REBECCA MARQUÊS
Os produtores e roteirista debatiam suas ideias, ignorando a presença da maioria dos artista que estavam no set, inclusive eu. Aproveito esses momentos raros da maneira mais benéfica possível. De certa forma, Elis me obriga a isso, a não colocar certas coisas fúteis como prioridade.
Confesso que isso me irrita em alguns momentos. Nossas personalidades se chocam, e isso revira minha cabeça. Somos como peças de quebra-cabeças, onde as iguais, de forma nenhuma se encaixam.
No entanto, as vezes fujo dos seus olhares, que parecem me perseguir. Pego atalhos de forma sorrateira. E com experiência, acredito que não me encontrara tão facilmente assim.
Sentei-me em uma das diversas e numerosas cadeiras que haviam no refeitório, onde não costumo estar, justamente pelas refeições industrializadas que distribuem. O aparelho em minhas mãos vibrava como nunca. As ligações que recebe são contínuas, querendo tratar de assuntos tediantes e massantes, que obviamente ignoro.
- Elis está louca te procurando, já a vi descer as escadas umas dez ou onze vezes. - Uma voz rígida, porém aguda, foi ditada em meus ouvidos que estavam conectados ao som do aparelho, me fazendo perder a concentração.
- Eu sei que ela está, não se preocupe. - O rangido da cadeira que ele encontrou para se reencostar, esteve em um alto volume. Isso o fez largar a possibilidade e focar em outra alternativa, ao meu lado.
- Eu posso sentar, não é? - Seu questionamento tolo, fez-me soltar murmuros indelicados. De uns dias para cá, minha paciência está mais reduzida que nunca. - Por que é assim?
- Como assim Culkin? Assim como? - Posicionei o aparelho sobre a mesa, enquanto observava o garoto rir devagar, como se me incurralase com uma pergunta óbvia.
- Assim, controlando-se para não xingar toda a equipe masculina por deslizes, sendo pequenos ou grandes. - Esse sentimento femista não havia sumido, mas se colocado em outros espaços mais relevantes nos últimos meses. Entretanto, pareceu ressurgir novamente. De forma diferente é claro, mas ainda assim de novo.
- Isso não lhe convém Rory. - Respondo ao rapaz. - Mas, se a curiosidade é intensa, posso lhe dizer que o motivo é uma merda, então não se importe. - Culkin era meu parceiro de cena, o par amoroso da minha personagem. O rapaz era uma boa pessoa, mas tinha hábitos irritantes.
Meu celular vibrar mais uma vez, utilizei o fato para bem próprio admito ao fugir do assunto. O que mais queria era realmente aproveitar o tempo afastada da rotina intensa de produções, e a presença do garoto diminuía essa chance.
A farsa se tornou convicta, minha atenção não era caluniosa. Meu coração se apertava ao ler aquelas frases assassinas, sem ao menos poder evitá-las.
"Sophie Catherine Marquês, alta; olhos acastanhados; pela branca e antepassados desconhecidos. Depressão severa, sem chance de recuperação. Familiares e amigos, paciente em caso grave e peculiar. "
Novamente mensagens vieram me assombrar, como um conto de dormir. E nesse caso, um mostro que tem pausas para me caçar. Vi a importância do mundo ser irrelevante para mim, realçando esse o único motivo que me move. Relembrei toda a história horrenda dos processos ao chegar nesse resultado. Concluindo, me perdi.
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𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻.
FanfictionA carioca não foi presenteada com a sorte da família perfeita. Perguntava-se se ao menos poderia chamar aquilo de família. Explorando seu mar de azar, a garota é despedida do seu serviço, e se encontra obrigada, a encontrar outro. Só não imaginava q...