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REBECCA MARQUÊS

A cada setor que passávamos, Bill selecionava milhares de produtos, os qualificando "Essenciais", bom, eles com certeza não eram. Quem precisa de três tipos de geleia de morango? Poucas vezes, pude sair com o garoto, com sua companhia somente. Não que isso seja algo negativo, não sobre como eu vejo isso, mas ele age de uma maneira bem mais inquieta e eufórica.

Estávamos dividindo o mesmo espaço a dois dias, que tornaram-se dez em sua presença, já que sua planilha de passeios, era colossal. Agora, ele estava concentrado na estante de vinhos importados, os graciando, soltando informações desconhecidas por mim, ainda mais, questionava qual seria meu besquisto.

- Essa embalagem é muito bonita, olha só cara! - Não era nada de múltiplo, haviam mais dez garrafas com a etiqueta semelhante. Ao meu ver, é claro. - Não é foda? - Segurou o motivo de sua pergunta, a frente do meu rosto, supondo o visto que afirmou.

- Acho que sim. - Como suas outras milhares de coisas, ele adicionou a bebida em nosso carrinho, como se em algum momento ela estava em nossa lista, que também é inexistente. - Por que vai levar isso? - Impedindo a continuidade da sua ação, Bill olhou-me confuso.

- Para bebermos Rebecca. Não é para isso que vinhos servem? - Me tira risadas sempre que junta suas mãos a cintura, pois sempre mantém uma postura desorganizada. Quando estava perdido em algo, sempre costuma fazer isso.

- Claro que sim. - Não era uma discussão, se é o que parece. São só nossas personalidades, se expondo. - Temos dezessete anos. Me diga como vamos explicar a eles que não temos idade, mas já bebemos, e que eles podem sim nos vender isso. Que somos dois estrangeiros, e na Alemanha é permitido beber com dezesseis, e no Brasil, com dezoito, mas todo mundo bebe antes. - Repeti sua pose debochada, vendo seus globos girarem insatisfeitos, como se aquilo fosse culpa minha, e não da lei.

- Esse país é cansativo as vezes. - Respondeu ele, levando a bebida, ao seu local original.

- Se uva é o que te interessa, levamos um suco natural, ou qualquer coisa gaseificada de uva. - Segurei seu ombro coberto, o chacoalhando de leve, zombando da realidade, mesmo que também sofresse por ela. Enquanto ele, observavá cada um dos movimentos feitos, surpreso pela audácia.

- O que aconteceu com as gravações? - Cessando com o passado, Bill trouxe um tópico ainda não explicado por mim, mesmo que seja extremamente relevante. - Elis surtou muito? - Perguntou ele, enquanto selecionava outras coisas fúteis.

- Foram paradas por esse período. Mas, eles estavam fazendo uma mudança nos roteiros, que já trariam uma pausa nas gravações, pela produção de cenário, essas coisas cansativas. - Isso foi tão benefíco. - Então, Elis não deu muitos piripaques, porque iriam parar de qualquer maneira. - Era meu primeiro trabalho sobre este nível, a preocupação é inevitável.

- As vezes eu passo horas imaginando o que as pessoas estão pensando sobre nós, e o que elas irão formular até a nossa entrevista seja feita. - Disse ele.

- Confesso que isso me deixa bem pensativa. Minha vida foi anônima em sua maioria do tempo, principalmente sobre este assunto. Agora, nem consigo contar quantas pessoas sabem disso. - A cada passo, um sentimento era exposto, sem que eu possa controlá-los. - Mas não é como se nos importassemos. Tem uns dez paparazzis nos fotografando, desde que chegamos, mas mesmo assim não fomos embora. - Uma risada sincera foi gerada por suas talentosas cordas vocais, enquanto víamos todos eles através do vidro maciço.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.Onde histórias criam vida. Descubra agora