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REBECCA MARQUÊS

O volume de pessoas dentro do espaço em que eu estava, poderia certamente ser usado como demonstração de experimentos científicos. Em questão de densidade, massa e coisas do tipo. Não sei por que uso isso como metáfora para melhor explicação dos meus pensamentos. Sou a última pessoa do mundo que usa física e química diariamente.


Não sei como posso definir isso; departamento; escritório ou espaço aleatório de coisas cansativas... Beiro a última possibilidade, mas não ouso em falar isso.

Bagunça torna-se até organizada ao falar da minha vida. Quando me peguei consciente dos acontecimentos, tive meu rosto estampado em qualquer meio digital. E não por coisas fúteis, como ocorreu inicialmente. Mas sim, pela minha entrada em uma franquia de filmes de horror. Estava crente na hipótese de que eu havia passado em uma peça, nas quais eu já fiz. Não que elas não mereçam prestígio, nunca. Mas, porra. Eu estou em Los Angeles, vivendo em um belo apartamento; cheia de sugestões de empresas para guiar-me para mais. Além de outros benefícios, que aproveito cada detalhe.

- E para você Rebecca, está de acordo com isso? - Me desliguei dos pensamentos quando a morena afastada, questionava algo a mim.

- De acordo com o que? - Vi a velha revirar seus olhos esverdeados como um mar de algas marinhas.

Elis era minha empresária. Alta; morena; elegante; certeira e intelectual. Lembro da sua veracidade gramatical que utilizou ao se candidatar para guiar minha carreira. Sinceramente, não entendi nada o que disse no evento, mas a achei competente ao refutar alguns homens que estavam se candidatando para o mesmo cargo.

Costuma ser séria, palavras eretas que machucam se necessárias. Não mede esforços para chamar minha atenção, e recorre em lições de moral. No entanto, em momentos calmos, sem alvoroço, conta-me suas experiências de vida, que admito ser diversas. Por isso, as escuto... Ou as ignoro.

- Por favor Rebecca, foque. - Exigia ela, apontando para o acontecimento escrito no quadro. - Gosta da ideia?

Leio as palavras grafadas em fonte comum, que me apresentavam a ideia caótica ali.

- Quando será? - Pergunta idiota para a situação, qualquer um estaria disposto a aceitar e sem exitar.

- Porque? Pensa em negar? - Questiona a mulher. Mesmo que pareça, ela não está sendo rude comigo. Só está sendo ela.

- Nunca, claro que estou de acordo. - Me surpreendo com a ideia de que propostas como entregar um dos prêmios, da MTV EMAs, já estivessem meu nome na lista. Não que eu esteja insatisfeita com a ideia, só é... Esquisito. Mesmo fantasiando coisas como essa desde que eu era pequena.

- Perfeito, até dois meses senhorita Marquês. - Disse o senhor esférico, que colava suas mãos nas de Elis, agradecendo a confirmação. Dei um daqueles meu sorrisos sem graças, sem mostrar meus dentes, só para não deixar de agradecer ao rapaz.

Estou farta, repleta de situações intensas, que me deixam meus parafusos desenroscados do lugar. Meus pés latejavam muito, como se fossem um coração pressionado. Desejo a cama macia, com todas aquelas luzes bem colocadas, fazendo-me delirar antes de adormecer.

Na verdade, quero tudo. Estar inteiramente, dentro do espaço caseiro. Quando fui comunicada com convicção viajar a outro país para fazer um filme, me desesperei. Rafael, meu pai, certamente não iria me acompanhar. Foi sugerida a ideia de entregar a minha guarda temporária a mãe de Henry, que habitará Los Angeles por dois anos, para trabalhar.

Mas, a conhecida não divide o mesmo espaço que eu. A mulher reside as ruas movimentadas por quase inteiramente o dia, então não viu a necessidade de me acompanhar. Sinceramente, não me importa. A solidão não é algo novo, muito menos impossível de se compreender.

- Boa noite senhorita. Cuide-se! - Balbuciava Elis. - E sem dúvida, tudo aquilo que quer muito fazer, não faça. Vai terminar te prejudicando. - Revirei meus olhos, ao ensinamento. Fazendo uma cara de desaprovação evidente.

- Boa noite Elis. - Fechei a porta vitoriosa, retirando minhas peças de roupa, as largando desleixadas pelo caminho até o meu banheiro. Eu necessitava de um contado com a água, seja ela em qualquer temperatura.

A água corria pelas paredes de porcelana resistentes da banheira, enquanto atirei alguns sais que a deixava cada vez mais convidativa para qualquer um. Segurei meus fios em um coque só, mesmo que alguns insistissem em pular para fora. A água morna se atritou em minha pele macia, me fazendo evitar a entrada, já que estava bastante calorosa. Entretanto, com passar de minutos, aquilo era a coisas mais prazerosa que podia sentir. Busquei o notebook que estava ao meu lado, dirigindo a uma aba de músicas aleatórias, só em busca de complementar o momento.

Escutei o som da chuva se iniciar nas ruas bem feitas e planejadas. O tempo frio invadiu as janelas, me forçando a me submergir sobre a água morna. O meu cérebro finalmente teve sua aposentadoria diária, que tanto espero. O som das gotas eram fortes, e vi pelas frestas, os relâmpagos no céu.

Sabe quando está tudo escuro, e o medo te invade de forma incontrolável? E começamos a buscar tudo de assustador que já vimos em algum momento, e formular a aparição dos pensamentos? É exatamente isso que está acontecendo comigo. E caralho, eu não consigo parar.

Lembro-me dos sentimentos que rodearam minha cabeça enquanto discutia com o garoto que havia admitido que sentiria saudade, e que tanto me encantava. Nem eu mesma tenho noção do que realmente foi aquilo, tudo aquilo. Entreguei mais que minha alma ao Kaulitz mais novo, fiz questão de entregar meu corpo também, mesmo sem experiência antes.

Enfim, fiz passos apressados para fora do prédio que me acolheu durante um tempo. Lembro-me de trombar com os outros garotos da banda, que me encheram de perguntas, mas evitei respondê-las. Havia um carro, como esses que uso, na porta do lugar, esperando a minha entrada. E porra, foi uma longa viagem matante. O céu estava nublado. Nada de sol ou cor azulada, o cinza era o prevalente ali. As seis horas, tornaram-se seis segundos. De tanto que aquela situação revirou minha cabeça.

Fui deixada junto as minhas malas, na frente da casa que costumava viver com meu pai. Bati na porta algumas vezes, e cheguei até a dar chutes. Mas, nada era respondido para mim. Previsível, o velho está bêbado, e longe de casa. Sentei-me em um dos degraus da faixada. Segundos depois, a garoa começou, e a chuva se atirou sobre mim, e sobre as minhas coisas. Meu choro patético de água salgada se misturou com a água doce da chuva.

Por isso, um dos meus climas favoritos, tornou-se, um pavor.

- Ah, vai para casa do caralho. - Dou leves arrepios, tentando me livrar do sentimento ruim. No entanto, não deu certo. - Puta que pariu. - Digo, ao escutar monsoon tocar.

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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora