A UCHIHA FILHA DA MINHA EMPREGADA

Desconfiando de Todos

A vontade de ligar para Sarada era corrosiva, sem ela ali ele se sentia pior do que uma casca vazia, mas ao que tudo indicava a morena estava com Sumire e ambas precisavam de paz. Talvez estivessem até ofendendo ele, mas tudo bem, o loiro cogitou. Melhor ainda, Sasuke poderia naquele instante estar contando para Sarada sobre sua família se já tivesse saído do hospital. Fosse lá oque estivesse ocorrendo com a morena, Bolt não poderia se envolver, tudo havia sido calculado por Jigen para isso.

O loiro então tentou dormir, mas sem sucesso porque o sono não veio por toda noite. Oque ele decidiu foi então subir para o estúdio fotográfico e passar a madrugada revelando fotos, em sua grande maioria com imagens de Sarada, enquanto cantava músicas que vinham em sua consciência. Depois de passar horas fazendo aquilo, ele decidiu buscar outra garrafa e continuar o processo de revelação, as vezes derrubando algumas lágrimas silenciosas, que ninguém via ou escutava. A tristeza de Bolt era silenciosa, como veneno corroendo seu organismo, e o total oposto de sua ira que poderia ser vista de longe.

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Sarada sonhou com muitas coisas, com recordações. A morena viu em seus sonhos uma época nublada quando era uma criancinha acamada. As cobertas quentes, o suor na testa, a completa sensação de mal estar que transformava movimentos simples em grandes desafios, a impossibilidade de ao menos engolir com a garganta ardendo, e Sasuke com Sakura observando tudo próximos da cama com grande apressão enquanto conversavam nervosos, jovens que não tinham as respostas necessárias. Na gaveta rosa ao lado da cama estava uma caixinha de musica aberta tocando uma linda sinfonia sobre sonhos e a vida, que não ajudavam Sarada em nada.

- ...Tá doendo... Doendo demais - A garotinha de cinco anos chorou baixinho com as mãos apertando o pequeno estomago abaixo das cobertas.

- Filhinha você vai se levantar logo... Tá bem - Sakura, que também havia derrubado lagrimas e secará o rosto com uma mão, se abaixou ao lado da cama da Sarada - Olha pra mamãe - Ela pediu, e a moreninha obedeceu com pequenos olhos fracos, quase fechados, que normalmente eram duas grandes pérolas negras curiosas e brilhantes - Eu sei que o seu corpinho tá doendo mas isso vai acabar e... Dai você vai poder tomar quantos sorvetes quiser e... Brincar até tarde com o Boruto... Eu te prometo... - Ela passou uma mão na testa da criança com febre que suava frio.

- Mas já... Já faz semanas... Doí demais... Como faz pra parar ?... - A garotinha olhou para Sasuke e continuou falando lentamente com voz baixa  - Papai faz parar... É como se eu tivesse comido algo muito quente... Quente demais... Papai eu fiz isso ? Comi doce que não podia ? Eu fui má ? Não faço mais... - Ela finalizou sussurrando antes de fechar completamente os olhinhos, caindo novamente em um sonho de fraqueza.

Depois disso, Sasuke não encontrou mais estabilidade para continuar no quarto, por isso saiu dali e se escorou na parede do lado de fora onde Sarada não poderia vê-lo, e passou as mãos no rosto se contendo para não chorar também, ele não podia, um pai não devia chorar, ele deveria encontrar alguma forma de deixar sua família bem, tinha que ser o mais forte entre os três, mas além de pai ele também era jovem perto de seus vinte anos, ouvindo a semanas sua filhinha estava sofrendo.

Com passos decididos, Mikoto se aproximou pelo corredor escuro, em seu elegante macacão de seda. Fugaku estava logo atrás da esposa que segurava uma bandeja com uma xícara de chá e alguns panos, tudo provavelmente para Sarada. Sasuke assim que viu os pais se arrumou ereto e respirou fundo, já percebendo o evidente olhar de desaprovação no rosto de seu pai. Do lado de dentro do quarto, Sarada conseguiria ouvir um pouco da conversa que se iniciaria a seguir.

- Oque pensa que tá fazendo - Fugaku questionou.

- Eu to precisando respirar um pouco... Pelo amor de Deus, eu só to precisando... De ar e de um pouco de tempo pra pensar - Sasuke respondeu já sabendo que teria de lidar com uma discussão cansativa.