04⁰

339 43 4
                                    

BILL KAULITZ

Vi os cabelos da garota balançarem de acordo com o movimentar dos ventos, que na verdade, eram quase escassos. Confesso que sua silhueta tornou-se mais destacada ainda, com as mechas claras que agora, faziam parte do seu cabelo.


Tom não deu uma explicação prolongada sobre sua vinda. Disse-me em poucas palavras que ela viria aqui, nada mais que isso. O sentimento calejado que carrego, foi chacoalhado pelo meu subconsciente, que as vezes, toma a culpa do acontecimento que tivemos.

As risadas eram altas, e de leve, eu escutava os motivos. Contavam um para os outros, momentos vivenciados sem suas presenças. Eu ainda me confortava em minha cama, que dessa vez era a maior. Minha mente já havia formulado um plano, que admito infantil, onde eu não sairia das quatro paredes do meu quarto, até a garoto ir embora.

- Bill estou precisando de você. - Com sua voz estridente, e em momentos, irritante, Tom jogou labaredas de fogo em meu plano mental, o fazendo carbonizar.

- O que quer? - Pensei nas possibilidades que poderia me fazer desviar desse caminho onde meu gêmeo me colocara, mas não parece ter sido algo bem sucedido.

- É algo sobre a banda. - Respondia ele, quase em um tom reclamoso. - Quer que eu resolva sozinho, pelo que eu entendo como certo, ou você vem? - Capturei antigos pensamentos meus, assistindo novamente as ideias mirabolantes e sugestões peculiares de Tom. Sinto-me forçado pela ética, quebrando meu planejamento.

A pressão que foi colocado sobre nós era terrível. Mesmo que já houvessemos nos encontrado, isso não ocorreu na frente dos outros, não desde de a última vez. Não troquei palavras diretas com a brasileira, mas alguns olhares que carregavam algo eram emitidos por nós. No entanto, não durava muito, dois ou três segundos.

- Responda essas aqui, depois eu respondo essas. - Pedia Tom, com seus dedos apontados para o aparelho. - Posso ligar ou mandar mensagem para minha mãe nesse momento se quiser. O que quer? - Mesmo ausente anteriormente, acredito que sua fala seja a algum pedido da ondulada.

- Preciso que sua mãe pegue uns documentos importantes para mim, que estão na biblioteca central de onde morávamos. - A cara de estranheza foi involuntária, não só eu, como todos os outros repetirão a mesma expressão. - E os envie para mim é claro. - Continuava ela. - Vou mandar um cheque para ela, pelas despesas é óbvio.

- Por que tem documentos na biblioteca? - Questionava Gustav, ainda concentrado em seus passatempos.

- Segurança, só isso. - A garota estava comum ao responder, não demonstrando nada mais que interrese em resolver o que foi solicitado.

- Não que haja um problema em pedir isso a minha mãe, mas... Seu pai também não mora na Alemanha? - A observei com leves olhares laterais, em busca da aparência de desinteresse ao assunto.

- Mora, mas não posso contar com ele.  - Sua voz se colocou para fora já falha, a obrigando a repetir algumas das poucas palavras ditas.

A transparência dos determinados garotos eram duvidosas, e sem dúvida não se contentaram com a resposta superficial que dera. Eu ainda mantia a postura que nem sei realmente qual é, mas a deixei intacta. Tenho consciência de cada acontecimento na vida da ondulada, até o momento que estive ao seu lado por meses. Sendo eles os piores, simplesmente horrorosos, capazes de fazer os pelos do braço eriçarem de incompreensão. Mas, alguns bons, mesmo que poucos.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora