Entre A Paz E O Perigo [M]

Capítulo 25

Mavi❤️‍🔥

Olho pro bolo bem decorado na minha frente, um topo bem feito com algumas fotos minhas e a frase parabéns Mavi. Olho pra minha tia super animada com a situação, os olhos cheios de expectativa na minha direção.

Sim, meu aniversário chegou e infelizmente não estou ao lado do restante da família. Sinto falta dos meus pais, dos meus amigos e por mais que eu tenha tentado ainda sinto falta dele.

Sonhei muitas vezes com nós dois, a primeira semana foi horrível. Eu acordava pensando que ele estaria ao meu lado como esteve aquele dia, mas quando acordava a decepção me tomava por inteira.

— Vivi, muda essa carinha — sorri olhando pra ela, era a única que me chamava assim.

— tô tentando, mas a saudade machuca, tia — passei meu cabelo pra trás me inclinando para apagar a vela.

— sei que não está como queria, mas eu tentei ao máximo...

— não, tia — me senti culpada por não dar tanta importância ao esforço que fez por mim — tá tudo bem, são muitas coisas que vinham acontecendo em casa, mas tá tudo certo.

Desvio meu olhar do seu, que me fita com atenção, para o meu celular. Muitas mensagens chegando e muitas felicitações com certeza.

Eu não deveria, mas esperava ansiosamente que uma dessas mensagens partisse dele. Durante esse tempo ele não ligou, não mandou mensagem e eu também não procurei saber, queria realmente que esse sentimento sumisse.

Mas não sumiu.

E agora eu espero todos os dias desde que cheguei ansiosamente por uma migalha que seja dele. Um pingo de atenção da sua parte.
Confesso que quem escolheu estar aqui fui eu, mas não era isso que eu espera dele naquela noite.

Queria que ele tivesse olhado nos meus olhos e me pedido pra ficar, o que realmente é loucura já que ele só me conhecia a alguns dias. Enquanto eu conhecia ele desde quando os sonhos começaram.

— Vivi — olho pra ela que está olhando pro meu celular — seu pai tá ligando, não vai atender ?

Olho o visor um pouco receosa sobre o que fazer, digamos que ele foi uma das pessoas que reprovou minha vinda pra casa da tia Irene, mas se ficássemos por muito tempo juntos eu poderia sair de casa sem pensar duas vezes e isso seria muito pior.

— pai ? — atendo o telefone ouvindo apenas sua respiração pesada do outro lado.

— e aí, princesinha — meu coração se aperta ao ouvir sua voz me chamando assim, como sempre me chamou quando era menor — pai tá longe, mas nunca esquece de tu não — e era o que faltava pros meus olhos começarem a arder.

— eu sei.

— qual foi dessa voz de choro ? Pai te ama, Maria. Tu foi a melhor coisa que me aconteceu, do jeitinho que eu pedi com o gênio da tua mãe — um sorriso fraco cresceu nos meus lábios e as lágrimas se formavam e escorregavam pelo meu rosto.

— também te amo, pai.

— vai voltar nunca mais ? Tô com saudade de brigar contigo já.

— então eu nem volto — saiu mais rápido do que pensei e no mesmo segundo eu me calei.

— tô ligado que tu viajou pra ficar longe de briga — não deveriam, mas suas palavras me atingiram como se eu tivesse magoado ele.

— eu vou voltar, mas não agora.

Eu queria voltar, mas não me sentia pronta e eu sabia que voltar agora seria como jogar fora todo o tempo que me esforcei pra estar longe dele, pra não brigar com meu pai e causar uma briga maior entre ele e minha mãe.

......

Depois de mais alguns minutos com meu pai no celular, falando umas quinze vezes sobre voltar para o rio, encerramos a chamada e voltei minha atenção para tia Irene.

Ela já havia cortado o bolo e estava atenta ao noticiário, sua expressão entregava que não era nada bom o que ouvia na tv.

— credo, que cara é essa ? — perguntei notando que seu semblante não cedeu.

Peguei o prato com a fatia que ela deixou pra mim em cima da bancada e me juntei a ela pra ver as notícias. Mas quando vi a legenda sobre o que acontecia na televisão foi como se meu corpo tivesse paralisado.

Minha respiração parecia faltar, meu coração palpitava quase parando e meus olhos não queriam acreditar, estavam inundados. E como um sussurro li a reportagem pra mim mesma mais uma vez " envolvido com facção criminosa e comandante do tráfico da Rocinha, Vicenzo Viturino é morto em confronto"