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REBECCA MARQUÊS

Eu poderia tranquilamente estar trabalhando na empresa, mas não. Eu literalmente acompanharia o Bill em toda a minha carga-horária trabalhista. Talvez com o tempo, eu terminasse me acostumando com sua presença indesejada. Eu poderia ignorá-la ou algo assim, mas além dele, vieram três asnos que não me deixam em paz e que só falam merda.

- Aí eu tava lá né, do nada veio três garotas que eu tinha ficado na semana passada. Cara, eu juro que eu fiquei sem jeito. - Eles riam de forma escandalosa, eu os observava por trás do notebook. - No final eu fiquei com todas elas novamente. - Não eram contáveis a quantidade de vezes que eu revirei meus olhos, eles não tem outro assunto não?

- Menina do computador, você não quer nada? - Gustav desfocava-se do assunto dito por Tom, levando sua atenção a mim. Haviam mais dois garotos além de Tom e Bill, eu não os conhecia pessoalmente. Mas, pelo básico que sei da banda, sou consciente ao menos de seus nomes.

- Eu quero paz, mas vocês não calam a boca. - Dando de ombros, eles me olharam estranho sobre a minha resposta. - O que foi? Esperavam o que? Que eu pedisse um autógrafo? - Três deles me olhavam com dúvida, mesmo sem que eu entendesse o motivo da reação. O único que não parecia incrédulo era Bill.

- Calma, só estamos preocupados com você. Não fala, não come... Só fica no notebook digitando. - O quase loiro se aproximava de mim, eu o olhei de cima para baixo. Não por afronta, ele ainda não tinha me feito nada. Só estive curiosa, eles não se vestiam de forma diferente como os outros.

- Fui contratada para isso, não necessito da atenção de vocês. - Guiando-se a sala onde estavam, o garoto parou de se aproximar de mim.

- Gosto da sua personalidade raivosa gatinha. - Mas que moleque insistente, será que esse projeto de homem não entendo que eu não gosto dessa porra.

- Será que vai ser necessário que eu lhe dê outro fora Tom? Não está saturado de minhas negações? - Grossa, vi o garoto se avermelhar, vergonha certamente. Era novo para eles o mais desejado do grupo, estar sendo dispensado.

- Não gosta de nós? Fizemos alguma brincadeira idiota com algo que você defende? - Georg colocou-se em uma posição de curiosidade. Eu não poderia só fazer meu trabalho e ir embora? - Se esse foi um caso me desculpe, não quero que alguém linda como você fique com raiva de mim. - Respirei tão profundamente, que o barulho foi escutado por todos eles. Levantei-me e em passos rápidos eu já estava dentro do banheiro.

Me olhando espelho, eu tentava diversas vezes exercícios de respiração, ou até mesmo técnicas espirituais. Tudo isso por que eu estava a um fio de falar um monte de merda e realidades em seus rostos e ir embora. Mas, aquilo estava longe de ser uma alternativa. Eu precisava do emprego, tudo isso por um sonho. Não havia tempo para pensamentos, haviam mais de quarenta e-mails para que eu respondesse.

Durante o caminho, escuto uma fala baixa, quase um sussurro. Por um ângulo do corredor, lugar onde os garotos não podiam me ver. Percebi que Bill estava dando um sermão neles, o olhavam concentrados e levemente assustados também.

- Não perceberam que ela não dá espaço para isso? - Apontando para meu lugar de trabalho, eles concordavam com o alto. - Claro que perceberam, então por favor. Façam o mínimo e não tirem esse tipo de brincadeira com ela. - Agora suas mãos estavam a cabeça, estava chateado com eles por suas reações a minha presença. - Tom por favor, acalme seus ânimos. Nem todas as garotas são amantes de seus flertes, sabe como ela reagi a isso no colégio, e percebemos que isso faz parte de sua personalidade. - Tom o olhava de cima a baixo, provavelmente desaprovando sua fala. - Enfim, só fiquem quietos nos seus cantos, e a deixam trabalhar. - Sentando-se desleixado novamente, pude sentir todos os olhos sendo voltados a mim, quando eu aparecia novamente.

...

Eu já estava acabando de finalizar meu último e-mail, seria liberada depois disso. Dentre uns quarenta minutos eu teria que estar na aula de teatro. Meu dedo apertava cada tecla rapidamente, tudo isso para não haver um atraso.

Assim que a última linha foi escrita e o projeto enviado, recolhi todas as minhas coisas e segui para porta. Os meninos haviam sumido, mas especificamente; Gustav; Georg e Tom. Que alguns minutos depois da bronca de Bill, disseram que iriam sair. Bill continuava na casa, mas em algum lugar que eu não estava interresada em saber. Procurei a chave por alguns minutos, mas ela parecia ter sumido. Não tinha mais ninguém além de mim ali, quer dizer, eu e Bill. Chamei seu nome algumas vezes, mas continuei sem respostas. Por um tempo, cogitei a possível brincadeira de mal gosto comigo.

Entrei novamente no corredor, era ali que ficava o banheiro e o quarto dos garotos, a maioria das portas estavam fechadas, e cada uma tinha uma decoração, deixando claro seus donos. Confesso que estranhei a de Tom, por que tanta pornografia em uma porta? As outras tinham decorações diversas, que eu não fiz questão de realmente olhar. Mas, uma delas estava aberta, não entrei mas pude ver que Bill estava deitado em sua cama, como se tivesse sem dormir a dias.

- Acorda aí Kaulitz! - Ainda fora do espaço, o chamava em um tom suficiente para acordá-lo. - Acorda Kaulitz! - Dessa vez mais alto, mas essa pedra parecia ter tomado um sonífero.

Em passos rápidos, entrei no espaço. Mesmo evitando fazer aquilo, não gosto que invadam o meu quarto, e eu não seria hipócrita de fazer o mesmo e me agradar. Consegui ter uma visão clara do mais alto, agarrava um travesseiro entre as pernas, enquanto sua respiração fazia um leve barulho.

- Porra, acorda aí Kaulitz. - Mesmo que ele estivesse cansado, eu não estava me lixando com seu sono. Acordou assustado, olhou-me de cima para baixo. Compreendo, ainda sou uma figura recente em seu subconsciente. - Eu preciso da chave para sair. - Com a mão no peito, pela adrenalina. Ele se levantava, ainda tonto.

Pediu desculpa pela falta de responsabilidade, ele deveria ter me entregado a chave. Mas, eu nem o respondi, murmurei um tudo bem de forma sonora. Eu só tinha que chegar no escola a tempo. Assim que a mesmo foi aberta, eu me retirei automaticamente do local, mas novamente Bill Kaulitz me chamou.

- Não vou tomar seu tempo, não se preocupe. - Ele sabia que eu estava agoniada para ir embora, já que não havia minuto que eu não olhasse o relógio. - Eu queria pedir desculpas pelos meninos, eles são idiotas. - Olhando para os lados, pude notar sua agoniação durante a desculpa.

- Eu repugno isso que seus amigos fizeram, mas nada é surpreendente. - Dei de ombros, enquanto ele me encarava sério. - Vou tentar meio que esquecer por agora. Mas, eu exigo meu espaço, então peça que eles parem de fazer coisas assim, pelo menos comigo. - Gesticulando seu rosto, ele parecia sério. - Até amanhã Kaulitz.

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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora