Capítulo 45

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Mavi❤️‍🔥

Ri sem humor enquanto levantava do colo dele. Eu sabia ! Uma hora ou outra eu ia me decepcionar, afinal trinta e cinco anos curtindo essa vida. Só na minha cabeça ingênua que ele largaria isso por uma menina como eu, porque é assim que ele me vê.

— Maria...— me virei de costas segurando as lágrimas, odeio chorar por tudo, que inferno.

— nem fala nada, só sai daqui — apontei pra varanda ainda de costas pra ele — confiei em você, queria acreditar em tudo que disse pro meu pai.

— eu tenho papo de homem pô, tirando bandido pra moleque por causa de um bagulho que nem sei do que se trata.

— mas eu vi, Viturino — me virei pra ele com raiva, apontando pra mim mesma — a foto que ela te mandou, a porra da homenagem como ela diz — ele franziu a sobrancelha e cruzou os braços me olhando — eu tava lá, foi no dia que coloquei meu piercing e eu queria acreditar que não era tu, mas eu fui pra sua casa e vi as mensagens, as fotos — já conseguia sentir as lágrimas no meu rosto e eu tava com ódio porque odiava chorar e sempre que tava assim eu chorava.

— eu vim atrás de tu, querendo resolver um bagulho que eu criei, mas eu vim...vai criar caso por causa dela ? Eu bloqueei a Rebecca no mesmo dia dessa mensagem que tu tá falando, não tive e não quero contato com ela, porra — ele se aproximou de mim e mesmo eu relutando contra todos os meus sentimentos sobre me afastar e evitar quebrar meu coração eu permaneci parada — pequena, te machucar é um bagulho que não faz parte do que eu quero pra gente, tu entende ? — ele falava baixinho e bem próximo de mim, sentia meus pelinhos todos eriçados pelo arrepio que ele me causava me deixando molinha.

— então por que ela tá atrás de você ? — ergui a cabeça fitando seus olhos.

— eu também não sei qual a dela, mas tô indo lá pra saber — neguei maneando a cabeça, ele ainda iria lá pra saber. Soltei uma risada irônica e me afastei.

— vai, pode ir — ele me olhou parecendo confuso e acompanhou meus passos pelo quarto com os olhos — se tu acha correto saber o que ela precisa mesmo quando ela te manda foto da buceta dela, então tu tá certinho.

Fui até o closet do quarto e separei uma roupa pra ir até a sorveteira da dona Glória, preciso espairecer um pouco. E com o ódio que eu tava da cara dele era capaz de acabar com tudo e piorar a situação. Só sei que as lágrimas continuavam a cair pelo meu rosto e quando sai do closet pra ir ao banheiro ele ainda estava lá, observando cada movimento meu.

— vai, Viturino, tá esperando o que ? — ele desviou o olhar pras peças de roupa na minha mão e voltou a olhar meu rosto.

— vai pra onde ?

— pra onde não é da tua conta, se adianta — ele confirmou e veio caminhando até mim.

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e olhou pra mim, uns vinte centímetros menor que ele e depositou um selinho em meus lábios e outro em minha testa.

— minha marrentinha, pô — me desvencilhei do seu toque e fui até o banheiro.

......

— não acredito que ele foi ver a mocréia, eu enfiava um garfo nas pernas do Victor, queria ver ele sair — ela deu uma colherada no pote enorme do açaí que pediu e resmungou de boca cheia se deliciando.

— nem eu acredito...tô com tanto ódio — senti meus olhos encherem novamente — olha, da até vontade de chorar — ouvi sua risada e olhei séria pra ela.

— amiga, desculpa...mas chorar não dá né, toda vez é isso e eu acho a maior graça, eu com raiva prefiro matar alguém — passei o dedo pelos olhos evitando que as lágrimas caíssem.

— ele é um idiota, veio me ver e ficou uns quinze minutos, aquela porra tocou e ele simplesmente foi embora, mas eu vou continuar como antes, vou ignorar mesmo.

— Rebecca é mais uma dessas vagabundas querendo patrocínio, amiga...não troca o lance de vocês por besteira, eu sei que é difícil confiar porque a vida que eles levam tem mulher pra caralho, mas fica de olho aberto, nem muito surtada e nem muito sonsa tbm né — ela fez uma careta passando a mão pela barriga — ele chuta quase destruindo minha coluna, Deus me defenda.

— o bebê da tia tá fazendo festa — passei a mão pela barriga dela sentindo um chutão na lateral da barriga — to tentando ser madura, tentado relevar mas é difícil sabe...ele é vivido sabe mais da vida do que eu sonho em saber.

— teu celular aí — ela apontou com a cabeça pra mesa e então percebi que tava vibrando, tirei a mão da barriga dela e pequei o aparelho nas mãos vendo o nome do meu pai se destacar.

tu tava certa — não tive tempo de atender, só de ouvir sua fala acompanhada de uma respiração ofegante — ele é filho do Marques e pior, tá pagando recompensa cara pra quem encontrar o menino.

Me levantei da mesa sentindo o olhar da Morena sobre mim, fui até a saída e olhei pra um lado e outro vendo se tinha alguém, mas aparentemente estava tranquilo e apenas os dois que faziam minha contenção do outro lado.

— pai, a gente não pode entregar o Luiz pra ele...eu não tenho dúvidas de que ele agride a mulher dele.

— eu também não quero, Maria, mas porra...se alguém souber que o moleque tá aqui vai virar uma guerra do caralho.

— pai, me ouve...eu vou atrás da mulher dele, vou conversar com ela e...

— não, não inventa porra, tu não vai se envolver nisso, o cara tá louco pra invadir a Rocinha e já já vai saber que tu é fiel do Viturino.

— talvez não mais — ouvi ele murmurar um "como é?", mas ignorei — pai, confia em mim, eu vou dar um jeito nessa história.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora