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REBECCA MARQUÊS

A marcha aos dias atuais não foram as mais cristalinas, não há surpresa, os quadros comprovam esse resultado. A cada letra que por si, me palestraram a autenticação do real, me obraram a rearticular meu itinerário.

Em meados de mil novecentos e oitenta e  ano em que nasci, Sophie Catherine Marquês, minha mãe, estava em uma evidente jornada abusiva com Rafael, caso que nunca se alterou. Entre seus dias, o cansaço da conjuntura lhe era massante, um fardo pesado para se carregar. Em uma de suas noites trabalhando em uma boate de luxo de sua cidade Natal, se sociou com Benito, um dos filhos do governador da cidade.

As poucas palavras tornaram-se diálogos longos, nos quais prenderam a atenção da estadunidense. Que aos poucos, escorregava entre os encantos do loiro. Os flertes eram singelos, ao menos era assim que as cartas anunciavam. Relembrou seu antigo presente onde não existia relação benigna com Rafael. Raivosa com tudo aquilo, se entregou inteiramente aos braços do outro, provando de um real amor, aquele em que não a machucasse.

Poucos meses depois, descobriu que a interação foi realmente forte, e que estava grávida. A notícia a abalou, havia acabado de engravidar do homem que traiu seu namorado, em que vivia um relacionamento abusivo. Passou por sua cabeça se livrar de tudo aquilo, mas já se afetava com o ser que habitava o seu ventre. A única solução era: Mentir para Rafael ao máximo que pudesse. E nunca, em hipótese alguma, falar o ocorrido a Benito.

Bom, no fim, Rafael nunca foi o meu pai biológico. Confesso que me senti enganada, e no fundo, satisfeita.

Os meses passaram-se vagarosamente, a gravidez não foi bem aceita pelo falso pai, que agia ignorantemente com a mulher, que se culpava a cada dia. Para se livrar do sentimento que ainda sentia pelo rapaz, Sophie sugeriu mudar-se ao Brasil, e assim se fez. O bebê nasceu, as beiras da capital do Rio de Janeiro. Não vou contar minha traumatizante infância, estão fartos de saber disso, o importante é ressaltar que a relação dos dois estava às minguas, que só intensificaram os problemas psicológicos da estrangeira.

Em uma das discussões, foi revelado, meu pai sabera que sua filha Rebecca, nunca realmente teria esse título. Estava possesso pelo ódio, a fúria lhe batia a porta. Louco, sua solução foi extrema, voltou com a mulher e eu aos Estados Unidos, e com o país facilmente armamentista desaportunou a oportunidade do meu verdadeiro pai a viver. Nada era necessário além de uma arma, e uma motivação.

Para que o fato não fosse revelado, internou Sophie no lar de recuperação mais próximo, um pouco depois da falha tentativa de a assassinar também. Assim, fugiu com sua falsa filha para a Alemanha. Falsificando e omitindo quais quer tipo de informação ou documento da suposta morta.

- Me conte, está sentindo falta de algo ultimamente? Ou algo que lhe incomoda? - Sugeria a ruiva atrás da mesa, com mais um daquelas típicas anotações que fazia ao fim das sessões.

- As coisas estão diferentes, mas não ao ponto de que eu possa sentir algum tipo de vazio ou algo assim. - Respondi, enquanto cruzava minhas pernas, era um momento chato e continuo.

- E sobre a morte dos seus pais? Como está lidando com isso? Muito difícil? Sente algo a mais? - Toda a mídia, teria que se contentar com a meia verdade. Para eles, meu suposto pai, havia se suicídado pelas bebidas, e não ao temer que seu crime fosse exposto, e que minha mãe foi vítima de um enorme erro médico, que a deu um falso óbito.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora