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REBECCA MARQUÊS

A cada dia que passa, comprovo a teoria de que eu não fui feito para estudar. A única coisa que me anima, é saber que minhas notas são melhores do que as daquele ancéfalo, digo, Tom. Eu não estava ali, quer dizer, eu estava. Mas, só o meu corpo, minha real atenção estava voltada ao meu cabelo, que não modelou da forma que eu queria.

- Eu vou enfiar isso na sua goela. - Rebecca segurava uma pequena bola de papel, que a alguns segundos atingiu sua cabeça.

- Já assim? São oito da manhã. - Comento, a fazendo irritar.

- Tem hora para esses idiotas me irritarem? - A garota folheava seu caderno tão escuro quanto a minha sombra de olhos tão rapidamente que poderia arrancá-las.

- Vai participar da aula no ginásio? Estou pensando seriamente. - Confesso a ela.

- Não posso, matei as últimas cinco aulas dele. - Ela tinha uma feição insatisfeita e indignada ao mesmo tempo. Coisa que ela sempre faz, acho que estou me acostumando. - Já tenho má fama, se eu não aparecer novamente, prevejo os boatos sujos que surgiram sobre mim. - Mesmo sendo ridiculamente triste, ela estava correta.

Assim que terminou de concluir sua fala, podemos notar a entrada do nosso professor. Que diferente de nós, tinha um sorriso imenso, e estava extremamente animado.

- Eu só fico nesse estado de felicidade quando encontro dinheiro na rua. - Ri com o comentário de Rebecca, que estava debochando dele.

- Já parou para prestar atenção no tanto que ele é calvo? - Digo, enquanto a acastanhada comprovava a situação dita.

- Porra, será que vende algum remédio para solucionar isso? - Disse ela. - Parece duas avenidas, misericórdia. - Não conseguimos manter a postura, ela falou de forma tão ingênua e verdadeira.

- Do que os dois estão rindo? - Os olhos azuis do loiro, nos fitaram de cima a baixo, desaprovando o que fizemos. - Nunca aparecem na aula, e me atrapalham quando participam? Talvez eu tenha que suspender vocês. - O sorriso se foi junto ao seu cabelo. Todos olhavam para nós, foi um sermão e tanto. - Venham para cá, iremos jogar um pouco de futebol sul americano.

Pensei em Rebecca assim que ele disse o modelo do esporte, ela nunca havia diretamente me dito que era brasileira. Mas, antes de entrar no colégio, foi dita por alguns.

-  Vamos separar equipes, digo, times. - Aquilo foi prolongado por alguns tediosos minutos, fui colocado no time oposto de Rebecca. E por má sorte, Tom não estava aqui para trocarmos de lugar. Fazíamos isso as vezes... Vantagens de ser gêmeos.

Era algo realmente cansativo, por isso evito praticar esportes desse tipo. Nasci para cantar, não correr atrás de uma esfera preta e branca. Eu juro, que eu tentava acertar o gol, mas falhava em todas as minhas tentativas. A ondulada fez alguns gols pela sua equipe. Mas de cinco em cinco minutos, contava uma mentira comum, e cumpria algumas pausas. Queria ser esperto como ela, em todos os sentidos.

A única vez que consegui causar atrito entre a bola e a rede do gol, foi marcando um gol contra. Meu time era composto maioritariamente por garotos, que em segundos, vieram tirar satisfações diante minha ação inconsequente.

- PORRA, você não faz nada direito. - Senti as mãos pesadas de Brady me impulsionarem para trás, ele estava extremamente raivoso.  - Alguém me explica por que colocaram esse moleque na equipe? - Nesse momento, a situação já estava generalizada.

- Eu disse que não sei jogar isso. - Me afasto do garoto que insistia em aproximar-se de mim.

- Não sei por que caralhos você continua aqui. - Brady estava claramente indignado. Seu tom de pele estava alcançando o vermelho de seus cabelos. - Ninguém gosta de você além do idiota do seu irmão. Tudo que você faz é ridículo, e ainda faz a porra de um gol contra? Nem isso você sabe fazer corretamente? - Tudo bem, eu estava acostumado em receber julgamentos por diversas coisas relacionadas a mim. Mas isso doeu.

- Silêncio galera, o babaca vai falar alguma merda. - A voz de Rebecca foi escutada, junto a algumas palmas de deboche. - Vai Brady, mostra o valentão que você é. - Agora visível, a garota se colocou em minha frente. Olhando fundo os olhos do ruivo.

- Defendendo o Kaulitz novamente? Não sabia que ele preferia as putas latinas. - Um silêncio constrangedor se instalou na extensa quadra. De trás, foi possível ver a garota fechando seus punhos novamente. Assim como a alguns dias atrás, quando ela terminou socando a cara do barman.

- Isso é o que faz quando perde os argumentos Brady? Começa a criar mentiras para sair como superior? - Senti seus olhos me assassinarem quando me expressei. Esse cara é louco. - Peço que retire suas palavras desrespeitosas referentes a ela, pois tenho certeza que são equivocadas. - Eu não tive apreensão em falar a verdade. Ninguém deveria ter. - Bom, sobre ela eu tenho certeza. Mas, ressaltando uns boatos da sua mãe anos atrás... - Agora ele estava completamente vermelho, e não por arrogância, e sim por vergonha.

- Chega, minha aula não é lugar de discussões de jovens idiotas. - Ele afastou todos nós, enquanto reclamava conosco. - Ótimo para vocês três, estão suspensos. - O único que parecia se preocupar com isso foi Brady. Eu não estava preocupado com isso, e Rebecca agradecia pelo descanso.

...

Decidi acompanhar a garota até o local que mudariamos de rota. Não nos permitiram assistir o final das aulas, e passaram bons tempos questionando nossa atitude. Talvez aquilo fosse uma curiosidade com segundas intenções, mas o que importa? Não temos nada.

- Eu não era estrondosamente amada no outro colégio. Mas porra, essas pessoas me odeiam. - A garota ria de sua própria desgraça, o que aliviava a situação.

- Ninguém nunca gostou de mim, independente de qualquer colégio que eu estude. Melhorou nesses últimos anos, mas piorou também. É uma relação de amor e ódio por mim. - Realmente fui sincero, era isso que eu achava do que viva no lugar.

- Pelo menos somos odiados juntos. Péssimo ia ser se eu fosse odiada sozinha. - Confessa ela. - Eu estou vendo mais um lado bom, é uma história para contar. Não para filhos já que provavelmente eu não vou ter... Nem sobrinhos. Porra... Eu não tenho ninguém para contar. - Parando de andar, ela me olhava desacreditada.

- Você me conta. - Digo.

- Mas você já sabe, aí perde toda a adrenalina. - Diz chateada.

A companhia da estrangeira estava se tornando interessante para mim, era engraçado te-lá por perto. Ela fazia ser engraçado, e intenso.

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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora