia mental.

- Aí, Porra! - Em uma das minhas falhas tentativas, terminei prensando meu dedo em uma das frestas que tentei afolar. Era uma dor cansativa, daquelas que clamamos para parar, mas está longe de se considerar matante. - Tá doendo para caralho. - A palma dolorida, se movia de cima para baixo, como se de alguma forma, isso fosse aliviar o que eu sentia.

Com a agonia, desisti da insistência, aquela maldita porta, realmente não iria abrir manualmente. Assim que virei meu corpo, minha mão entrou em confronto com alguma parte do corpo do cantor. Meu corpo tombou para frente, colidindo peitoral de Billy, em meu rosto.

- Aí Rebecca, meu braço! - Reclamou a mim. - Você me arranhou. - Será que ele não notou que estamos no escuro?

- Você que estava atrás de mim. Eu tenho culpa se a minha mão te atingiu, sendo que eu nem sei onde porra você está? - Era uma das sensações mais excêntricas que já experimentei. Eu sabia que ele estava ali, mas não exatamente onde. - Eu não tenho visão noturna Kaulitz, mas se você tem...

- Está afirmando que eu sou um gato para você? Eles tem visão noturna afinal. - Aquele maneira maliciosa de falar, causando arrepios e sorrisos soltos pelo ar. Era isso que Bill tentava me roubar. - Sabe que eu te acho uma gatinha, e outras coisas além disso, então... - Além de cantor, era um ótimo ladrão.

- Não acha que o meu dia foi muito cheio para cantadas de segunda? Me poupe de estresses. - O escuto dar uma de suas típicas risadas, murmurando coisas para si.

- Não são cantadas de segunda, se você foi a primeira.

- Seu objetivo é realmente esse? - Pergunto. Admito, que de uma maneira soberba. - Ignorar que discutimos, que eu fui embora depois que fizemos sexo, estamos a seis meses sem se falar, e mais uma lista de coisas, e começar a falar comigo normalmente? Sabe que eu não estou nem perto de aceitar isso.

- Estou ciente disso Rebecca a tempos, desde que você desapareceu da minha vida. - Escorreguei meu tronco pelas paredes geladas, me colocando sentada no chão.

Bill soltou sua pergunta previsível, pelo barulho leve que o impacto causou. Ele quase pisou nos meus pés, tentado repetir a ação. Depois de falácias senti sua presença em meu lado.

- Eu não vou pisar na sua mão, estou vendo levemente elas se mexerem. - Explicava o garoto, diante a minha observação anterior. - Não quero que mudemos de assunto. Quando tento falar com você, algo aparece e atrapalha tudo.

- Pense no que vai falar, não quero piorar algo que já não é bom. - Relembro a ele, fazendo isso com meu subconsciente também. - Mas, fale.

- Você foi uma pessoa que surgiu na minha vida das mais inesperadas formas que imaginei. Não pela maneira em si, mas você como pessoa. Te vi de uma maneira única, que nunca analisei pessoas daquela mesma forma antes. Quando pude realmente te ter por perto, mesmo que o processo tenha sido conturbados, e sem nossas típicas brigas chatas. - Cada detalhe citado de nossa trajetória, me fazia ser composta de Déjà vus tão reias... - Em momentos, me senti estranho. Estive com ciúmes de Henry, necessitei da sua presença, das suas opiniões, voz e até brigas. Confirmei na noite que beijou meu irmão que eu havia me apaixonado na ondulada que diz odiar garotos. - Soltei uma risada involuntária, recordando de meu título. - Quando te beijei pela primeira vez, tive a melhor sensação que eu podia ter. Me lembro de não querer que aquilo acabasse, com medo de não acontecer novamente. Vivenciei as etapas da minha vida, com mais proveito. Somente por que eu estava ao seu lado. Enfim... De tudo o que eu disse, espero que tenha deixado claro é especial para mim. Pensei que poderia te esquecer, mas não.

- Aprendi muitas coisas por esses tempos, como não ser tão incontrolável com as palavras. - Digo a ele. - Mas, desculpa. Isso simplesmente não muda o que você disse.

Muitos me julgarão insuportável, pela minha resposta seca, como noites desérticas. Porém, por um segundo, coloque-se no meu papel. Escute as palavras que ouvi, e sinta o que eu senti. Não é tão fácil ignorar e aceitar tudo.

- Depois de tudo o que fizemos, e principalmente, o motivo em que fizemos. A vi ir embora, suas malas estavam cheias, deixando evidente que talvez não voltasse... Não para mim. - O silêncio foi feito por segundos depois da sua frase, somente nossas respirações falavam. - Fui um idiota, babaca como disse você disse que somos. Outras ideias invadiram a minha mente, me senti abandonado. Deixado de lado como sempre fui, e ter sido supostamente por você, tudo era pior na minha cabeça. - Falava de maneira acelerada, como se prezasse pela defensão.

- Isso responde muitas perguntas Bill, as que me deixou de brinde. - Não decidi se a sua explicação deixou-me mais confusa, e presa por ela, ou colocou algumas engrenaes no lugar.

- Não estou implorando pelo seu perdão, e muito menos tentando mudar algo que você venha pensando. - O vocal agoniado, mudou-se, o deixando tão direto como uma flecha certeira. - Eu falei merdas, muitas. Coisas que eu nem deveria ter dito, ou outras que não se deveriam ter sido ressaltadas dessa maneira. Sinceramente, desculpe pela minha fala, e pela maneira que te falei ela. - O garoto respirou fundo, deixando claro o seu fim. - Falar isso é um alívio.

Eu sabia que também deveria falar, que somente sua versão da história não era o suficiente. Relutei com a minha mente imatura, que não aceitava que era o caminho mais inteligente. Até que uma de nós cedemos.

- Billy, sabe que não irei contar histórias. Tem mais que consciência que gostei de você, teve provas disso. Não é idiota sozinho, sou tanto quando você. - Digo pensativa. - Nunca esperei que diria aquilo para mim, não daquela forma. Criei uma imagem sua tão convincente, capaz de deixar apenas com palavras, as pessoas apaixonadas por você. Naquele dia, trouxe tanta raiva para mim, que jurei nunca mais falar com você. Pensei múltiplas horas, até que conclui que não adiantaria, era verdade mesmo. - Meus ombros impactaram com seus braços, a primeira vez que senti que ele compreendeu meus movimentos está noite. - Realmente não quero seu perdão. Quero que entenda até onde as coisas que falou me influenciaram, assim como eu entendi até onde elas eram verdadeiras. - Não sou capaz de fazer cerimônias, antes de me expressar. Talvez tenha sido muito pontual, mas é o que consigo fazer.

Cinco minutos calados. Como se ignorassemos ambas presenças, até que Bill resolveu falar.

- Isso ainda é o fim? Não quero que seja. - Questionou ele.

- Do passado sim. - Digo. - Do futuro... Talvez não.

Um sensor vermelho clareou o ambiente, mesmo que de forma leve. Agora, progressivamente as luzes se ascendiam. Olhei para o lado, onde o garoto estava. Algumas lágrimas escuras pela maquiagem, estavam em seu rosto pálido. O fazendo rapidamente, limpar. As tentativas só o bagunçaram mais.

- Não tem problema em chorar Kaulitz. - Retirei a mão insistente do seu rosto, o fazendo somente observar. Bom, estávamos no escuro a muito tempo.

A porta finalmente se abriu, nos dando de cara com os outros, que nos abraçaram por impulso.

Porra de Bill Kaulitz.

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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora